Era uma manhã fresca e serena na pequena aldeia de Betel, onde o sol nascia suavemente sobre as colinas verdejantes, banhando os campos de trigo com um brilho dourado. Os pássaros cantavam melodias que pareciam ecoar a harmonia da criação, e o vento sussurrava entre as folhas das árvores, como se carregasse consigo os segredos do tempo. Naquele lugar, vivia um homem sábio chamado Eliab, conhecido por sua profunda compreensão das Escrituras e por sua habilidade de ensinar com parábolas e histórias que tocavam o coração de todos que o ouviam.
Naquela manhã, Eliab decidiu reunir os jovens da aldeia para compartilhar com eles as palavras do livro de Eclesiastes, especialmente o capítulo 11. Ele sabia que aqueles jovens estavam no início de suas jornadas, cheios de sonhos e incertezas, e desejava guiá-los com a sabedoria que vinha do alto.
Sob a sombra de uma grande figueira, Eliab começou a falar, sua voz calma e firme, como o fluir de um rio tranquilo. “Ouçam, meus filhos, as palavras do sábio: ‘Lance o seu pão sobre as águas, e depois de muitos dias você tornará a encontrá-lo.'” Ele fez uma pausa, olhando para os rostos curiosos à sua volta. “Vocês sabem o que isso significa?”
Os jovens olharam uns para os outros, hesitantes. Um deles, chamado Tobias, levantou a mão e perguntou: “Mestre, como podemos lançar pão sobre as águas? Não seria um desperdício?”
Eliab sorriu, seus olhos brilhando com a luz do conhecimento. “Ah, Tobias, você pensa de maneira prática, e isso é bom. Mas a sabedoria aqui vai além do literal. ‘Lance o seu pão sobre as águas’ significa ser generoso, compartilhar o que você tem, mesmo quando não sabe se verá um retorno imediato. É como semear em fé, confiando que, no tempo certo, a colheita virá.”
Ele continuou, gesticulando com as mãos para enfatizar suas palavras. “Imagine um agricultor que planta suas sementes. Ele não sabe qual semente brotará, nem qual vento trará a chuva, mas ele planta mesmo assim. Assim deve ser conosco. Devemos fazer o bem, ajudar os outros, investir em nossas relações e em nosso futuro, sem medo de que nossos esforços sejam em vão. Pois, como diz o sábio, ‘depois de muitos dias, você tornará a encontrá-lo.'”
Os jovens assentiam, começando a entender. Eliab prosseguiu, sua voz ganhando um tom mais solene. “E o que mais o sábio nos diz? ‘Reparta com sete, e até com oito, pois você não sabe que desgraça pode cair sobre a terra.’ Isso significa que devemos ser generosos em todas as circunstâncias, pois nunca sabemos o que o futuro nos reserva. A vida é cheia de incertezas, e a única certeza que temos é a bondade de Deus. Portanto, devemos confiar nEle e ser generosos, mesmo quando não entendemos completamente o porquê.”
Ele olhou para o horizonte, onde as nuvens começavam a se formar, anunciando uma possível chuva. “E há mais uma lição importante aqui: ‘Quem observa o vento não plantará, e quem olha para as nuvens não colherá.’ Quantas vezes deixamos de agir porque estamos esperando as condições perfeitas? Quantas oportunidades perdemos porque estávamos com medo de falhar? A vida é imprevisível, e se esperarmos pelo momento ideal, podemos nunca começar.”
Eliab fez uma pausa, permitindo que suas palavras ecoassem nos corações dos jovens. Ele sabia que aquelas lições eram fundamentais para a vida que eles levariam adiante. “Portanto, meus filhos, não tenham medo de agir, de semear, de investir em suas vidas e na vida dos outros. Sejam generosos, sejam corajosos, e confiem no Senhor, que sustenta todas as coisas.”
Enquanto a chuva começava a cair suavemente sobre a aldeia, os jovens se levantaram, agradecendo a Eliab por suas palavras. Eles saíram dali com o coração cheio de esperança e determinação, prontos para enfrentar os desafios da vida com fé e coragem. E Eliab, olhando para o céu, agradeceu a Deus por mais uma oportunidade de compartilhar a sabedoria que vem do alto, sabendo que, assim como a chuva rega a terra, as palavras de Deus regam os corações daqueles que estão dispostos a ouvir.