**O Salmo 44: A História da Fé Inabalável de um Povo**

Era uma vez, em um tempo distante, quando as tribos de Israel ainda caminhavam sob a promessa do Senhor, um período de grande provação se abateu sobre o povo. Os inimigos se levantavam de todos os lados, e as vitórias que antes eram certas agora pareciam distantes. Em meio àquela angústia, os fiéis se lembraram das palavras do Salmo 44 e clamaram ao Deus de seus pais.

### **A Lembrança das Maravilhas do Passado**

Os anciãos se reuniam à noite, à luz de lamparinas de azeite, e contavam aos mais jovens como o Senhor havia agido no passado.

—”Nossos pais nos narraram as obras poderosas que realizaste em seus dias, nos tempos antigos”, dizia o velho Eliabe, sua voz rouca pela idade, mas cheia de fervor.

Ele descrevia como Deus, com Sua própria mão, havia expulsado nações ímpias da Terra Prometida. Como abrira o Mar Vermelho, fazendo o povo passar a pé enxuto, enquanto os carros de guerra do Faraó eram tragados pelas águas.

—”Não foi pela espada deles que conquistaram a terra, nem foi seu braço que lhes deu a vitória”, continuava Eliabe, erguendo as mãos trêmulas. —”Foi a Tua destra, o Teu braço poderoso e a luz do Teu rosto, porque os amavas!”

Os jovens ouviam, maravilhados, mas também perplexos. Se Deus havia sido tão fiel no passado, por que agora permitia que fossem humilhados?

### **O Lamento do Presente**

O rei daquele tempo, um homem temente a Deus, mas profundamente angustiado, subiu ao monte onde ficava o tabernáculo. Ele se prostrou diante da Arca da Aliança e derramou sua alma em oração.

—”Mas agora nos rejeitaste e nos cobriste de vergonha, e já não sais com os nossos exércitos”, clamou. —”Fizeste-nos recuar diante do inimigo, e os que nos odeiam nos saquearam à vontade. Entregaste-nos como ovelhas para o abate e nos dispersaste entre as nações.”

As palavras do rei ecoavam a dor de todo o povo. Os campos outrora férteis agora estavam queimados. As cidades fortificadas, tomadas. Mulheres e crianças choravam nas ruínas, enquanto os soldados, antes corajosos, agora se escondiam nas cavernas, envergonhados.

### **A Provação da Fé**

Em meio ao sofrimento, porém, havia um remanescente que não se curvava à idolatria nem abandonava o Senhor. Entre eles estava uma jovem chamada Débora, cujo nome significava “abelha”, pois, assim como o inseto laborioso, ela não cessava de buscar a Deus em oração.

—”Pai,” perguntou ela certa noite a Eliabe, —”se Deus nos ama, por que permite que soframos tanto?”

O velho sábio a olhou com ternura.

—”Filha, o Senhor não nos prometeu que o caminho seria fácil, mas que nunca nos abandonaria. Mesmo que nos matem o dia todo, somos considerados como ovelhas para o matadouro. Mas em tudo isso somos mais que vencedores por meio dAquele que nos amou.”

Débora entendeu, então, que a fé não dependia das circunstâncias, mas da certeza de que Deus era fiel, mesmo quando o Seu agir parecia oculto.

### **O Clamor e a Esperança**

O rei, inspirado pelo Espírito, compôs um cântico de súplica e confiança:

—”Desperta, Senhor! Por que dormes? Acorda! Não nos rejeites para sempre. Levanta-Te e vem ajudar-nos! Resgata-nos por Tua misericórdia!”

E então, quando tudo parecia perdido, o milagre aconteceu.

Uma noite, enquanto os inimigos celebravam sua vitória com vinho e cantos profanos, um vento forte começou a soprar. Nuvens negras cobriram a lua, e um temor inexplicável caiu sobre o acampamento adversário.

—”O Deus de Israel está lutando por eles!” gritou um soldado aterrorizado.

E, antes que pudessem reagir, a confusão se instalou entre as tropas inimigas. Espadas foram erguidas contra companheiros, cavalos se descontrolaram, e o pânico se espalhou como fogo.

Ao amanhecer, quando os israelitas saíram de seus esconderijos, encontraram o acampamento adversário em ruínas. Nenhum homem permanecia em pé. O Senhor havia lutado por Seu povo.

### **A Vitória da Fé**

O rei reuniu o povo e declarou:

—”Em Deus faremos proezas, pois Ele é quem calca aos pés os nossos adversários!”

E assim, o Salmo 44, que começara como um lamento, transformou-se em um hino de vitória. Porque mesmo quando o silêncio de Deus parece insuportável, Ele está trabalhando. E aqueles que confiam nEle, ainda que sejam provados, jamais serão esquecidos.

**”Por Ti somos mortos o dia todo; somos considerados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por meio dAquele que nos amou.”**

E o povo de Israel aprendeu, mais uma vez, que o Senhor nunca abandona os que nEle esperam.