**O Ídolo que Não Pode Salvar**

No décimo ano do reinado de Josias, rei de Judá, a nação estava dividida entre a adoração ao Deus verdadeiro e os costumes pagãos das nações vizinhas. Em meio ao burburinho das ruas de Jerusalém, um homem chamado Jeremias recebeu uma palavra do Senhor, uma mensagem que ecoaria como um alerta solene contra a insensatez da idolatria.

Era um dia de festa, e as praças da cidade estavam repletas de mercadores exibindo suas mercadorias. Entre os artigos, destacavam-se estátuas de madeira, recobertas de prata e ouro, moldadas pelas mãos de artesãos habilidosos. Homens e mulheres se aglomeravam em torno delas, murmurando orações e oferecendo incenso, como se aqueles objetos inanimados pudessem ouvi-los.

Jeremias, com o coração pesado, ergueu a voz no meio da multidão:

— “Ouçam a palavra do Senhor, ó casa de Judá! Assim diz o Senhor: ‘Não aprendam o caminho das nações, nem se assombrem com os sinais do céu, ainda que as nações os temam. Pois os costumes dos povos são vaidade. Cortam uma árvore da floresta, um trabalho das mãos do artífice, com machado. Com prata e ouro o enfeitam, com pregos e martelos o firmam para que não balance. Como um espantalho num campo de pepinos, assim são esses ídolos—não podem falar, têm que ser carregados, pois não podem andar. Não tenham medo deles, porque não podem fazer mal, nem tampouco têm poder para fazer o bem!'”

A multidão ficou em silêncio por um momento, alguns com expressões de indignação, outros com dúvida. Um homem mais velho, vestido com roupas finas, aproximou-se de Jeremias com ar de desafio:

— “Por que blasfemas contra os deuses que nos protegem? Eles nos trouxeram chuva e colheitas abundantes!”

Jeremias olhou para ele com compaixão e respondeu:

— “Quem é como o Senhor? Não há outro como Ele, grande em poder e majestade. Quando Ele fala, os céus tremem; quando Se ira, a terra se abala. Os ídolos que vocês carregam são como vento, são nada. Mas o Senhor é o verdadeiro Deus, o Deus vivo, o Rei eterno. Diante dEle, toda a terra estremece, e as nações não podem suportar Sua indignação.”

O profeta ergueu as mãos aos céus e continuou:

— “Assim lhes direis: ‘Os deuses que não fizeram os céus e a terra desaparecerão da terra e de debaixo do céu!’ Mas o Senhor fez a terra com o Seu poder, estabeleceu o mundo com a Sua sabedoria e estendeu os céus com o Seu entendimento. Ao som da Sua voz, as águas no céu rugem, Ele faz subir as nuvens dos confins da terra, envia relâmpagos com a chuva e dos Seus tesouros traz o vento. Todo homem se torna estúpido, sem conhecimento; todo ourives é envergonhado por sua imagem esculpida, pois suas obras são mentira, e nelas não há fôlego. São vaidade, obra de engano; no dia do juízo, perecerão.”

Alguns na multidão começaram a se afastar, tocados pelas palavras do profeta. Outros riram, chamando-o de louco. Mas Jeremias sabia que a mensagem não era dele—era do próprio Deus, um aviso amoroso antes que o juízo viesse.

Ele olhou para os ídolos expostos no mercado, reluzentes mas vazios, e suspirou.

— “Ó Senhor,” orou em seu coração, “converte o Teu povo, antes que seja tarde.”

E enquanto o sol se punha sobre Jerusalém, a sombra dos ídolos se alongava no chão—mas era apenas uma sombra, sem substância, sem poder, sem vida.

Pois só o Senhor é Deus. E só Ele merece todo o louvor.