Bíblia em Contos

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A Despedida e a Promessa do Consolador (96 caracteres)

**A Despedida e a Promessa do Consolador**

No crepúsculo daquela noite, sob um céu tingido de tons púrpura e dourado, Jesus e Seus discípulos caminhavam em direção ao Jardim do Getsêmani. O ar estava carregado de uma solenidade incomum, como se o próprio tempo estivesse suspenso entre a despedida e a promessa. Os corações dos discípulos pesavam, pois algo na voz do Mestre lhes dizia que a hora d’Ele se aproximava.

Sentando-se em meio às oliveiras antigas, cujos galhos pareciam sussurrar segredos ao vento, Jesus olhou profundamente para cada um deles. Seus olhos, cheios de amor e autoridade, refletiam tanto a dor iminente quanto a esperança eterna.

— “Tudo isto vos tenho dito para que não vos escandalizeis”, começou Ele, Sua voz suave, mas firme. — “Eles vos expulsarão das sinagogas; ainda mais, vem a hora em que qualquer que vos matar julgará prestar um serviço a Deus.”

Tiago, o menor, apertou as mãos em ansiedade, enquanto Pedro cerrou os punhos, sua mente fervilhando com a indignação de quem jurara seguir o Mestre até a morte. Mas Jesus, percebendo a turbulência em seus corações, continuou:

— “Mas digo-vos a verdade: que vos convém que Eu vá; porque, se Eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se Eu for, vo-Lo enviarei.”

O termo “Consolador” ecoou entre eles como uma melodia desconhecida. Filipe inclinou-se para frente, seus olhos buscando compreensão.

— “Mestre, quem é esse Consolador?”

Jesus sorriu, não com alegria passageira, mas com a certeza de quem conhece os desígnios eternos do Pai.

— “Quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Do pecado, porque não crêem em Mim; da justiça, porque vou para o Pai e não Me vereis mais; e do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.”

As palavras eram como fogo que queimava sem consumir, iluminando verdades que ainda não podiam ser plenamente compreendidas. Tomé, sempre o questionador, franziu a testa.

— “Senhor, como poderemos entender tudo isso se ainda não sabemos para onde vais?”

Jesus colocou Sua mão sobre o ombro de Tomé, Seu toque transmitindo paz.

— “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. O Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece; mas vós O conheceis, porque habita convosco e estará em vós.”

João, o discípulo amado, sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Havia algo naquelas palavras que transcendia o momento presente—uma promessa que se estenderia além daquela noite, além da cruz, além do túmulo vazio.

— “Não vos deixarei órfãos”, continuou Jesus, Sua voz agora carregada de emoção. — “Voltarei para vós. Ainda um pouco, e o mundo não Me verá mais, mas vós Me vereis; porque Eu vivo, e vós vivereis.”

Aos poucos, como a neblina que se dissipa ao nascer do sol, a angústia nos corações dos discípulos começou a ceder lugar a uma paz inexplicável. Jesus, vendo que ainda estavam tristes, concluiu:

— “Estas coisas vos tenho dito para que em Mim tenhais paz. No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; Eu venci o mundo.”

E assim, sob a luz prateada da lua que agora surgia, os discípulos começaram a entender que aquela não era uma despedida comum. Era o prelúdio de uma nova era—a era do Espírito, que os guiaria a toda a verdade, os confortaria em suas dores e os transformaria em testemunhas poderosas do amor de Cristo.

E quando Jesus se levantou para seguir adiante, rumo ao Getsêmani e ao destino que O aguardava, nenhum deles poderia imaginar quão gloriosa seria a manifestação daquela promessa. Mas uma coisa sabiam: o Mestre não os abandonaria. Ele estaria com eles—sempre.

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