**A Fé que Toca o Coração de Jesus**

Na pequena cidade de Cafarnaum, o sol da tarde dourava as ruas de terra batida, enquanto um grupo de homens se apressava em direção à casa onde Jesus estava. Entre eles, destacava-se um centurião romano, vestido com sua armadura reluzente, mas com um olhar incomumente humilde. Seu nome não era mencionado com frequência entre os judeus, mas suas ações falavam mais alto que qualquer título.

Esse homem, um oficial do temido exército de Roma, era diferente. Ele amava o povo de Israel e, em um gesto incomum, havia construído uma sinagoga para os locais. Agora, porém, seu coração estava apertado. Um servo seu, muito querido, estava à beira da morte, sofrendo terrivelmente de uma doença cruel. Ouvira falar de Jesus, o profeta que curava com uma palavra, e decidiu buscar ajuda.

No entanto, sendo um romano, ele sabia que muitos judeus evitariam entrar em sua casa por questões de pureza ritual. Então, em vez de exigir a presença de Jesus, ele enviou alguns líderes judeus, homens respeitados, para intercederem por ele.

— *Mestre* — disseram eles ao se aproximarem de Jesus —, *o centurião é digno da tua ajuda, pois ele ama a nossa nação e nos deu uma sinagoga.*

Jesus, cujo coração sempre se comovia com a fé genuína, concordou em ir com eles. Mas, antes que chegassem à casa do oficial, outro grupo apareceu no caminho: amigos enviados pelo próprio centurião.

— *Senhor* — disseram, com urgência —, *o centurião mandou dizer: ‘Não te incomodes, pois não sou digno de que entres em minha casa. Por isso, nem me achei digno de ir ao teu encontro. Mas dize apenas uma palavra, e o meu servo será curado.’*

Jesus parou, e um silêncio reverente caiu sobre todos ao redor. Seus olhos brilharam com admiração. Aquela era uma fé como Ele nunca havia visto em Israel! Um homem que entendia o poder da autoridade, pois ele mesmo comandava soldados e sabia que uma ordem era suficiente para que algo fosse feito. Agora, ele confiava que a palavra de Jesus tinha o mesmo poder sobre a doença.

Virando-se para a multidão que o seguia, Jesus declarou:

— *Digo-vos que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé!*

E naquele mesmo instante, os mensageiros do centurião correram de volta para casa e encontraram o servo completamente curado, levantado, saudável, como se nunca tivesse estado doente.

**A Viúva de Naim e a Compaixão do Filho de Deus**

Pouco tempo depois, Jesus seguiu para uma cidade chamada Naim, acompanhado de seus discípulos e uma grande multidão. Ao se aproximarem dos portões da cidade, ouviram sons de lamento. Uma procissão fúnebre saía pelas portas: uma viúva, agora completamente sozinha no mundo, seguia o corpo do seu único filho, carregado em um esquife.

O coração de Jesus se compadeceu profundamente ao vê-la. A vida já havia sido cruel com aquela mulher. Primeiro, perdendo o marido, e agora, seu filho. Naquela sociedade, uma viúva sem filhos estava condenada à pobreza e ao abandono.

Sem hesitar, Jesus se aproximou e tocou no esquife. Os que o carregavam pararam, surpresos.

— *Não chores* — disse Ele, com uma voz que acalmava tempestades.

Então, olhando para o jovem sem vida, ordenou:

— *Jovem, eu te ordeno: levanta-te!*

Imediatamente, o morto sentou-se e começou a falar. O silêncio que se seguiu foi quebrado por gritos de espanto e depois por louvores a Deus. A multidão exclamava:

— *Um grande profeta se levantou entre nós! Deus visitou o seu povo!*

E a notícia desse milagre se espalhou por toda a Judeia e regiões vizinhas.

**A Pergunta de João Batista e a Resposta do Messias**

Enquanto isso, nas masmorras de Herodes, João Batista, o profeta que preparara o caminho para Jesus, ouvia relatos dos milagres que estavam acontecendo. Mas a escuridão da prisão começou a semear dúvidas em seu coração. Ele enviou dois de seus discípulos a Jesus com uma pergunta:

— *És tu aquele que havia de vir, ou devemos esperar outro?*

Quando os mensageiros chegaram, Jesus estava curando muitas pessoas de doenças, expulsando demônios e até dando vista aos cegos. Em vez de responder diretamente, Ele continuou a agir. Depois, olhando para os discípulos de João, disse:

— *Voltem e contem a João o que vocês viram e ouviram: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, e as boas novas são anunciadas aos pobres. E bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço.*

Era uma resposta clara. As profecias sobre o Messias estavam se cumprindo diante de seus olhos.

**A Mulher Pecadora e o Perdão que Transforma**

Naqueles dias, um fariseu chamado Simão convidou Jesus para jantar em sua casa. Enquanto estavam à mesa, uma mulher conhecida na cidade por sua vida de pecado soube que Jesus estava ali. Ela entrou, trazendo um frasco de alabastro com perfume caro.

Sem dizer uma palavra, ela se ajoelhou atrás de Jesus, chorando. Suas lágrimas caíam sobre seus pés, e ela as enxugava com seus próprios cabelos, beijando-os e derramando o perfume.

Simão, o fariseu, observava tudo com desdém.

— *Se este homem fosse realmente um profeta, saberia que tipo de mulher está tocando nele!* — pensou.

Mas Jesus, conhecendo seus pensamentos, olhou para ele e disse:

— *Simão, tenho algo a te dizer.*

— *Dize, Mestre* — respondeu o fariseu, surpreso.

— *Dois homens deviam certa quantia a um credor. Um devia quinhentos denários, e outro, cinquenta. Como nenhum dos dois tinha com que pagar, ele perdoou a dívida de ambos. Qual deles o amará mais?*

Simão respondeu com cautela:

— *Suponho que aquele a quem foi perdoado mais.*

— *Corretamente julgaste* — disse Jesus.

Então, apontando para a mulher, continuou:

— *Vês esta mulher? Quando entrei em tua casa, não me deste água para os pés, mas ela os regou com suas lágrimas e os enxugou com seus cabelos. Não me saudaste com um beijo, mas ela, desde que entrou, não parou de beijar meus pés. Não ungiste minha cabeça com óleo, mas ela derramou perfume caro em meus pés. Por isso, te digo: os muitos pecados dela foram perdoados, pois ela amou muito. Mas aquele a quem pouco é perdoado, pouco ama.*

Então, voltando-se para a mulher, declarou:

— *Teus pecados estão perdoados.*

Os outros convidados murmuravam entre si:

— *Quem é este que até perdoa pecados?*

Mas Jesus, ignorando seus sussurros, disse à mulher:

— *Tua fé te salvou. Vai em paz.*

E assim, mais uma vez, o amor e a fé tocaram o coração de Jesus, revelando que o Reino de Deus não era para os justos aos seus próprios olhos, mas para os que reconheciam sua necessidade dEle.