Bíblia em Contos

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O Inverno da Alma e a Fé no Salmo 13 (98 caracteres)

**O Longo Inverno da Alma: Uma Jornada de Fé no Salmo 13**

Era uma vez, em um pequeno vilarejo nos montes de Judá, um homem chamado Eliabe. Ele não era um rei, nem um profeta, mas um simples oleiro que moldava vasos com as próprias mãos, entregando-os ao forno com a mesma confiança com que entregava sua vida a Deus. No entanto, havia chegado um tempo em que o barro de sua alma parecia rachar, e o fogo da provação queima mais forte do que o das fornalhas.

Por longas semanas, Eliabe sentiu o peso de um silêncio que ecoava em seu peito como um vale deserto. “**Até quando, Senhor?**” ele murmurava todas as manhãs, enquanto o sol nascia, indiferente à sua angústia. “**Até quando te esquecerás de mim para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto?**” (Salmos 13:1).

As noites eram ainda piores. Deitado em seu leito de palha, ele revirava-se enquanto perguntas cortantes dançavam em sua mente como espinhos. Seus inimigos—homens que zombavam de sua fé, dizendo: “Onde está o seu Deus agora?”—pareciam triunfar. Até seus amigos mais próximos começavam a sussurrar que talvez Eliabe tivesse caído em desgraça diante do Senhor.

Mas Eliabe não abandonou o costume que aprendera com seus pais: mesmo quando as palavras faltavam, ele abria os lábios e derramava sua alma como oferta. Um dia, enquanto trabalhava no barro, suas mãos trêmulas amassavam a argila com força, e as lágrimas caíam sobre a massa cinzenta. Foi então que, em meio ao turbilhão, uma verdade antiga ressoou em seu coração como um chamado distante:

“**Mas eu confio na tua misericórdia; o meu coração se regozija na tua salvação. Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem.**” (Salmos 13:5-6).

Eliabe parou. O barro em suas mãos ainda estava úmido, maleável—assim como seu coração, agora tocado pela lembrança das promessas de Deus. Ele se ajoelhou ali mesmo, entre os cacos e a poeira, e começou a cantar. Não uma canção de vitória, mas de esperança no meio da escuridão.

Dias depois, algo mudou. Não foi um milagre espetacular—não houve trovões nem ouro caindo do céu—mas uma paz que, gota a gota, começou a preencher os vazios de sua alma. Seus inimigos não desapareceram, mas já não o atormentavam como antes. O silêncio de Deus, que antes parecia um abismo, agora se tornara um espaço sagrado onde Eliabe aprendera a ouvir não com os ouvidos, mas com a fé.

E então, como o sol que rompe após uma tempestade, veio o entendimento: Deus não o havia abandonado. O inverno da alma de Eliabe fora necessário para que ele aprendesse a confiar não nos sentimentos, mas na fidelidade dAquele que nunca falha.

Quando o próximo vaso saiu do forno, Eliabe notou algo diferente: pequenas veias douradas brilhavam na cerâmica, resultado das lágrimas que se misturaram ao barro. Era uma lembrança visível de que até a dor, nas mãos do Oleiro Maior, podia se transformar em beleza.

E assim, o homem que um dia clamou “**Até quando?**” agora ensinava aos seus filhos: “**O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.**” (Salmos 30:5). E toda vez que a dúvida batia à sua porta, ele respondia com a mesma certeza que aprendera no vale:

“**Eu cantarei ao Senhor, porque Ele tem sido bom para mim.**”

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