No capítulo 28 de Ezequiel, o profeta recebe uma palavra do Senhor dirigida ao rei de Tiro, uma cidade próspera e poderosa, conhecida por sua riqueza e comércio. No entanto, a mensagem vai além do rei humano e aponta para uma figura espiritual por trás dele: o próprio Satanás, representado como o querubim ungido que caiu em orgulho e rebelião contra Deus. Vamos explorar essa história com detalhes vívidos e precisão teológica.
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Era uma vez, em um tempo distante, antes da criação do homem, quando os céus ainda resplandeciam com a glória pura e incontaminada de Deus. No jardim celestial, entre as estrelas e os coros angelicais, havia um ser magnífico, criado por Deus para ser um reflexo de Sua beleza e sabedoria. Ele era o querubim ungido, o guardião do monte santo de Deus. Seu nome não é mencionado, mas sua história é contada como um aviso para todos os que se deixam levar pelo orgulho.
Este querubim era perfeito em formosura e sabedoria. Suas asas eram adornadas com pedras preciosas: sardônia, topázio, diamante, crisólito, ônix, jaspe, safira, carbúnculo e esmeralda. Cada pedra brilhava com uma luz única, refletindo a glória do Criador. Ele caminhava entre as pedras de fogo, no Éden, o jardim de Deus, e sua voz era como uma melodia celestial, harmonizando-se com os louvores dos outros anjos.
No entanto, algo começou a mudar em seu coração. Ele olhou para si mesmo, para sua beleza e sabedoria, e começou a se envaidecer. “Eu sou perfeito”, pensou ele. “Minha sabedoria é incomparável. Por que devo servir a outro, se sou tão grandioso?” Seu coração, outrora cheio de adoração a Deus, começou a se encher de orgulho. Ele começou a cobiçar o trono do Altíssimo, desejando ser igual ao Criador.
Deus, em Sua infinita misericórdia, advertiu o querubim. Ele enviou mensageiros celestiais para lembrá-lo de sua origem e propósito. “Você foi criado para refletir Minha glória, não para usurpá-la”, disse o Senhor. Mas o querubim endureceu seu coração. Ele convenceu outros anjos a se juntarem a ele em sua rebelião, prometendo-lhes poder e glória. E assim, o pecado entrou no céu.
A queda foi rápida e terrível. O querubim, outrora o mais belo dos seres celestiais, foi lançado fora da presença de Deus. Suas pedras preciosas, que antes brilhavam com a luz divina, perderam seu esplendor. Ele foi expulso do monte santo, e o fogo da ira de Deus consumiu sua glória. Ele se tornou Satanás, o adversário, e seus seguidores, demônios.
Mas a história não termina aí. No capítulo 28 de Ezequiel, Deus usa a figura do rei de Tiro para ilustrar a queda de Satanás. Tiro era uma cidade rica e poderosa, orgulhosa de sua riqueza e sabedoria. O rei de Tiro se considerava um deus, sentado no trono de um paraíso terrestre. Ele acumulou tesouros e se encheu de orgulho, dizendo: “Eu sou um deus; assentei-me no trono de Deus, no coração dos mares.”
Deus, porém, viu o coração do rei e o julgou. “Você pensa que é sábio como um deus, mas é apenas um homem”, disse o Senhor. “Seu coração se exaltou, e você disse: ‘Eu sou um deus; assentei-me no trono de Deus.’ No entanto, você é um mero mortal, não um deus.” E assim como o querubim ungido foi lançado fora do céu, o rei de Tiro seria derrubado de seu trono. Estrangeiros viriam contra ele, e ele seria levado à morte, humilhado diante de todos.
A história do rei de Tiro e do querubim ungido serve como um aviso solene contra o orgulho e a rebelião. Ela nos lembra que toda glória pertence a Deus e que aqueles que tentam usurpar Seu lugar serão humilhados. Mas também nos aponta para a esperança: embora Satanás tenha caído, ele já foi derrotado por Jesus Cristo, que veio para destruir as obras do diabo e restaurar a humanidade à comunhão com Deus.
Assim, a história de Ezequiel 28 é um chamado à humildade, à adoração e à submissão ao único Deus verdadeiro, que reina para sempre sobre todas as coisas.