**A Machadinha que Flutuou: A Fé e o Poder de Eliseu**
Num dia ensolarado, próximo às margens do rio Jordão, um grupo de profetas discípulos de Eliseu trabalhava diligentemente. Eles haviam decidido ampliar o local onde se reuniam, pois o espaço já não comportava todos os que desejavam ouvir os ensinamentos sagrados. A madeira era escassa naquela região, e por isso, os homens haviam se deslocado até as margens do rio para cortar árvores.
Entre eles estava um jovem cheio de fervor, mas de poucos recursos. Ele havia pedido emprestada uma machadinha de ferro de um amigo, pois não tinha condições de adquirir uma. Enquanto trabalhava, suando sob o sol forte, o jovem golpeava com força um tronco robusto. De repente, a lâmina soltou-se do cabo e caiu com um pluft nas águas turbulentas do Jordão.
“Ah, não!” gritou o jovem, desesperado. Ele sabia que a ferramenta não era sua e que seu dono a havia emprestado por bondade. Naquela época, uma machadinha de ferro era um objeto valioso, quase um tesouro para um homem simples. O jovem ficou tão perturbado que correu até Eliseu, que observava o trabalho de longe.
“Meu senhor!”, exclamou, com a voz trêmula. “Eu a peguei emprestada! O que farei agora?”
Eliseu, homem de profunda compaixão e fé, olhou para o jovem e depois para o rio. Sem hesitar, perguntou: “Onde caiu?” O rapaz apontou para o local exato onde a machadinha havia desaparecido nas águas barrentas.
Eliseu então pegou um pedaço de madeira e o lançou na água, no mesmo lugar. Imediatamente, as águas se agitaram, e, para espanto de todos, a machadinha começou a flutuar, como se fosse levitada por uma mão invisível.
“Pegue-a”, ordenou Eliseu calmamente.
O jovem, com os olhos arregalados, estendeu a mão e agarrou a machadinha, aliviado e maravilhado. Aquele milagre não era apenas sobre a recuperação de um objeto perdido, mas uma demonstração do cuidado de Deus até mesmo pelas pequenas necessidades de Seus servos.
**O Exército Invisível de Deus**
Enquanto isso, o rei da Síria, Ben-Hadade, tramava guerra contra Israel. Ele reunia seus oficiais e planejava emboscadas em lugares secretos, mas, misteriosamente, os israelitas sempre escapavam. Furioso, o rei suspeitou de traição entre seus homens.
“Quem entre vocês está servindo ao rei de Israel?”, rugiu.
Um de seus servos, porém, respondeu: “Ninguém, ó rei. É Eliseu, o profeta que está em Israel, que revela até mesmo as palavras que o senhor sussurra em seu quarto.”
Ben-Hadade, então, decidiu capturar Eliseu. Soube que o profeta estava em Dotã e enviou um grande exército, com cavalos e carros de guerra, para cercar a cidade durante a noite.
Ao amanhecer, o servo de Eliseu saiu para buscar água e viu, horrorizado, que a cidade estava completamente rodeada por tropas sírias. Ele correu para dentro, gritando: “Ai, meu senhor! O que faremos?”
Eliseu, porém, permaneceu calmo. “Não temas”, disse, “porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles.”
O servo olhou novamente para o exército inimigo, confuso. Como poderia ser? Eles estavam em desvantagem numérica e cercados!
Então Eliseu orou: “Senhor, peço-te que lhe abras os olhos para que veja.”
Num instante, o céu se abriu aos olhos do servo, e ele viu as montanhas repletas de cavalos e carros de fogo, um exército celestial pronto para defender o profeta. O poder de Deus era infinitamente maior do que qualquer ameaça humana.
**A Cegueira que Trouxe Sabedoria**
Enquanto os sírios avançavam, Eliseu orou novamente: “Fere estes homens de cegueira.” E Deus os cegou, não fisicamente, mas em sua percepção, fazendo com que não reconhecessem Eliseu.
O profeta então saiu ao encontro deles e disse: “Este não é o caminho, nem esta é a cidade. Sigam-me, e eu os levarei ao homem que procuram.”
Os soldados, confusos, seguiram Eliseu até Samaria, a capital de Israel. Quando chegaram, o profeta orou novamente: “Senhor, abre-lhes os olhos.” E imediatamente, a visão deles se normalizou.
Ao se darem conta de que estavam no meio da cidade inimiga, cercados pelo exército de Israel, o terror tomou conta deles. O rei de Israel, vendo aquela oportunidade, perguntou a Eliseu: “Devo matá-los, meu pai?”
Mas Eliseu respondeu com sabedoria: “Não os mates. Dá-lhes pão e água, e deixa que voltem para seu senhor.”
O rei obedeceu e preparou um grande banquete para os sírios. Após comerem e beberem, foram libertos. Aquele ato de misericórdia teve um efeito profundo: as incursões sírias cessaram por um tempo, pois viram que o Deus de Israel não apenas protegia Seu povo, mas também agia com graça.
**Conclusão**
Assim, através de Eliseu, Deus mostrou Seu poder de maneiras extraordinárias—desde o milagre da machadinha flutuante, que revelou Seu cuidado pelos detalhes da vida de Seus servos, até a proteção sobrenatural contra um exército inteiro. A história nos ensina que, quando confiamos no Senhor, Ele abre nossos olhos para vermos Sua provisão e age de formas que vão além da nossa compreensão humana.
“Porque os que estão conosco são mais do que os que estão com eles.” (2 Reis 6:16)