No reino de Israel, sob o reinado do rei Davi, havia um clima de paz e prosperidade. Davi, homem segundo o coração de Deus, lembrava-se frequentemente das promessas e alianças que havia feito, especialmente aquelas relacionadas ao seu amigo Jônatas, filho do falecido rei Saul. Jônatas e Davi haviam compartilhado um laço profundo de amizade, e Davi jurara a ele que mostraria bondade à sua família, mesmo após a morte de Jônatas.

Certo dia, enquanto Davi repousava em seu palácio em Jerusalém, seu coração foi tomado por uma inquietação. Ele se lembrou do juramento que fizera a Jônatas e perguntou a si mesmo: “Restará ainda alguém da casa de Saul, para que eu possa mostrar-lhe bondade por amor a Jônatas?” Davi sabia que, após a morte de Saul e Jônatas em batalha, a casa de Saul havia sido dispersa e muitos de seus descendentes haviam desaparecido. Mas ele estava determinado a cumprir sua promessa.

Davi chamou Ziba, um servo que havia sido encarregado dos bens de Saul, e perguntou-lhe: “Há ainda alguém da casa de Saul, para que eu possa mostrar a bondade de Deus a essa pessoa?” Ziba, conhecendo bem a história da família real, respondeu: “Ainda há um filho de Jônatas, aleijado dos pés. Ele está morando em Lo-Debar, na casa de Maquir, filho de Amiel.”

Ao ouvir isso, o coração de Davi se encheu de compaixão. Ele ordenou que trouxessem o jovem à sua presença. O nome do rapaz era Mefibosete, e ele era neto de Saul e filho de Jônatas. Mefibosete havia sido aleijado desde os cinco anos de idade, quando sua ama, ao fugir com ele após a notícia da morte de Saul e Jônatas, o deixara cair, causando-lhe uma lesão permanente.

Quando Mefibosete foi trazido à presença de Davi, ele estava cheio de temor e reverência. Ele prostrou-se diante do rei, reconhecendo sua própria indignidade. “Eis aqui teu servo”, disse ele, com voz trêmula. Davi, porém, olhou para ele com bondade e disse: “Não temas, porque decido mostrar-te bondade por amor a Jônatas, teu pai. Restituir-te-ei todas as terras de Saul, teu avô, e tu comerás sempre à minha mesa.”

Mefibosete ficou atônito com a generosidade do rei. Ele, que havia vivido em Lo-Debar, um lugar cujo nome significa “sem pasto” ou “lugar de desolação”, agora era convidado a sentar-se à mesa do rei, como um dos filhos de Davi. Ele respondeu: “Quem é teu servo, para que olhes para um cão morto como eu?”

Davi, porém, não permitiu que Mefibosete se diminuísse. Ele chamou Ziba e ordenou-lhe: “Tudo o que pertencia a Saul e a toda a sua casa eu dou ao filho de teu senhor. Tu, teus filhos e teus servos cultivarão a terra para ele e trarão os frutos, para que o filho de teu senhor tenha alimento. Mas Mefibosete, filho de teu senhor, comerá sempre à minha mesa.”

Ziba, que tinha quinze filhos e vinte servos, inclinou-se diante de Davi e prometeu cumprir todas as suas ordens. Assim, Mefibosete foi estabelecido na casa de Davi, onde passou a viver como um dos filhos do rei. Ele, que antes vivia na obscuridade e na desolação, agora desfrutava da generosidade e da proteção real.

A história de Mefibosete é um poderoso retrato da graça de Deus. Assim como Davi mostrou bondade a Mefibosete por amor a Jônatas, Deus nos estende Sua graça por amor a Jesus Cristo. Mefibosete, aleijado e sem mérito algum, foi levantado de sua condição de desespero e recebeu um lugar à mesa do rei. Da mesma forma, nós, que estávamos perdidos e sem esperança, fomos chamados a participar da mesa do Senhor, não por nossos próprios méritos, mas pela bondade e fidelidade de Deus.

E assim, Mefibosete passou o resto de seus dias na casa de Davi, comendo à mesa do rei e desfrutando de sua bondade. Ele tornou-se um lembrete vivo da fidelidade de Davi ao seu juramento e da graça que Deus derrama sobre aqueles que não a merecem. E Davi, cumprindo sua promessa, honrou a memória de Jônatas e demonstrou que a verdadeira realeza não está apenas no poder, mas na capacidade de mostrar misericórdia e bondade, mesmo àqueles que parecem esquecidos pelo mundo.