No décimo segundo capítulo do livro de Daniel, encontramos uma revelação profunda e misteriosa, cheia de simbolismo e esperança para o povo de Deus. A história se desenrola em um momento crucial, quando Daniel, o profeta fiel, recebe uma visão final que encerra suas profecias. Esta visão é entregue por um anjo, um mensageiro celestial, que traz palavras de consolo e advertência para os tempos futuros.
Era um dia como qualquer outro na vida de Daniel, mas o céu parecia mais pesado, como se o próprio ar estivesse carregado de mistério. Ele estava às margens do rio Tigre, um local que já havia sido cenário de outras revelações divinas. De repente, uma luz intensa irrompeu no horizonte, e Daniel viu dois seres celestiais pairando sobre as águas. Um deles era o mesmo anjo que ele já havia visto em visões anteriores, mas o outro era ainda mais glorioso, com uma aparência que transcendia a compreensão humana. Seu rosto brilhava como o sol, e suas vestes eram tão brancas que ofuscavam a neve mais pura. Era Miguel, o arcanjo, o grande príncipe que protege o povo de Deus.
Miguel se aproximou de Daniel e, com uma voz que ecoava como trovão, disse: “Daniel, homem amado, preste atenção às palavras que vou lhe dizer. Há um tempo de angústia como nunca houve desde que as nações existem, mas naquele tempo o seu povo será liberto: todos aqueles cujos nomes estão escritos no livro da vida.” Daniel sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ele sabia que o anjo estava falando de um período futuro, um tempo de grande tribulação que testaria a fé de todos os que amavam a Deus.
O profeta, ainda tremendo, perguntou: “Meu senhor, qual será o fim dessas coisas?” O anjo olhou para ele com compaixão, mas sua resposta foi enigmática: “Vá, Daniel, pois essas palavras estão seladas e secretas até o tempo do fim. Muitos serão purificados, embranquecidos e refinados, mas os ímpios continuarão ímpios. Nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão.”
Daniel ficou perplexo. Ele queria entender mais, mas o anjo continuou: “A partir do momento em que o sacrifício diário for abolido e a abominação que causa desolação for estabelecida, haverá mil duzentos e noventa dias. Feliz aquele que esperar e alcançar mil trezentos e trinta e cinco dias.” Esses números pareciam cifras, códigos que Daniel não conseguia decifrar completamente. Ele sabia que o anjo estava falando de um tempo específico, um período que só seria compreendido plenamente no futuro.
O anjo então ergueu as mãos para o céu e declarou: “Quanto a você, Daniel, siga o seu caminho até o fim. Você descansará e, então, no fim dos dias, você se levantará para receber a herança que lhe está reservada.” Essas palavras trouxeram um misto de conforto e inquietação ao coração de Daniel. Ele sabia que sua jornada na terra estava chegando ao fim, mas também tinha a certeza de que sua recompensa estava guardada nos céus.
A visão se desfez, e Daniel ficou sozinho às margens do rio Tigre, refletindo sobre tudo o que havia ouvido e visto. Ele sabia que suas profecias não eram apenas para ele, mas para todas as gerações futuras que buscariam entender os planos de Deus. A mensagem era clara: haveria tempos difíceis, mas aqueles que permanecessem fiéis seriam recompensados. A justiça de Deus prevaleceria, e os ímpios seriam julgados.
Daniel voltou para casa com o coração cheio de gratidão e reverência. Ele sabia que sua vida tinha sido um testemunho da fidelidade de Deus, e agora, com essa visão final, ele estava pronto para descansar. Ele se ajoelhou em oração, agradecendo a Deus por Sua misericórdia e por revelar-lhe os mistérios dos tempos futuros. E assim, Daniel continuou a viver em obediência e fé, até o dia em que partiu para estar com o Senhor, aguardando o dia glorioso em que se levantaria para receber sua herança eterna.
Essa visão de Daniel 12 nos lembra que, embora os tempos possam ser difíceis e os mistérios de Deus possam parecer profundos demais para nossa compreensão, podemos confiar em Sua promessa de que os justos serão recompensados. A fidelidade de Deus é a âncora que nos sustenta, mesmo quando o futuro parece incerto. E, como Daniel, somos chamados a viver com esperança, sabendo que nosso destino final está nas mãos do Deus que governa todas as coisas.
