**A Celebração da Fidelidade: Uma História Baseada em Deuteronômio 16**
Era o início da primavera nas terras de Canaã, e os campos começavam a se vestir de verde, anunciando a chegada do mês de Abibe. O sol dourado derramava sua luz sobre as colinas, e uma brisa suave carregava o perfume das flores silvestres. Entre os israelitas, havia um senso de expectativa, pois era tempo de celebrar a Páscoa, como o Senhor ordenara.
Num pequeno vilarejo próximo a Siló, um homem chamado Eliabe preparava-se com sua família para a jornada até o lugar que o Senhor escolhera para habitar. Seus três filhos, Obede, Gileade e Noemi, ajudavam a carregar os sacos de farinha fina, os cordeiros sem defeito e as ervas amargas que seriam usadas na celebração. Sua esposa, Raquel, tecia um manto novo para a ocasião, enquanto cantava salmos de louvor.
— Lembrem-se — disse Eliabe, reunindo a família ao redor da fogueira na noite anterior à partida —, o Senhor nos tirou do Egito com mão forte e braço estendido. Esta celebração não é apenas uma festa, mas um memorial da nossa libertação.
Obede, o filho mais velho, acariciou o cordeiro que seria sacrificado. Ele sabia que aquele animal representava a misericórdia de Deus, que poupou seus antepassados da praga que atingiu os egípcios. Noemi, a mais jovem, perguntou:
— Pai, por que não celebramos a Páscoa em nossa própria casa?
Eliabe sorriu e respondeu:
— Porque o Senhor deseja que nos reunamos como um só povo, no lugar que Ele escolheu. É ali que ofereceremos nossos sacrifícios, compartilharemos nossas bênçãos e nos alegraremos diante dEle.
Na manhã seguinte, juntaram-se a outras famílias da região, formando uma grande caravana. Crianças corriam entre os grupos, enquanto os anciãos caminhavam com passos firmes, seus cajados marcando o ritmo da jornada. Pelo caminho, cantavam cânticos de Moisés e contavam histórias do Êxodo, mantendo viva a memória dos feitos do Senhor.
Ao chegarem ao santuário, já havia uma multidão reunida. Sacerdotes vestidos em linho branco organizavam os sacrifícios, e o aroma do incenso misturava-se ao cheiro da carne assada. Eliabe e sua família apresentaram seu cordeiro ao sacerdote, que o imolou com cuidado, derramando o sangue no altar.
Enquanto o sol se punha, todos se assentaram para a ceia sagrada. As ervas amargas lembravam-lhes da amargura da escravidão, enquanto o pão sem fermento simbolizava a pressa com que seus antepassados fugiram do Egito. Obede partiu o pão e disse:
— Assim como o Senhor nos livrou, Ele nos guarda ainda hoje.
Nos dias seguintes, celebraram a Festa dos Pães Asmos e, meses depois, retornaram para a Festa das Semanas, trazendo ofertas voluntárias conforme as bênçãos recebidas. Eliabe não veio com as mãos vazias; trouxe os primeiros frutos de sua colheita, grãos dourados e uvas suculentas, em gratidão pela provisão divina.
Por fim, no outono, toda a família voltou para a Festa dos Tabernáculos. Desta vez, construíram uma cabana com ramos de palmeiras e salgueiros, habitando nela por sete dias. Era um tempo de alegria desenfreada, onde até os estrangeiros e os levitas eram incluídos nas festividades.
— Lembrem-se — disse Eliabe a seus filhos na última noite, sob o céu estrelado —, todas estas festas nos ensinam que o Senhor é quem nos sustenta. Não devemos aparecer diante dEle de qualquer maneira, mas com corações gratos e mãos generosas.
E assim, ano após ano, a família de Eliabe cumpria os mandamentos de Deuteronômio 16, não por mero ritual, mas como uma expressão de amor e lembrança do Deus que os redimiu. E em cada celebração, renovavam seu compromisso de caminhar em obediência, sabendo que o Senhor, fielmente, os guardaria em todas as suas jornadas.