**A História do Grande Mandamento e da Viúva Pobre**
Era um dia de sol forte em Jerusalém, e o templo estava repleto de pessoas. O ar estava carregado de expectativa, pois Jesus, o Mestre de Nazaré, estava ensinando no pátio do templo. Sua voz ecoava entre as colunas de mármore, atraindo tanto os humildes quanto os poderosos. Entre a multidão, havia fariseus, herodianos, saduceus e muitos outros que vinham ouvi-Lo, alguns com sincera curiosidade, outros com intenções ocultas.
Enquanto Jesus falava sobre o Reino de Deus, aproximaram-se dEle alguns fariseus e mestres da lei, homens que se vestiam com túnicas longas e bordadas, orgulhosos de sua posição e conhecimento. Eles tinham um plano: queriam testar Jesus, tentar pegá-Lo em alguma contradição para desacreditá-Lo diante do povo. Um deles, com um sorriso afiado, fez a pergunta:
— Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?
Jesus, olhando profundamente para ele, percebeu a armadilha, mas respondeu com calma e autoridade. Sua voz era suave, mas cheia de convicção:
— O mais importante é este: ‘Ouve, ó Israel, o Senhor, o nosso Deus, o Senhor é o único Senhor. Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças’. E o segundo é este: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Não existe mandamento maior do que estes.
O fariseu ficou em silêncio, surpreso com a clareza e a profundidade da resposta. Ele esperava uma discussão complicada sobre os detalhes da lei, mas Jesus resumiu toda a Torá em dois princípios simples: amar a Deus e amar ao próximo. A multidão ao redor murmurava, impressionada com a sabedoria de Jesus.
Mas Jesus não parou por aí. Ele olhou para os fariseus e mestres da lei e disse:
— Como podem os mestres da lei dizer que o Cristo é filho de Davi? O próprio Davi, falando pelo Espírito Santo, disse: ‘O Senhor disse ao meu Senhor: Senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés’. Se Davi O chama de ‘Senhor’, como pode Ele ser seu filho?
A multidão ficou maravilhada com Sua sabedoria, e ninguém mais ousava fazer-Lhe perguntas. Jesus, então, começou a advertir o povo sobre os fariseus:
— Cuidado com os mestres da lei. Eles gostam de andar com roupas especiais, de ser cumprimentados nas praças e de ocupar os lugares de honra nas sinagogas e nos banquetes. Mas eles devoram as casas das viúvas e, para disfarçar, fazem longas orações. Esses receberão condenação mais severa.
Enquanto Jesus falava, Ele se sentou perto do gazofilácio, o local onde as pessoas depositavam suas ofertas no templo. Ali, Ele observava a multidão colocar suas contribuições. Muitos ricos chegavam com grandes sacolas de moedas, fazendo questão de que todos vissem o quanto estavam doando. O som das moedas caindo ecoava pelo pátio, e os fariseus sorriam, orgulhosos de sua generosidade aparente.
Mas então, uma mulher chegou. Era uma viúva, vestida com roupas simples e gastas. Seu rosto estava marcado pela vida difícil que levava, mas seus olhos brilhavam com uma fé sincera. Ela se aproximou do gazofilácio e, com mãos trêmulas, colocou duas pequeninas moedas de cobre, que valiam apenas uma fração de um denário.
Jesus, vendo aquilo, chamou Seus discípulos e disse:
— Em verdade vos digo que esta viúva pobre colocou no gazofilácio mais do que todos os outros. Todos deram do que lhes sobrava; mas ela, da sua pobreza, deu tudo o que possuía para viver.
Os discípulos olharam para a mulher, e então para Jesus, entendendo a profundidade daquela lição. Enquanto os ricos davam grandes quantias para serem vistos, aquela mulher, em sua humildade e fé, havia dado tudo o que tinha. Seu ato de amor e devoção era um reflexo do que Jesus havia ensinado sobre amar a Deus de todo o coração.
A cena ficou gravada na mente de todos os presentes. A viúva, sem saber, havia se tornado um exemplo vivo do verdadeiro significado do amor a Deus e ao próximo. E Jesus, com Sua sabedoria e compaixão, continuou a ensinar, mostrando que o Reino de Deus não é sobre aparências ou riquezas, mas sobre um coração sincero e disposto a amar.
E assim, naquele dia, no templo de Jerusalém, as palavras de Jesus ecoaram como um chamado para todos: amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo, não com ostentação, mas com humildade e verdade.