Bíblia em Contos

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O Voto de Débora e a Misericórdia Divina (96 caracteres)

**O Voto de Débora e a Fidelidade de Deus**

No acampamento de Israel, às margens do deserto de Moabe, o sol poente tingia as tendas de tons dourados e avermelhados, enquanto as famílias se reuniam para o descanso noturno. Entre elas, estava a tenda de Eliabe, um homem da tribo de Judá, e sua família. Sua filha, Débora, uma jovem de coração temente a Deus, havia feito um voto solene ao Senhor no início daquele ano, prometendo abster-se de vinho e de qualquer fruto da vide até que terminasse a colheita, como sinal de gratidão pela provisão divina em tempos de escassez.

Seu voto fora feito com fervor, e ela o cumpria com zelo, recusando até mesmo o vinho suave que sua mãe lhe oferecia nas refeições. No entanto, seu pai, Eliabe, desconhecia tal promessa. Um dia, ao retornar de uma reunião com os anciãos, onde se discutira justamente a lei dos votos conforme Moisés havia transmitido (Números 30), ele trouxe um odre de vinho novo, presente de um companheiro de tribo.

— “Débora, filha, prova deste vinho! É das primeiras uvas da terra que herdaremos”, disse ele, enchendo uma taça.

O coração de Débora apertou-se. Ela sabia que, segundo a lei, se um pai ouvisse o voto de sua filha solteira e não o reprovasse, o voto permaneceria válido. Mas se ele o proibisse, seria anulado, e ela não carregaria culpa (Números 30:3-5). Ainda assim, ela não queria desagradar seu pai nem quebrar sua promessa ao Senhor.

— “Pai, eu fiz um voto ao Eterno, abstendo-me de vinho até o fim da colheita. Posso manter minha palavra?”

Eliabe ficou em silêncio por um momento, lembrando-se das palavras de Moisés. Ele conhecia a importância da fidelidade a Deus, mas também amava sua filha e não queria vê-la sob jugo desnecessário.

— “Filha, seu zelo é nobre, mas eu, como teu pai, liberto-te desse voto. Que tua devoção seja expressa de outras formas, sem te privares do que é bom.”

Débora sentiu um alívio misturado com reverência. Ela sabia que Deus não a condenaria, pois a lei era clara: a autoridade de seu pai sobre seu voto fora exercida com sabedoria. Naquela noite, ao se reunirem para orar, Eliabe abençoou sua filha e agradeceu a Deus por Sua misericórdia, que equilibrava justiça e graça.

**O Desfecho da História**

Nos dias seguintes, Débora continuou a servir ao Senhor com alegria, agora sem o peso de um voto que seu pai havia anulado. Ela compreendera que a lei não era para opressão, mas para ordenar a vida do povo de Deus com sabedoria. Quando a colheita finalmente chegou, ela ofereceu sacrifícios de gratidão no tabernáculo, louvando a Deus por Sua bondade e pela proteção de Suas ordenanças.

E assim, no meio do deserto, entre tendas e areias escaldantes, o povo de Israel aprendia que o Senhor honrava tanto a fidelidade quanto a misericórdia, governando Seu povo com amor e verdade.

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