Bíblia em Contos

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Tola e Jair: Misericórdia Divina na Infidelidade de Israel

**O JUIZADO DE TOLA E JAIR: A MISERICÓRDIA DIVINA EM MEIO À INFIDELIDADE**

Nos dias em que Israel ainda não tinha um rei, e cada homem fazia o que parecia certo aos seus próprios olhos, o Senhor levantou juízes para libertar o Seu povo das mãos dos opressores. Depois da morte de Abimeleque, o homem que havia massacrado seus próprios irmãos em busca de poder, Deus levantou um homem chamado Tola, filho de Puá, neto de Dodo, da tribo de Issacar.

Tola não era um guerreiro como os juízes anteriores, mas um homem de caráter íntegro, que governou com sabedoria. Ele habitava na região montanhosa de Efraim, na cidade de Shamir, e por vinte e três anos conduziu Israel com justiça, mantendo-os longe da idolatria que tanto atraía o coração do povo. Sob seu governo, a terra teve paz, e as colheitas foram abundantes. As videiras cresciam viçosas nos vales, e os rebanhos se multiplicavam nas colinas verdejantes.

Mas, como era costume naqueles dias, após a morte de Tola, o povo novamente se esqueceu do Senhor. Seus corações se voltaram para os deuses das nações vizinhas: Baal, o deus da tempestade cananeu, e Astarote, a deusa da fertilidade. Eles ergueram altares nos bosques e sobre os montes, queimando incenso a ídolos mudos, enquanto abandonavam Aquele que os havia tirado do Egito com mão poderosa.

Então, a ira do Senhor se acendeu contra Israel, e Ele os entregou nas mãos dos filisteus e dos amonitas, que habitavam além do Jordão. Esses povos cruéis oprimiram os israelitas por dezoito longos anos, invadindo suas terras, saqueando suas colheitas e humilhando-os com violência. Os amonitas atravessavam o Jordão e atacavam Judá, Benjamim e Efraim, deixando um rastro de destruição. As mulheres choravam pelos filhos mortos, os campos eram reduzidos a cinzas, e o povo, desesperado, começou a clamar ao Senhor.

Mas, desta vez, o Senhor respondeu com uma repreensão solene:

— Quando os egípcios, os amorreus, os amonitas, os filisteus, os sidônios, os amalequitas e os maonitas os oprimiam, e vocês clamaram a Mim, Eu os livrei. Mas vocês Me abandonaram e serviram a outros deuses. Por isso, não os livrarei mais. Vão clamar aos deuses que escolheram! Que eles os salvem no tempo da angústia!

As palavras do Senhor ecoaram como um trovão nos corações dos israelitas. Arrependidos, eles reconheceram seu pecado e se humilharam diante de Deus. Removeram os ídolos de seus meios e voltaram-se para o Senhor com jejum e lágrimas.

— Pecamos contra Ti! — clamavam. — Faça conosco o que Te parecer melhor, mas, por favor, livra-nos hoje!

E o coração do Senhor, cheio de misericórdia, não suportou ver o sofrimento do Seu povo. Ele não os abandonou, pois amava Israel com um amor eterno. Enquanto isso, os amonitas já se preparavam para uma grande batalha, acampando em Gileade. Os israelitas, por sua vez, reuniram-se em Mizpá, temendo o que estava por vir.

Foi então que o Senhor começou a preparar um novo libertador. Entre os líderes de Gileade, havia um homem chamado Jair, um homem de grande influência e riqueza. Ele governou Israel por vinte e dois anos após o período de Tola. Jair tinha trinta filhos, que cavalgavam trinta jumentos e comandavam trinta cidades em Gileade, conhecidas até hoje como “Havote-Jair” (as aldeias de Jair).

Embora as Escrituras não detalhem grandes feitos militares de Jair, seu governo trouxe uma relativa estabilidade à região. No entanto, o verdadeiro livramento ainda estava por vir, pois o povo continuava a lutar contra seus opressores. O Senhor estava preparando um homem simples, porém corajoso, para uma grande vitória: Jefté, o gileadita, cuja história se desdobraria em meio a lágrimas e triunfo.

Mas enquanto isso, o povo aprendia uma lição dolorosa: a infidelidade traz consequências, mas o arrependimento sincero alcança a misericórdia de Deus. O Senhor, em Sua longanimidade, não desiste do Seu povo, mesmo quando este O abandona. Ele ouve o clamor dos que se humilham e, no momento certo, estende a mão para libertá-los.

Assim, os dias de Tola e Jair serviram como um prelúdio para o grande livramento que Deus ainda traria, mostrando que, mesmo em meio ao caos, Ele nunca deixa de ser o refúgio para os que nEle confiam.

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