Bíblia em Contos

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A Videira Verdadeira: Amor e Permanência em Cristo

**A Videira e os Ramos: Uma História de Amor e Permanência**

Era uma tarde tranquila em Jerusalém, com o sol dourado derramando seus últimos raios sobre os montes da Judeia. Jesus e seus discípulos haviam saído do cenáculo, onde compartilharam a última ceia, e agora caminhavam em direção ao Monte das Oliveiras. O ar estava fresco, carregado do aroma das videiras que cresciam nas encostas próximas. Era tempo da Páscoa, e a cidade fervilhava de peregrinos, mas naquele momento, apenas o som suave do vento entre as folhas das parreiras quebrava o silêncio.

Jesus parou diante de uma videira frondosa, seus galhos carregados de cachos de uvas quase maduras. Os discípulos se reuniram ao seu redor, curiosos, enquanto Ele estendia a mão e tocava delicadamente um dos ramos.

— Eu sou a videira verdadeira — declarou Jesus, Sua voz calma, mas cheia de autoridade. — E meu Pai é o agricultor.

Os olhos dos discípulos se fixaram nEle, tentando compreender a profundidade daquelas palavras. Tiago, sempre atento, observou os ramos entrelaçados, enquanto João, inclinando-se para frente, parecia querer guardar cada sílaba no coração.

— Todo ramo que está em Mim e não dá fruto, Ele corta — continuou Jesus, fazendo um gesto como quem poda um galho seco. — Mas todo aquele que dá fruto, Ele limpa, para que dê ainda mais fruto.

Pedro, impetuoso como sempre, franziu a testa.

— Mestre, como podemos dar mais frutos? O que devemos fazer?

Jesus sorriu, Seus olhos cheios de amor e paciência.

— Vocês já estão limpos por causa da palavra que lhes tenho falado — respondeu. — Mas permaneçam em Mim, e Eu permanecerei em vocês. Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em Mim.

Tomé, sempre questionador, cruzou os braços.

— E se alguém não permanecer em Ti?

O olhar de Jesus tornou-se solene.

— Se alguém não permanecer em Mim, será como o ramo que é jogado fora e seca. Tais ramos são recolhidos, lançados ao fogo e queimados.

Um silêncio pesado pairou sobre o grupo. A imagem era clara: sem Jesus, não havia vida. Sem Ele, não havia esperança.

Mas então, a voz do Mestre suavizou-se novamente, como um riacho que flui mansamente.

— Se vocês permanecerem em Mim, e as Minhas palavras permanecerem em vocês, peçam o que quiserem, e lhes será concedido. Meu Pai é glorificado quando vocês dão muito fruto; e assim serão Meus discípulos.

Filipe, que até então ouvira em silêncio, sentiu o coração aquecer.

— Mestre, como podemos conhecer melhor o Teu amor?

Jesus olhou para cada um deles, Seus olhos brilhando com uma luz celestial.

— Assim como o Pai Me amou, Eu também amei vocês. Permaneçam no Meu amor. Se obedecerem aos Meus mandamentos, permanecerão no Meu amor, assim como Eu tenho obedecido aos mandamentos do Meu Pai e permaneço no Seu amor.

João, comovido, sentiu lágrimas nos olhos.

— E qual é o Teu mandamento, Senhor?

— Este é o Meu mandamento: que vocês amem uns aos outros, assim como Eu os amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos. Vocês são Meus amigos, se fizerem o que Eu lhes ordeno.

Judas (não o Iscariotes) balançou a cabeça, maravilhado.

— Tu nos chamas de amigos… mas ainda há tanto que não entendemos.

Jesus colocou a mão no ombro dele.

— Eu não os chamo mais de servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Mas Eu os chamo de amigos, porque lhes dei a conhecer tudo o que ouvi de Meu Pai.

O vento soprou mais forte, agitando as folhas da videira. O céu começava a se tingir de púrpura, anunciando o crepúsculo.

— Vocês não Me escolheram, mas Eu os escolhi — continuou Jesus, Sua voz ecoando como uma promessa eterna. — Eu os designei para irem e darem fruto, fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em Meu nome.

E então, com um olhar que penetrava a alma de cada um, Ele concluiu:

— Este é o Meu mandamento: que vocês se amem uns aos outros.

Naquele instante, os discípulos sentiram uma paz profunda inundar seus corações. Ainda não compreendiam tudo, mas sabiam que estavam ligados a Jesus como ramos à videira. E enquanto a noite caía sobre Jerusalém, levaram consigo a certeza de que, enquanto permanecessem nEle, nada os separaria do amor dAquele que os escolhera antes da fundação do mundo.

E assim, sob a sombra da videira verdadeira, aprenderam que o maior fruto não era o sucesso, o poder ou a fama, mas o amor que se doa, que serve, que permanece. Porque sem Ele, nada poderiam fazer. Mas nEle, tudo era possível.

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