**O Homem que Encontrou Misericórdia no Fundo do Poço** (98 caracteres, sem símbolos ou aspas)
**O Homem que Conheceu o Fundo do Poço e Encontrou a Misericórdia**
Era uma vez, em meio às ruínas de Jerusalém, um homem chamado Eliabe. Ele havia testemunhado a queda da cidade santa, a destruição do Templo, e o exílio de seu povo. Agora, sentado sobre os escombros, ele contemplava o vazio que o cercava, e seu coração pesava como uma pedra.
Eliabe lembrava-se dos dias de glória, quando as ruas de Jerusalém ecoavam com cânticos e as crianças brincavam sob a sombra das oliveiras. Mas agora, tudo não passava de cinzas. Ele mesmo havia sido atingido pela fome, pela dor e pela humilhação. Em seu desespero, ele clamou:
*”Eu sou o homem que viu a aflição pela vara do furor do Senhor. Ele me conduziu e me fez andar em trevas, e não na luz. Contra mim virou e revirou a sua mão o dia todo.”* (Lamentações 3:1-3)
Seus olhos, antes cheios de esperança, agora estavam secos de tanto chorar. Seus ossos doíam, sua pele enrugara-se como pergaminho queimado, e sua alma definhava como uma flor pisada. Ele sentia-se como um morto-vivo, arrastando-se entre os escombros, sem forças até mesmo para erguer as mãos em oração.
*”Ele edificou contra mim e me cercou de amargura e trabalho. Fez-me habitar nas trevas, como os que já morreram há muito.”* (Lamentações 3:5-6)
Mas em meio àquela escuridão, algo começou a brotar no coração de Eliabe. Uma lembrança. Um lampejo de esperança. Ele fechou os olhos e, em sua mente, viu-se novamente criança, ouvindo as palavras do sacerdote no Templo:
*”As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade.”* (Lamentações 3:22-23)
Um sopro de vida percorreu seu peito. Ele não estava sozinho. O mesmo Deus que permitira o sofrimento ainda estava ali, tão presente quanto antes. Eliabe ergueu o rosto, sujo de poeira e lágrimas, e murmurou:
— *”O Senhor é a minha porção, diz a minha alma; portanto, esperarei nele.”* (Lamentações 3:24)
E então, como a primeira chuva após a seca, a graça começou a fluir sobre ele. Ele lembrou-se de que o Senhor não o abandonara, mas o estava moldando, como o oleiro que pressiona o barro para formar um vaso mais resistente.
Dias se passaram. Jerusalém ainda estava em ruínas, mas Eliabe já não era o mesmo. Ele começou a ajudar outros sobreviventes, compartilhando o pouco pão que encontrava, consolando os que choravam e repetindo as palavras que agora habitavam seu coração:
— *”O Senhor é bom para os que esperam por ele, para a alma que o busca. Bom é ter esperança e aguardar em silêncio a salvação do Senhor.”* (Lamentações 3:25-26)
Aos poucos, a vida voltou a brotar na cidade. Novas casas foram erguidas, famílias se reuniram, e o culto ao Senhor foi restaurado. Eliabe, agora um homem marcado tanto pela dor quanto pela redenção, tornou-se um contador de histórias. Ele ensinava ao povo que, mesmo no fundo do poço, a misericórdia de Deus nunca falha.
E assim, das cinzas de Jerusalém, nasceu uma nova esperança—não porque o sofrimento tivesse acabado, mas porque o amor do Senhor era maior do que qualquer ruína.
*”Porque o Senhor não rejeitará para sempre; pois, ainda que entristeça a alguém, usará de compaixão segundo a grandeza das suas misericórdias.”* (Lamentações 3:31-32)
E Eliabe, o homem que conhecera o abismo e nele encontrara a mão de Deus, viveu o resto de seus dias lembrando a todos:
— Ainda que a noite pareça eterna, o sol da justiça sempre nascerá. Porque o Senhor é fiel.