**O Rico e Lázaro: Uma Parábola sobre a Verdadeira Riqueza**
Naqueles dias, quando Jesus ensinava aos discípulos e à multidão que O seguia, Ele contou uma parábola profunda, cheia de lições eternas. O sol poente tingia o céu de dourado sobre as colinas da Judeia, e as pessoas se ajuntavam mais próximas, ansiosas por ouvir as palavras do Mestre.
—”Havia certo homem rico,”— começou Jesus, Sua voz calma, mas penetrante, —”que se vestia de púrpura e linho fino e vivia todos os dias em luxo e banquetes.”—
O homem rico era um aristocrata conhecido na região, dono de vastas terras e rebanhos. Suas vestes eram tecidas com os melhores materiais, e sua mesa estava sempre repleta dos mais finos manjares. Ele habitava uma mansão cercada por jardins exuberantes, onde servos atendiam a seus menores desejos. No entanto, apesar de toda sua riqueza, seu coração era frio e distante das necessidades ao seu redor.
—”À sua porta fora deitado um mendigo chamado Lázaro,”— continuou Jesus, Seus olhos percorrendo a multidão atenta. —”Este estava coberto de chagas e desejava alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico.”—
Lázaro era um homem esquecido pelo mundo. Seu corpo, marcado por feridas abertas, repousava sobre um pedaço de pano rasgado, à entrada do magnífico portão do rico. Cães vadios se aproximavam para lamber suas feridas, e ele mal tinha forças para espantá-los. Seus olhos, porém, estavam sempre voltados para dentro da casa, onde os restos dos banquetes eram jogados fora. Ele sonhava em saciar sua fome com as sobras que nem os servos do rico consideravam valiosas.
Mas o homem rico nunca lhe deu atenção. Passava por Lázaro todos os dias, sem sequer olhar em sua direção. Sua riqueza o cegara para o sofrimento alheio, e seu coração estava endurecido pelo egoísmo.
—”Ora, aconteceu que o mendigo morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão.”— Jesus falou com ternura ao mencionar Lázaro. —”O rico também morreu e foi sepultado. E no Hades, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe Abraão e Lázaro no seu seio.”—
A morte não discrimina entre ricos e pobres. Lázaro, em sua humildade, foi recebido no paraíso, onde encontrou descanso e consolo nos braços de Abraão, o pai da fé. Já o rico, acostumado ao luxo, acordou em um lugar de agonia, onde o fogo consumia sua alma sem lhe dar alívio.
—”Então, gritou: ‘Pai Abraão, tem misericórdia de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo na água e refrescar a minha língua, porque estou atormentado neste fogo!'”—
Mas Abraão respondeu com tristeza: —”Filho, lembra-te de que em tua vida recebeste teus bens, e Lázaro, males. Agora, ele está consolado, e tu, atormentado. Além disso, há um grande abismo entre nós e vós, de modo que os que querem passar daqui para vós não podem, nem os de lá passar para cá.”—
O rico, então, lembrou-se de seus cinco irmãos que ainda viviam como ele, indiferentes aos necessitados. —”Rogo-te, pois, pai, que o envies à casa de meu pai, para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento.”—
Mas Abraão respondeu: —”Eles têm Moisés e os Profetas; que os ouçam!”—
O homem insistiu: —”Não, pai Abraão! Mas se algum dos mortos for ter com eles, arrepender-se-ão.”—
Abraão, porém, finalizou: —”Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.”—
Jesus concluiu a parábola, Seu olhar sério percorrendo os fariseus que O ouviam. Eles, que amavam o dinheiro e desprezavam os humildes, entenderam que a história era um aviso. A verdadeira riqueza não está nos bens materiais, mas em viver com generosidade, justiça e amor ao próximo.
E assim, enquanto o sol desaparecia no horizonte, muitos saíram dali com o coração pesado, refletindo sobre suas vidas. Pois, no fim, o que importa não é o que se possui, mas o que se faz com aquilo que Deus nos confiou.