**A Promessa Cumprida: O Nascimento de Isaque**

O sol começava a se erguer sobre as vastas terras de Canaã, tingindo o horizonte com tons dourados e avermelhados. O ar fresco da manhã trazia consigo o cheiro da terra molhada pelo orvalho, enquanto os pássaros entoavam seus cânticos, como se celebrassem algo extraordinário. Naquele dia, após décadas de espera, de promessas e de provações, a tenda de Abraão e Sara foi preenchida com um choro que ecoou como a mais doce das melodias: o choro de um filho.

Isaque, cujo nome significava “riso”, havia nascido.

Sara, agora com noventa anos, segurou o pequeno em seus braços, seus dedos enrugados acariciando suavemente o rosto do bebê. Lágrimas escorriam por seu rosto, não apenas de alegria, mas de um profundo reconhecimento da fidelidade de Deus. Ela lembrava-se daquele dia, anos atrás, quando os três visitantes celestiais anunciaram que ela, já avançada em idade, daria à luz um filho. Na época, ela riu dentro de si, incrédula. Agora, porém, seu riso não era de dúvida, mas de êxtase, de gratidão.

Abraão, com o coração transbordando, ajoelhou-se diante do Senhor. “Tu és o Deus que vê, o Deus que cumpre as Suas promessas”, murmurou, suas mãos tremendo de emoção. Ele olhou para o filho, aquele que seria o herdeiro da aliança, o elo da promessa que se estenderia por gerações. A circuncisão de Isaque no oitavo dia foi um momento solene, um sinal visível do pacto entre Deus e a descendência de Abraão.

**A Festa do Desmame**

Os anos passaram, e Isaque crescia forte e saudável, sob os cuidados amorosos de Sara e a orientação piedosa de Abraão. Quando o menino foi desmamado, Abraão organizou uma grande festa, reunindo servos, pastores e amigos para celebrar. A alegria era palpável: música, danças e banquetes encheram o acampamento. No entanto, em meio às risadas e canções, os olhos de Sara pousaram em um cenário que lhe trouxe um frio ao coração.

Ismael, o filho que Abraão tivera com Hagar, a serva egípcia, estava ali, agora um adolescente robusto. E, segundo o relato das servas, ele zombava de Isaque. Sara não suportou a cena. Com firmeza, ela se aproximou de Abraão.

“Expulsa esta serva e seu filho”, disse ela, sua voz baixa, mas determinada. “O filho desta escrava não herdará com Isaque, o filho da promessa.”

Abraão ficou angustiado. Ismael era seu sangue, sua carne. Como poderia despedi-lo? Mas naquela noite, Deus falou ao patriarca: “Não te pareça isso duro por causa do moço e por causa da tua serva; em tudo o que Sara te disser, ouve a sua voz, porque em Isaque será chamada a tua descendência.”

Com o coração pesado, mas obediente, Abraão levantou-se ao amanhecer, deu a Hagar um odre de água e um pouco de pão, e a despediu.

**Hagar e Ismael no Deserto**

Hagar vagou pelo deserto de Berseba, o calor implacável do sol queimando sua pele. Quando a água acabou, ela deixou Ismael sob uma pequena sombra de arbusto e afastou-se, pois não suportava ver o filho morrer de sede. Seu choro ecoou pelo deserto, até que um anjo de Deus a chamou.

“Não temas, Hagar”, disse a voz celestial. “Deus ouviu a voz do jovem. Levanta-te, toma-o pela mão, porque dele farei uma grande nação.”

Então, Deus abriu seus olhos, e ela viu um poço de água. Encheu o odre e deu de beber a Ismael. O menino reviveu, e cresceu no deserto, tornando-se um hábil arqueiro. Mais tarde, ele se casou com uma mulher egípcia, e Deus cumpriu Sua palavra, fazendo dele o pai de uma grande nação.

**A Aliança em Berseba**

Enquanto isso, Abraão continuava a viver em Canaã, e sua fé era fortalecida a cada dia pela presença de Isaque. Em Berseba, ele fez um pacto com Abimeleque, rei dos filisteus, após uma disputa por um poço de água. Ali, plantou uma tamargueira e invocou o nome do Senhor, o Deus Eterno.

E assim, a história de Isaque, o filho da promessa, começava a se desenrolar, mostrando ao mundo que o Deus de Abraão é fiel, mesmo quando tudo parece impossível. A promessa havia sido cumprida, mas uma jornada ainda maior estava por vir.