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A Água da Rocha: Prova no Deserto de Zim (49 caracteres)

**A Água da Rocha: A Prova no Deserto de Zim**

O sol escaldante do deserto de Zim incidia sobre o acampamento de Israel, transformando a areia em um forno ardente. A comunidade dos filhos de Israel, após longas jornadas desde o Egito, agora se encontrava em um lugar árido, sem água para saciar a sede do povo, dos animais ou para purificar a poeira que cobria seus rostos cansados. O murmúrio começou como um sussurro, mas logo se tornou um clamor que ecoava por todas as tendas.

—”Por que nos trouxestes a este lugar desolado? Será que foi para morrermos de sede, nós e nossos rebanhos?” —gritava um homem de barba grisalha, erguendo os punhos para o céu.

—”Antes tivéssemos perecido com nossos irmãos diante do Senhor! Era melhor termos ficado no Egito, onde pelo menos tínhamos água para beber!” —uma mulher, com os lábios rachados pela sede, chorava enquanto abraçava uma criança desfalecida.

A agitação crescia, e logo uma multidão se reuniu diante da tenda de Moisés e Arão, exigindo uma solução. Os dois irmãos, líderes escolhidos por Deus, trocaram olhares preocupados. Moisés, agora com os cabelos brancos pela idade e pelas provações, sentiu o peso da responsabilidade sobre seus ombros mais uma vez. Ele sabia que o povo não estava apenas reclamando contra ele, mas contra o próprio Deus.

—”O que faremos?” —perguntou Arão, sua voz um tanto trêmula.

Moisés respirou fundo e inclinou a cabeça em oração silenciosa. Então, ergueu-se e, com Arão, dirigiu-se para a entrada do Tabernáculo, onde a glória do Senhor apareceu em uma nuvem resplandecente. A voz de Deus ecoou como o trovão:

—”Toma a vara, Moisés, e reúne o povo. Tu e teu irmão Arão falareis à rocha perante os seus olhos, e ela dará a sua água. Assim, farás sair água da rocha para lhes dares de beber, a eles e ao seu gado.”

Moisés pegou a vara sagrada, a mesma que outrora se transformara em serpente diante de Faraó, e partiu em direção a uma grande rocha que se erguia no meio do acampamento. O povo, vendo-o aproximar-se com a vara na mão, começou a murmurar ainda mais.

—”Será que ele vai nos ferir como fez antes?” —perguntou alguém na multidão.

O coração de Moisés ardia de frustração. Ele havia suportado anos de rebeldia, ingratidão e falta de fé. Agora, diante daquela geração incrédula, sua paciência se esgotou. Em vez de falar à rocha como Deus ordenara, ele ergueu a vara e golpeou a pedra duas vezes com força.

—”Ouvi agora, rebeldes! Porventura, tiraremos água desta rocha para vós?” —bradou Moisés, sua voz carregada de ira.

No mesmo instante, um jorro de água cristalina jorrou da rocha, fluindo em abundância, formando um riacho que serpenteava pelo acampamento. O povo correu para beber, enchendo seus odres e regando os animais. A alegria tomou conta de todos, mas Moisés e Arão permaneceram imóveis, sentindo o peso do que haviam feito.

A glória do Senhor ainda pairava sobre eles, e a voz divina ressoou novamente, agora em um tom solene:

—”Porquanto não crestes em mim, para me santificardes diante dos filhos de Israel, não introduzireis esta congregação na terra que lhes dei.”

Moisés sentiu um frio percorrer sua espinha. Ele sabia que seu erro não havia sido apenas um ato de desobediência, mas uma falha em honrar a santidade de Deus diante do povo. Ao invés de demonstrar a soberania divina, ele agira em sua própria força e ira.

Arão baixou a cabeça, compreendendo que também compartilharia da mesma consequência. Os dois irmãos, que haviam liderado Israel por tantos anos, não pisariam na Terra Prometida.

Enquanto o povo celebrava, Moisés olhou para o horizonte, onde as montanhas de Canaã se erguiam ao longe. Ele sabia que seu destino estava selado, mas ainda havia uma missão a cumprir: guiar Israel até as fronteiras da promessa, mesmo que não pudesse atravessá-las.

E assim, sob o sol poente do deserto, enquanto as águas da rocha continuavam a fluir, Moisés aprendeu uma lição dolorosa: até os maiores líderes devem obedecer a Deus com humildade, pois Ele é quem verdadeiramente sustenta o seu povo.

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