**Zaqueu, o Homem Pequeno de Grande Coração**

Na movimentada cidade de Jericó, onde o sol escaldante do deserto batia sobre as ruas poeirentas e o comércio fervilhava, vivia um homem chamado Zaqueu. Ele não era um homem qualquer—era o chefe dos cobradores de impostos, um homem rico, mas também alguém que carregava o peso do desprezo do povo. Os judeus o viam como um traidor, pois trabalhava para os odiados romanos, enriquecendo às custas de seus próprios irmãos.

Zaqueu, porém, não era alto de estatura. Na verdade, era um homem baixinho, e essa característica física muitas vezes o fazia passar despercebido ou, pior, ser alvo de gozações. Mas naquele dia, algo dentro dele o impulsionava a ver Jesus, o Mestre de quem todos falavam. As ruas estavam repletas de pessoas ansiosas para ver o profeta que curava enfermos, expulsava demônios e falava com autoridade como ninguém antes.

Sabendo que não conseguiria enxergar por causa da multidão e de sua baixa estatura, Zaqueu teve uma ideia. Correu adiante do caminho por onde Jesus passaria e subiu em uma árvore sicômoro, cujos galhos largos e folhas densas ofereciam um esconderijo perfeito. Ali, ele se acomodou, esperando apenas observar o Rabi de longe.

O que ele não esperava era que Jesus, ao chegar àquele ponto, parasse justamente debaixo da árvore, olhasse para cima e dissesse:

— **Zaqueu, desce depressa, pois hoje preciso ficar em tua casa.**

O coração de Zaqueu disparou. Como Jesus sabia seu nome? Por que justamente ele, um pecador público, havia sido escolhido para receber o Mestre? Sem hesitar, desceu rapidamente, quase tropeçando em sua própria ansiedade, e recebeu Jesus com alegria.

A multidão, porém, não ficou satisfeita. Murmuravam entre si:

— **Ele se hospedou na casa de um pecador!**

Mas dentro daquela casa, algo transformador acontecia. Enquanto Jesus compartilhava a mesa com Zaqueu, o coração do cobrador de impostos se quebrantou. Ele se levantou e, com voz firme, declarou:

— **Senhor, eis que dou aos pobres metade dos meus bens; e, se defraudei alguém, restituo quatro vezes mais.**

Jesus, com um sorriso de profunda satisfação, olhou para ele e disse:

— **Hoje veio salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.**

Naquele momento, Zaqueu não era mais apenas um homem rico e rejeitado—era um filho restaurado, um pecador perdido que havia sido encontrado. Sua vida nunca mais seria a mesma.

E assim, na poeirenta Jericó, entre murmúrios de reprovação e a graça irresistível de Jesus, um homem pequeno em estatura tornou-se gigante no reino de Deus.