Bíblia em Contos

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**A Primeira Colheita de Israel em Canaã** (98 caracteres)

**A Primeira Colheita de Israel na Terra Prometida**

O sol nascia sobre as colinas de Canaã, tingindo os campos de trigo e cevada com um dourado celestial. Era o tempo da colheita, e o ar estava impregnado com o aroma doce de frutos maduros e terra úmida. Após quarenta anos de jornada pelo deserto, o povo de Israel finalmente pisava na terra que o Senhor jurara dar a seus antepassados—Abraão, Isaque e Jacó.

Entre os israelitas, havia um homem chamado Eliabe, da tribo de Judá. Ele havia lutado nas batalhas pela conquista da terra e agora, com as mãos calejadas, colhia os primeiros frutos de sua herança. Sua esposa, Raquel, e seus dois filhos o ajudavam, enchendo cestos com as melhores uvas, figos e romãs. O coração de Eliabe transbordava de gratidão, pois ele lembrava das palavras que Moisés havia proclamado antes de sua morte:

—*Quando entrares na terra que o Senhor, teu Deus, te dá por herança, e a possuíres, e nela habitares, tomarás das primícias de todos os frutos da terra…*

Eliabe sabia o que precisava ser feito. Separou uma porção generosa dos melhores frutos, colocou-os em um cesto de vime e cobriu-o com um pano azul, cor do céu que testemunhara a fidelidade de Deus. No dia seguinte, antes do amanhecer, ele e sua família se juntaram a outros israelitas para a peregrinação até o santuário do Senhor em Siló.

A jornada durou três dias. Enquanto caminhavam, os filhos de Eliabe perguntavam:

—Pai, por que levamos estes frutos ao sacerdote?

Eliabe sorriu e respondeu:

—Porque o Senhor nos tirou do Egito com mão forte e braço estendido, nos livrou da escravidão e nos trouxe a esta terra que mana leite e mel. Estes frutos são um reconhecimento de que tudo o que temos vem dEle.

Ao chegarem a Siló, o tabernáculo erguia-se imponente, com sua cortina bordada e o altar de bronze reluzente ao sol. O sumo sacerdote, vestido com o éfode e o peitoral, aguardava diante do povo. Um a um, os chefes de família apresentavam suas ofertas. Quando chegou a vez de Eliabe, ele entregou o cesto ao sacerdote e declarou com voz firme:

—*Confesso hoje ao Senhor, teu Deus, que entrei na terra que o Senhor jurou a nossos pais dar-nos.*

O sacerdote colocou o cesto diante do altar e ergueu as mãos aos céus.

—Bendito seja o Deus de Israel, que cumpre suas promessas!

Eliabe continuou, recordando a história de seu povo:

—*Meu pai era um arameu prestes a perecer, que desceu ao Egito e lá habitou poucos em número; porém, cresceu até tornar-se uma nação grande, poderosa e numerosa. Mas os egípcios nos maltrataram, nos oprimiram e nos impuseram dura servidão. Clamamos ao Senhor, Deus de nossos pais, e o Senhor ouviu a nossa voz…*

Enquanto falava, lágrimas escorriam pelo rosto de Raquel. Ela lembrava-se das histórias de sua avó, que havia atravessado o Mar Vermelho com os pés ainda marcados pelas correntes da escravidão. Agora, ali estavam eles, livres, oferecendo a Deus o que a terra fértil lhes dera.

O sacerdote então tomou o cesto e o moveu perante o altar em sinal de entrega ao Senhor. A cerimônia prosseguiu com cânticos e danças, enquanto o povo celebrava não apenas a colheita, mas a fidelidade de Deus.

Ao final, o sacerdote abençoou a todos:

—*O Senhor te abençoe e te guarde; faça resplandecer o seu rosto sobre ti e te conceda paz!*

Naquela noite, enquanto acampavam sob as estrelas, Eliabe reuniu sua família e partilhou com eles uma refeição sagrada, composta dos frutos da terra e do sacrifício de comunhão. Ele ergueu um pedaço de pão sem fermento e disse:

—Lembrem-se sempre: não foi por nossa justiça que recebemos esta terra, mas pela graça do Senhor. Que jamais nos esqueçamos de onde viemos e para onde Ele nos conduz.

E assim, sob o manto da noite, o povo de Israel descansou, sabendo que a promessa feita a seus pais havia se cumprido. E cada colheita, dali em diante, seria não apenas um sustento, mas um memorial da bondade do Deus que os redimiu.

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