**O Julgamento e a Nova Criação**

Nos últimos dias, quando a terra se encurvaria sob o peso da iniquidade e os corações dos homens se endureceriam como pedra, o Senhor falou através do profeta Isaías, anunciando um tempo de separação entre os fiéis e os rebeldes. O céu era Sua morada, e a terra, o estrado de Seus pés. Que casa Lhe poderiam construir os homens? Que lugar seria digno de repousar o Seu nome? Pois o Altíssimo olhava para o humilde e contrito de espírito, aquele que tremia diante de Sua palavra.

Enquanto isso, Jerusalém, outrora cidade santa, agora se encharcava de sangue inocente. Sacrifícios vãos eram oferecidos por mãos manchadas de pecado. Os sacerdotes escolhiam seus próprios caminhos, deleitando-se em abominações. Matavam bois como se fossem justos, mas seus corações estavam longe do Senhor. Queimavam incenso, mas era como fumaça de maldição diante do Santo de Israel.

E o Senhor bradou:

— Ouvireis! Um estrondo virá do templo, a voz do Senhor que retribuirá com furor aos Seus inimigos! Como a mulher que dá à luz, Jerusalém gemerá antes de trazer à luz uma nova criação. Quem já ouviu tal coisa? Quem viu um povo nascer num só dia? Mas antes que a alegria viesse, a espada do juízo cortaria sem piedade.

Os que se santificavam em jardins secretos, seguindo um líder abominável, seriam consumidos pelo fogo que nunca se apaga. Seus cadáveres seriam vergonha perante todas as nações. Vermes se alimentariam deles, e o fogo não cessaria, pois eram um espetáculo horrendo para toda a humanidade.

Mas sobre os montes, um clarão surgiria. E eis que mensageiros velozes, como relâmpagos, atravessariam as terras, anunciando:

— Jerusalém está restaurada! O Senhor reina!

E das nações mais distantes, de Társis, de Pute e Lude, de Tubal e Javã, viriam irmãos e irmãs, trazidos em cavalos, em liteiras, em carros velozes, como oferta viva ao Senhor. Sacerdotes e levitas seriam escolhidos dentre eles, pois o Deus de Israel não fazia acepção de pessoas.

E quando os novos céus e a nova terra fossem estabelecidos, todos os povos se prostrariam diante do Eterno. Os que escapassem do juízo seriam enviados aos confins da terra, declarando a glória do Senhor. E onde antes havia ruína, brotaria vida. O lobo e o cordeiro pastariam juntos, e o pó seria o alimento da serpente, pois nada causaria dano no monte santo do Senhor.

E assim se cumpria a palavra:

— Como os novos céus e a nova terra que Eu faço permanecerão diante de Mim, assim permanecerá a vossa descendência e o vosso nome. Todos os meses e todos os sábados, toda carne virá adorar perante Mim — diz o Senhor.

E os que saíssem veriam os cadáveres dos rebeldes, pois seu verme não morreria, e seu fogo não se apagaria. Eles seriam um espetáculo de horror para toda a humanidade, lembrando que o Senhor é fogo consumidor, juiz justo e redentor misericordioso.

Assim terminavam as palavras de Isaías, ecoando através dos séculos, até que tudo se cumprisse.