Bíblia em Contos

Bíblia em Contos

Bíblia

O Cântico da Redenção: Fé e Rebelião de Israel

**O Cântico da Redenção: Uma Jornada de Fé e Rebelião**

No coração da história de Israel, ecoa o Salmo 106 como um memorial das misericórdias do Senhor e das falhas recorrentes do Seu povo. Era uma tarde serena no acampamento de Judá, onde os anciãos se reuniam ao redor de uma fogueira, e o profeta Elias, homem de cabelos grisalhos e olhos ardentes de sabedoria, começou a narrar a saga de Israel—uma história de milagres e ingratidão, de promessas e esquecimento.

**O Êxodo e o Mar Vermelho**

“Lembrai-vos”, começou Elias, com voz grave, “do dia em que o Senhor libertou nossos pais do Egito com mão poderosa!” Os israelitas, escravos por séculos, viram as pragas devastarem a terra dos faraós, até que, na noite da Páscoa, o anjo da morte poupou seus primogênitos, e o próprio Faraó, tomado de terror, os expulsou.

Mas logo o coração do inimigo se endureceu novamente. Carruagens e cavaleiros avançaram contra o povo acampado à beira do Mar Vermelho. As crianças choravam, as mulheres se agarravam aos maridos, e até Moisés, homem escolhido por Deus, sentiu o peso da dúvida. Então, o Senhor falou: “Por que clamas a mim? Levanta o teu cajado e estende a mão sobre o mar!” E, numa cena que jamais seria esquecida, as águas se dividiram como cortadas por uma espada celestial, formando muralhas líquidas enquanto Israel atravessava a pé enxuto.

Os egípcios, insensatos, perseguiram-nos, mas ao amanhecer, as águas retomaram seu lugar, engolindo cavalos, carros e guerreiros. Naquela manhã, Israel cantou: “O Senhor é a minha força e o meu cântico; Ele se tornou a minha salvação!” (Êxodo 15:2).

**A Rebelião no Deserto**

No entanto, como é triste lembrar—continuou Elias—que antes mesmo que a poeira do mar secasse, o povo murmurou. No deserto de Sim, a sede os afligiu, e em vez de clamarem com fé, acusaram Moisés: “Por que nos tiraste do Egito, para nos matar de sede?” (Êxodo 17:3). Mas o Senhor, em Sua paciência, fez brotar água da rocha em Horebe.

E depois, o maná! Pão dos céus, que caía todas as manhãs como orvalho solidificado. Era doce como mel, nutrindo o corpo e testando o coração. Mas logo, o povo se cansou do milagre. “Estamos enjoados deste pão miserável!”, gritaram (Números 21:5). Queriam carne, como no Egito—como se a escravidão fosse melhor que a provisão divina! Então, o Senhor lhes enviou codornizes, mas enquanto a carne ainda estava entre seus dentes, Sua ira se acendeu, e muitos pereceram.

**O Bezerro de Ouro e a Infidelidade**

O profeta fez uma pausa, seus olhos se enchendo de lágrimas. “Mas o pior ainda estava por vir.” Enquanto Moisés estava no Monte Sinai recebendo as tábuas da Lei, o povo, impaciente, reuniu-se em torno de Arão. “Faze-nos deuses que nos guiem!”, exigiram. E Arão, fraco, moldou um bezerro de ouro.

Naquele mesmo dia, dançaram e se prostraram diante do ídolo, gritando: “Estes são os teus deuses, ó Israel, que te tiraram do Egito!” (Êxodo 32:4). O Senhor, irado, disse a Moisés: “Deixa que os consuma e farei de ti uma grande nação!” Mas Moisés intercedeu, e Deus, em Sua misericórdia, poupou o povo—ainda que muitos caíssem pela espada dos levitas.

**As Consequências e a Fidelidade de Deus**

Anos se passaram. Israel chegou às fronteiras de Canaã, mas, ao ouvirem o relato dos espias, dez deles semearam o medo: “A terra devora seus habitantes! Somos como gafanhotos aos seus olhos!” (Números 13:32). O povo chorou, rebelou-se e recusou entrar. Por isso, o Senhor jurou que aquela geração morreria no deserto—todos, exceto Calebe e Josué, que creram.

Quarenta anos de errância se seguiram. Ainda assim, mesmo quando Israel se aliou a Baal-Peor, comendo sacrifícios aos mortos e prostituindo-se com as filhas de Moabe (Números 25), o Senhor levantou Finéias, que com um golpe de lança deteve a praga.

**O Clamor e a Redenção Final**

“Quantas vezes o Senhor os libertou!”, exclamou Elias, “e quantas vezes eles O provocaram no deserto, O entristeceram com suas infidelidades!” Geração após geração, caíam, clamavam, e Ele os ouvia. Até quando foram levados cativos pela Assíria e Babilônia, dispersos entre as nações, o Senhor, lembrando-Se de Sua aliança, os trouxe de volta.

“Mas agora”, concluiu o profeta, erguendo as mãos, “não sejamos como nossos pais, de coração incostante! Bendigamos ao Senhor, porque Ele é bom, porque a Sua misericórdia dura para sempre!” (Salmo 106:1).

E assim, sob o céu estrelado, os anciãos se curvaram em oração, enquanto o vento do deserto sussurrava a eterna verdade: a fidelidade de Deus supera toda a infidelidade humana.

LEAVE A RESPONSE

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *