**A Visão dos Sete Anjos com as Sete Pragas**
No último e terrível tempo da ira de Deus, quando os céus pareciam fechar-se sobre a Terra como um grande pergaminho enegrecido, João, o apóstolo exilado na ilha de Patmos, contemplou uma visão que o encheu de temor e admiração. Diante de seus olhos, o véu do celestial se rasgou, e ele viu um sinal grandioso e maravilhoso: sete anjos, vestidos de linho puro e resplandecente, preparados para derramar sobre a Terra as sete últimas pragas. Com elas, a ira de Deus se completaria.
E antes que os anjos agissem, João viu algo que o fez esquecer por um momento o juízo que se aproximava. Era como um mar de vidro misturado com fogo, translúcido e flamejante, estendendo-se diante do trono do Altíssimo. Sobre esse mar, imóveis e cheios de glória, estavam os vencedores da besta, da sua imagem e do número do seu nome. Eles traziam nas mãos harpas douradas, dadas pelos próprios anjos, e cantavam um cântico que nenhum outro ser na criação poderia entoar—o Cântico de Moisés e do Cordeiro.
“Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor Deus Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das nações! Quem não te temerá, Senhor, e não glorificará o teu nome? Pois só tu és santo, e todas as nações virão e se prostrarão diante de ti, porque os teus juízos se manifestaram!”
As vozes dos remidos ecoavam como trovões harmoniosos, enchendo os céus de uma melodia que fazia tremer até os fundamentos do universo. E enquanto cantavam, o templo celestial, o tabernáculo do testemunho, abriu-se. Dos seus recintos sagrados saíram os sete anjos, envoltos em nuvens de glória, cada um carregando uma taça de ouro, cheia da ira do Deus vivo.
Os anjos eram seres de majestade indescritível—seus rostos brilhavam como o sol, e suas asas reluziam como finas lâminas de cristal. Vestiam túnicas brancas, cingidas com cintos de ouro puro, e seus passos não tocavam o chão, pois flutuavam na santidade da presença divina. Um deles, maior em estatura, aproximou-se de João e, sem pronunciar palavra, estendeu-lhe um incensário de ouro, cheio do fogo do altar. O aroma do incenso subiu como oração dos santos, misturando-se ao clamor dos mártires que, debaixo do altar, haviam clamado: “Até quando, ó Senhor santo e verdadeiro, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a Terra?”
E agora, a resposta vinha.
O templo encheu-se de fumaça da glória de Deus, e ninguém podia entrar até que as sete pragas dos sete anjos se cumprissem. O silêncio no céu foi como um prenúncio do clamor que em breve viria sobre a Terra. Os anjos se posicionaram em linha, cada um com sua taça, e o momento mais solene da história da criação estava prestes a começar.
João, tremendo, compreendeu que aquilo não era apenas juízo—era a consumação da justiça divina. O Cordeiro que fora morto agora se revelava como o Leão da tribo de Judá. E enquanto os anjos se preparavam para derramar as taças, o apóstolo ouviu uma voz que vinha do próprio trono, dizendo:
“Feito está.”
E assim, com essas palavras, os céus se calaram, e a Terra se preparou para o derradeiro ato do grande drama da redenção.