**A Sabedoria que Vem do Alto**

Na pequena cidade de Nazaré, havia um homem chamado Eliab, conhecido por sua eloquência e habilidade de ensinar nas sinagogas. Ele era respeitado pelos moradores, que frequentemente buscavam seus conselhos. No entanto, apesar de sua sabedoria aparente, Eliab lutava contra um coração cheio de orgulho e uma língua que, muitas vezes, feria mais do que curava.

Certo dia, após uma discussão acalorada com um jovem discípulo chamado Tobias, Eliab foi para casa perturbado. Ele havia repreendido Tobias com palavras duras, deixando o jovem humilhado diante da comunidade. Naquela noite, enquanto refletia sobre o ocorrido, Eliab ouviu uma voz suave em seu coração, como um sussurro divino, que o lembrava das palavras do apóstolo Tiago: *”A língua é um pequeno membro, mas se gaba de grandes coisas. Vejam como uma grande floresta é incendiada por uma pequena fagulha!”* (Tiago 3:5).

No dia seguinte, Eliab decidiu visitar um sábio eremita que vivia nos montes próximos. O velho homem, chamado Simeão, era conhecido por sua profunda comunhão com Deus e sua capacidade de discernir os segredos do coração. Ao chegar à humilde cabana de Simeão, Eliab confessou sua luta:

— Mestre Simeão, minha língua tem sido como um fogo descontrolado. Eu ensino a Palavra, mas minhas palavras muitas vezes trazem divisão em vez de paz. O que devo fazer?

Simeão olhou para ele com olhos cheios de compaixão e respondeu:

— Eliab, você reconhece o problema, e isso é o primeiro passo. Mas lembre-se: *”A sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, bondosa, dócil, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sincera”* (Tiago 3:17). Você tem buscado a sabedoria do mundo ou a que vem de Deus?

Eliab caiu de joelhos, sentindo o peso de suas falhas. Ele percebeu que, embora conhecesse as Escrituras, seu coração ainda não estava totalmente transformado por elas.

Nos dias que se seguiram, Eliab começou a jejuar e orar, pedindo a Deus que domasse sua língua. Ele procurou Tobias e pediu perdão, reconciliando-se com o jovem. Aos poucos, sua maneira de falar mudou. Suas palavras tornaram-se cheias de graça, temperadas com sal, como dizia o apóstolo Paulo.

A comunidade notou a transformação. Onde antes havia contendas, agora havia paz. Onde antes suas palavras cortavam como espada, agora edificavam como um abraço fraterno.

Um ano depois, numa reunião na sinagoga, Eliab compartilhou seu testemunho:

— Irmãos, eu pensava que sabia tudo, mas a verdadeira sabedoria não está em dominar a discussão, e sim em dominar a si mesmo. A língua pode ser um veneno mortal ou um remédio curador. Que possamos escolher sempre falar com amor, pois *”quem não tropeça no falar é homem perfeito, capaz de refrear todo o seu corpo”* (Tiago 3:2).

E assim, a vida de Eliab tornou-se um testemunho vivo do poder transformador da sabedoria que vem do alto. Suas palavras, antes como fogo destruidor, agora eram como águas tranquilas que refletiam o caráter de Cristo.

E a paz de Deus reinou em Nazaré, porque homens como Eliab aprenderam que a verdadeira sabedoria não se exibe, mas se vive.