**A Opressão no Egito**
Nos dias que se seguiram à morte de José, filho de Jacó, os filhos de Israel multiplicaram-se grandemente na terra do Egito. Eles eram frutíferos, cresciam em número e tornavam-se cada vez mais poderosos, até que toda a região de Gósen estava repleta do povo hebreu. O Senhor abençoara sua descendência, cumprindo assim a promessa feita a Abraão, Isaque e Jacó.
Mas o tempo passou, e levantou-se sobre o Egito um novo rei, que não conhecera José. Este faraó, olhando para o povo de Israel com desconfiança e temor, disse aos seus conselheiros:
— Eis que os filhos de Israel são muitos e fortes, mais numerosos do que nós. Se não agirmos com sabedoria, em tempos de guerra eles se aliarão aos nossos inimigos, lutarão contra nós e fugirão desta terra.
E assim, o coração de Faraó encheu-se de astúcia e malícia. Ele decidiu oprimir os hebreus com trabalhos pesados, na esperança de quebrar seu espírito e impedir seu crescimento. Sob suas ordens, os egípcios colocaram sobre Israel feitores cruéis, que os forçavam a construir cidades-armazéns para Faraó: Pitom e Ramessés. Com suor e sangue, os hebreus erguiam muralhas, assentavam tijolos sob o sol abrasador e carregavam pesados fardos de barro e palha.
Mas quanto mais os egípcios os oprimiam, mais o povo de Israel se multiplicava e se espalhava. Os gritos das mulheres em trabalho de parto ecoavam pelas noites, e cada manhã trazia mais crianças hebreias aos braços de suas mães. O temor de Faraó aumentava, pois a mão do Senhor estava sobre Seu povo.
Então, o rei do Egito recorreu a medidas ainda mais terríveis. Chamou as parteiras das hebreias, cujos nomes eram Sifrá e Puá, e ordenou-lhes em segredo:
— Quando ajudardes as mulheres hebreias a dar à luz, observai o sexo da criança. Se for menino, matai-o. Se for menina, deixai-a viver.
Mas Sifrá e Puá temiam a Deus mais do que a Faraó. Elas não cumpriram as ordens do rei; ao contrário, permitiam que os meninos vivessem. Quando questionadas, disseram a Faraó:
— As mulheres hebreias não são como as egípcias. Elas são vigorosas e dão à luz antes mesmo que a parteira chegue.
O Senhor abençoou as parteiras por sua piedade, concedendo-lhes famílias numerosas. Mas Faraó, enfurecido, decretou então um edito ainda mais cruel:
— Todo menino hebreu recém-nascido será lançado ao rio Nilo!
E assim, as águas que outrora trouxeram vida ao Egito agora testemunhavam a dor de um povo inocente. As mães hebreias choravam em segredo, escondendo seus filhos em cestos entre os juncos ou suplicando a Deus por misericórdia. O gemido dos oprimidos subia aos céus, e o Senhor ouviu. Ele não se esquecera de Seu povo.
Enquanto isso, nas margens do Nilo, um novo destino estava sendo preparado, pois entre os gritos sufocados e os suspiros de angústia, Deus já trabalhava em silêncio, preparando um libertador.