No final de sua vida, o apóstolo Paulo estava preso em Roma, aguardando o julgamento que poderia levar à sua execução. Ele sabia que seu tempo na Terra estava se esgotando, mas seu coração estava cheio de paixão e urgência para transmitir suas últimas palavras a Timóteo, seu amado filho na fé. Em uma cela fria e úmida, iluminada apenas por uma pequena lamparina, Paulo pegou um pergaminho e começou a escrever com mãos trêmulas, mas determinadas. Suas palavras eram carregadas de emoção e sabedoria, um testemunho final de sua devoção a Cristo e seu amor pela Igreja.
“Timóteo, meu filho,” ele começou, “eu te exorto diante de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo, redargui, repreende, exorta, com toda a longanimidade e doutrina.”
Paulo fez uma pausa, olhando para a chama vacilante da lamparina. Ele imaginou Timóteo, jovem e às vezes tímido, mas cheio de potencial. Sabia que o mundo ao redor de Timóteo estava se tornando cada vez mais hostil à mensagem do Evangelho. As pessoas estavam se afastando da verdade, buscando mestres que lhes dissessem o que queriam ouvir, em vez do que precisavam ouvir. Paulo sentiu um peso em seu coração, mas também uma determinação feroz de encorajar Timóteo a permanecer firme.
“Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina,” ele continuou a escrever, “mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.”
Paulo sabia que Timóteo enfrentaria desafios. Falsos mestres já estavam se infiltrando nas igrejas, distorcendo a verdade e seduzindo os incautos com promessas vazias. Ele queria que Timóteo estivesse preparado, não apenas para ensinar, mas para corrigir, repreender e encorajar com paciência e amor. A mensagem do Evangelho não era popular, mas era necessária. E Timóteo precisava proclamá-la, quer fosse conveniente ou não.
“Mas tu, sê sóbrio em tudo,” Paulo escreveu, suas palavras fluindo como um rio de sabedoria, “sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.”
Paulo sabia que o ministério não era fácil. Ele mesmo havia enfrentado perseguições, prisões, naufrágios e traições. Mas ele também havia experimentado a fidelidade de Deus em cada passo do caminho. Ele queria que Timóteo soubesse que, embora o custo fosse alto, a recompensa era eterna.
“Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício,” Paulo continuou, suas palavras carregadas de uma mistura de tristeza e triunfo, “e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.”
Paulo sentiu uma paz profunda ao escrever essas palavras. Ele havia dado tudo por Cristo. Sua vida havia sido uma oferta viva, um sacrifício de amor. Ele não tinha arrependimentos. E agora, ele olhava para o futuro com esperança, sabendo que em breve estaria na presença do Senhor que tanto amava.
Ele então lembrou-se de seus companheiros de ministério. Alguns haviam sido fiéis, como Lucas, o médico amado, que ainda estava ao seu lado. Outros, como Demas, haviam abandonado a causa, amando mais o mundo do que a Cristo. Paulo sentiu uma pontada de tristeza, mas não de amargura. Ele sabia que cada um teria que prestar contas de suas escolhas.
“Procura vir ter comigo depressa,” ele escreveu a Timóteo. “Porque Demas me desamparou, amando o presente século, e foi para Tessalônica; Crescente, para a Galácia, Tito, para a Dalmácia. Só Lucas está comigo. Toma Marcos e traze-o contigo, porque me é muito útil para o ministério.”
Paulo também pediu a Timóteo que trouxesse sua capa, que havia deixado em Trôade, e seus livros, especialmente os pergaminhos. Mesmo em seus últimos dias, ele desejava estudar e se preparar. Ele também alertou Timóteo sobre Alexandre, o latoeiro, que havia causado muitos males e se oposto fortemente à mensagem do Evangelho.
“O Senhor lhe dará a paga segundo as suas obras,” Paulo escreveu, confiando na justiça divina. “Tu, porém, guarda-te também dele.”
Paulo então expressou sua gratidão pela fidelidade de Deus. Ele havia sido abandonado por muitos quando foi levado perante o tribunal romano, mas o Senhor estivera com ele, fortalecendo-o para que ele pudesse proclamar o Evangelho até mesmo diante de seus acusadores.
“Mas o Senhor esteve comigo e me fortaleceu,” ele escreveu, suas palavras transbordando de gratidão, “para que por mim fosse cumprida a pregação, e todos os gentios a ouvissem; e fiquei livre da boca do leão. E o Senhor me livrará de toda a obra má e me levará salvo para o seu reino celestial; a quem seja glória para todo o sempre. Amém.”
Paulo então encerrou sua carta com saudações pessoais, pedindo a Timóteo que cumprimentasse Prisca e Áquila, a família de Onesíforo e outros irmãos fiéis. Ele também enviou saudações de Eubulo, Pudente, Lino, Cláudia e todos os irmãos que ainda estavam em Roma.
“O Senhor Jesus Cristo seja com o teu espírito,” ele escreveu, suas palavras finais carregadas de amor e bênção. “A graça seja convosco.”
Paulo colocou a pena de lado e olhou para o pergaminho. Ele sabia que essas seriam algumas de suas últimas palavras. Ele orou para que Timóteo as lesse com um coração aberto e corajoso, e que continuasse a lutar o bom combate da fé. Enquanto a lamparina continuava a brilhar fracamente, Paulo sentiu uma profunda paz. Ele havia feito o que lhe fora confiado. Agora, ele estava pronto para receber a coroa da justiça que o Senhor, o justo juiz, lhe daria naquele grande dia.