**A Queda de Samaria e o Lamento de Miquéias**

No tempo em que os reinos de Israel e Judá estavam mergulhados em corrupção e idolatria, o profeta Miquéias levantou sua voz como um trovão nos montes. Era um homem de Morasti, pequena aldeia de Judá, mas sua mensagem ecoava desde as planícies férteis até os palácios dos reis. O Senhor havia colocado em seu coração uma palavra pesada, uma visão terrível que ele não poderia calar.

O sol já se inclinava sobre os montes de Judá quando Miquéias subiu ao alto de uma colina rochosa, onde podia ver, ao longe, as torres arrogantes de Samaria, capital do reino do Norte. O vento soprava forte, carregando o cheiro de incenso estrangeiro que subia dos altares pagãos. O povo de Israel havia se prostrado diante de ídolos de madeira e pedra, esquecendo-se do Deus que os libertara do Egito.

Então, o Espírito do Senhor envolveu Miquéias, e ele começou a proclamar com voz queimante:

— **”Ouvi, todos os povos! Presta atenção, ó terra, e tudo o que nela há! Porque o Senhor Deus é testemunha contra vós, o Senhor desde o seu santo templo!”**

Seus olhos ardiam como brasas enquanto descrevia a vinda do Juiz de toda a terra. O Senhor não permaneceria em silêncio diante da maldade de Israel. Ele desceria dos céus, e os montes se derreteriam debaixo dEle, como cera diante do fogo. Os vales se abririam como águas precipitadas em um despenhadeiro.

— **”Tudo isso por causa da transgressão de Jacó e dos pecados da casa de Israel!”**

Miquéias sabia que Samaria, aquela cidade orgulhosa, construída com riquezas manchadas de injustiça, não escaparia. Ela havia se tornado um ninho de idolatria, onde os ricos oprimiam os pobres e os sacerdotes vendiam falsas promessas de paz. Os altares de Baal e Aserá erguiam-se em cada esquina, e os governantes confiavam mais em alianças com nações estrangeiras do que no Deus de seus pais.

— **”Farei de Samaria um montão de ruínas, um lugar para plantar vinhas!”**

O profeta via, em espírito, os exércitos da Assíria marchando como um vendaval impiedoso. Eles viriam como a vara da ira de Deus, arrasando os muros altivos, profanando os templos pagãos, levando cativos os filhos de Israel para terras distantes. As mães chorariam pelos filhos arrancados de seus braços, e os nobres, outrora vestidos de púrpura, seriam arrastados como escravos.

Mas Judá, o reino do Sul, também não escaparia ileso. Miquéias voltou seu olhar para Jerusalém, onde o pecado já começava a se enraizar como erva daninha.

— **”Em Judá já se vê a enfermidade chegar! Até Jerusalém, a cidade santa, está contaminada!”**

Ele descreveu como a idolatria e a injustiça se espalhavam como uma praga. Os juízes aceitavam subornos, os sacerdotes ensinavam por interesse, e os profetas mentiam em nome do Senhor. Ainda assim, o povo acreditava que estavam seguros, pois o templo do Senhor estava entre eles.

— **”Ai daqueles que pensam que o Senhor não vê! Ai dos que confiam em ídolos mudos!”**

Miquéias, tomado de angústia, rasgou suas vestes e cobriu-se de pó, como sinal de luto. Ele chorou não apenas pela destruição que viria, mas pela teimosia do povo que se recusava a se arrepender.

— **”Porque isso não é apenas um castigo, mas um chamado! Voltem-se para o Senhor enquanto há tempo!”**

Mas poucos ouviram. E, como Miquéias predissera, os exércitos assírios vieram. Samaria caiu, seus ídolos foram esmagados, e seu povo foi disperso. E Judá, apesar de um breve alívio, continuou a trilhar o caminho da rebeldia, até que, anos depois, também experimentou o peso da mão disciplinadora de Deus.

Assim, a palavra do Senhor, entregue por Miquéias, cumpriu-se. Porque o Deus de Israel é justo e misericordioso, mas não deixará o pecado sem resposta. E aqueles que têm ouvidos para ouvir devem temer, arrepender-se e clamar por Sua graça antes que o dia do juízo chegue.