Bíblia em Contos

Bíblia em Contos

Bíblia

Here’s a concise and engaging title in Brazilian Portuguese (under 100 characters, without symbols or quotes): **O Cântico da Fé e o Coração que Obedece** Alternativa (caso queira um tom mais poético): **A Voz do Deserto e o Coração Arrependido** Ambos mantêm a essência da história e respeitam o limite de caracteres.

**O Cântico da Criação e da Rebeldia**

Num tempo distante, quando as montanhas ainda jovens erguiam seus cumes em louvor ao Criador e os rios serpenteavam pelos vales como fitas de prata, o povo de Israel acampava nas planícies áridas do deserto. O sol escaldante abraçava a terra ressequida, mas as tendas dos fiéis formavam um oásis de esperança. Era ali, sob um céu imenso salpicado de estrelas à noite, que os levitas se reuniam para entoar os salmos, e entre eles, ecoava com frequência as palavras do Salmo 95.

Um homem idoso, de barbas brancas como a neve do Hermom, chamado Eliab, era conhecido por sua voz profunda e seu coração cheio de devoção. Certa noite, enquanto as fogueiras crepitavam e as crianças se ajuntavam aos pés dos mais velhos, ele ergueu as mãos e começou a cantar:

— *”Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor, que nos criou!”*

A melodia fluía como um rio, e os corações se inflamavam. Eliab fechou os olhos e, em sua mente, via os grandes feitos de Deus: as águas do Mar Vermelho se erguendo como muralhas, o maná descendo como orvalho celestial, a rocha ferida por Moisés jorrando água viva. A cada verso, a congregação respondia em uníssono, e o deserto parecia se encher de vida.

— *”Ele é o nosso Deus, e nós somos o povo do seu pasto, as ovelhas da sua mão.”*

Mas nem todos os corações estavam brandos. Na multidão, um jovem chamado Refaim, de olhos ardentes e semblante obstinado, cruzou os braços. Ele murmurava aos que estavam próximos:

— Por que cantamos tanto sobre o passado? Onde está Deus agora? Andamos há anos neste deserto, e Canaã parece um sonho distante.

Seus sussurros eram como sementes de descontentamento, e alguns começaram a concordar em silêncio. Eliab, percebendo a inquietação, continuou o cântico, mas agora com um tom solene:

— *”Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações como em Meribá, como no dia de Massá no deserto!”*

O nome desses lugares trouxe um silêncio pesado. Meribá, onde o povo contenderam com Deus. Massá, onde duvidaram de Seu cuidado. Refaim sentiu um calafrio, mas seu orgulho falou mais alto.

— Por que Ele nos prova tanto? — questionou em voz alta.

Eliab baixou a voz, quase num sussurro cheio de dor:

— *”Quando vossos pais me tentaram, me puseram à prova, embora vissem as minhas obras. Por quarenta anos me disgustei com aquela geração…”*

O vento uivou entre as tendas como um lamento. O idoso levita olhou para os jovens com olhos marejados.

— Eles não entraram no descanso de Deus por causa da incredulidade. Não cometais o mesmo erro.

Refaim sentiu um peso no peito. Lembrou-se das histórias de seus avós, que pereceram no deserto por sua rebeldia. Mas ainda assim, seu coração estava dividido. Naquela noite, enquanto os outros dormiam, ele saiu do acampamento e olhou para as estrelas.

— Senhor — sussurrou —, se estás realmente aqui, fala ao meu coração.

E então, como um sopro, veio a lembrança de tudo o que Deus já fizera. As pragas do Egito, a coluna de fogo, o alimento diário. Seu orgulho começou a se dissolver como neve ao sol.

Ao amanhecer, Refaim voltou ao acampamento com o rosto banhado em lágrimas. Quando Eliab começou novamente o cântico, desta vez, a voz do jovem se uniu à do povo, forte e arrependida:

— *”Vinde, adoremos! Ele é o nosso Deus!”*

E naquele dia, o deserto não pareceu mais tão árido, pois os corações que antes eram pedra tornaram-se terra fértil para a voz do Senhor.

**Moral:** O Salmo 95 nos chama ao louvor, mas também à obediência. Aquele que canta “Vinde, adoremos” deve também ouvir quando Deus diz: “Não endureçais o coração”. Pois o mesmo Deus que nos criou é Aquele que nos guia — e só entrará em Seu descanso quem crer até o fim.

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