No sopé do Monte Ebal, o povo de Israel reuniu-se em uma grande assembleia, sob a liderança de Moisés e dos anciãos. O sol brilhava intensamente sobre as colinas de Canaã, e uma brisa suave agitava as bandeiras das doze tribos, cada uma representando os filhos de Jacó. O ar estava carregado de uma solenidade sagrada, pois aquele era um momento crucial na história do povo escolhido por Deus. Moisés, com seu cajado em uma mão e as tábuas da Lei na outra, ergueu a voz para transmitir as instruções divinas.
“Escutem, ó Israel!”, bradou Moisés, sua voz ecoando pelas montanhas. “Hoje vocês estão prestes a entrar na terra que o Senhor, o Deus de seus pais, prometeu dar a vocês. Uma terra que mana leite e mel, uma terra de abundância e bênção. Mas, antes de cruzarem o Jordão, há uma ordenança que deve ser cumprida.”
Ele explicou que, ao entrarem na terra prometida, deveriam erguer grandes pedras no Monte Ebal, cobri-las com cal e inscrever nelas todas as palavras da Lei. Essas pedras serviriam como um memorial perpétuo da aliança entre Deus e Seu povo. Além disso, deveriam construir um altar de pedras não lavradas, onde ofereceriam holocaustos e sacrifícios de paz ao Senhor. O altar seria um lugar de adoração e lembrança, um símbolo de que Israel pertencia a Deus.
“Quando atravessarem o Jordão”, continuou Moisés, “as tribos de Simeão, Levi, Judá, Issacar, José e Benjamim ficarão no Monte Gerizim para abençoar o povo. E as tribos de Rúben, Gade, Aser, Zebulom, Dã e Naftali ficarão no Monte Ebal para pronunciar as maldições.”
O povo ouviu atentamente, seus corações cheios de reverência e temor. Moisés então detalhou as maldições que seriam proclamadas, cada uma correspondendo a uma violação específica da Lei de Deus. Os levitas, de pé no vale entre os dois montes, ergueriam suas vozes para declarar as maldições, e o povo responderia em uníssono: “Amém!”
“Amaldiçoado seja aquele que fizer imagem esculpida ou de fundição, abominação ao Senhor, obra das mãos do artífice, e a colocar em lugar oculto!”, proclamou um dos levitas, sua voz grave e solene. O povo respondeu com um sonoro “Amém!”, ecoando pelas colinas.
“Amaldiçoado seja aquele que desprezar seu pai ou sua mãe!”, continuou outro levita. Novamente, o povo respondeu: “Amém!”
As maldições continuaram, cada uma mais grave que a anterior, cobrindo uma vasta gama de pecados: idolatria, desrespeito aos pais, injustiça para com o próximo, imoralidade sexual e outras transgressões da Lei. O povo, consciente da santidade de Deus e da seriedade da aliança, respondia com um “Amém!” convicto, reconhecendo que a desobediência traria consequências terríveis.
Moisés, com os olhos cheios de lágrimas, olhou para o povo e disse: “Hoje, vocês se tornaram o povo do Senhor. Ele os escolheu para serem Seus, para guardarem Seus mandamentos e andarem em Seus caminhos. Mas lembrem-se: a obediência traz bênção, e a desobediência traz maldição. Escolham a vida, para que vocês e seus filhos vivam!”
O sol começava a se pôr, tingindo o céu de tons dourados e avermelhados. O povo, comovido e cheio de reverência, dispersou-se para seus acampamentos, refletindo sobre as palavras que haviam ouvido. As pedras no Monte Ebal permaneceriam como um testemunho silencioso, mas poderoso, da aliança entre Deus e Israel. E o altar, com suas ofertas queimadas, subia em fumaça para o céu, um aroma agradável ao Senhor.
Naquela noite, enquanto as estrelas cintilavam sobre Canaã, o povo de Israel dormiu com a certeza de que Deus estava com eles. Mas também sabiam que a escolha entre a bênção e a maldição estava em suas mãos. E assim, sob a vigília do Senhor, eles se prepararam para o dia em que cruzariam o Jordão e tomariam posse da terra prometida, carregando consigo a Lei de Deus gravada não apenas em pedras, mas em seus corações.