Bíblia em Contos

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O Templo Vivo: Unidade em Cristo em Corinto

**A Construção do Templo de Deus**

Era uma manhã fresca em Corinto, e o sol começava a despontar sobre as colinas, banhando a cidade com uma luz dourada. Na praça central, um grupo de crentes se reunia para ouvir as palavras de Paulo, o apóstolo que havia plantado a semente do Evangelho naquela terra. Entre eles estavam homens e mulheres de diferentes origens, alguns ricos, outros pobres, mas todos unidos pela fé em Cristo. No entanto, havia tensões no ar, como uma brisa que precede uma tempestade. Divisões começavam a surgir entre eles, alguns dizendo: “Eu sou de Paulo”, e outros: “Eu sou de Apolo”.

Paulo, percebendo o coração dividido daquela comunidade, levantou-se com autoridade, seu olhar penetrante varrendo o grupo. Ele começou a falar, sua voz ecoando pelas ruas de pedra:

— Irmãos, não vos posso falar como a espirituais, mas como a carnais, como a crianças em Cristo. Leite vos dei a beber, e não alimento sólido, porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais. Pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?

O silêncio caiu sobre a multidão. As palavras de Paulo eram como uma espada afiada, cortando diretamente ao coração da questão. Ele continuou, sua voz cheia de compaixão, mas também de firmeza:

— Pois, quando alguém diz: “Eu sou de Paulo”, e outro: “Eu sou de Apolo”, não sois carnais? Quem, pois, é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e isso conforme o que o Senhor concedeu a cada um? Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.

Paulo fez uma pausa, deixando que suas palavras penetrassem nos corações. Ele sabia que aquele era um momento crucial para a igreja em Corinto. Se não corrigissem suas divisões, o trabalho que ele e Apolo haviam feito seria em vão. Ele prosseguiu, sua voz agora mais suave, mas ainda cheia de convicção:

— Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.

Ele olhou para os rostos ao seu redor, vendo a confusão e a reflexão em seus olhos. Então, ele decidiu usar uma ilustração que todos pudessem entender. Ele levantou as mãos, como se estivesse segurando uma pedra invisível, e disse:

— Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.

Ele fez uma pausa, deixando que a verdade dessa afirmação ecoasse. Então, continuou, sua voz agora mais grave:

— E, se alguém sobre este fundamento levanta um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; pois o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo.

Paulo olhou para os céus, como se visse o dia do juízo, quando todas as obras seriam reveladas. Ele sabia que muitos ali estavam construindo com materiais inferiores — orgulho, rivalidade, inveja — e que essas obras seriam consumidas pelo fogo. Ele voltou seu olhar para o povo e disse:

— Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo.

As palavras de Paulo eram como um trovão, sacudindo a consciência de todos. Eles começaram a entender a gravidade de suas ações. Eles não eram apenas indivíduos; eram parte de algo maior, um templo vivo, construído sobre o fundamento de Cristo. Paulo concluiu, sua voz cheia de urgência:

— Ninguém se engane a si mesmo; se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: “Ele apanha os sábios na sua própria astúcia”. E outra vez: “O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos”. Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso: seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o presente, seja o futuro; tudo é vosso, e vós, de Cristo, e Cristo, de Deus.

Quando Paulo terminou, um silêncio reverente tomou conta da praça. As pessoas começaram a se dispersar, cada uma refletindo sobre as palavras que haviam ouvido. Alguns choravam, arrependidos de suas divisões e rivalidades. Outros se abraçavam, decididos a construir juntos, com materiais que resistiriam ao fogo.

E assim, naquele dia, a igreja em Corinto começou a entender que eram mais do que uma simples comunidade; eram o templo de Deus, construído sobre o fundamento de Cristo, e cada um deles tinha um papel vital a desempenhar. Eles aprenderam que, embora Paulo e Apolo fossem importantes, eram apenas servos, e que a glória pertencia somente a Deus.

E, à medida que o sol se elevava no céu, iluminando a cidade, parecia que uma nova luz também brilhava nos corações daqueles crentes, uma luz que os guiaria a viver em unidade, como um só corpo em Cristo.

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