Bíblia em Contos

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Encontro Divino: Moisés e a Glória de Deus no Sinai

No coração do deserto, sob o céu vasto e estrelado, o povo de Israel acampava ao pé do monte Sinai. A presença de Deus era palpável, como uma brisa que soprava entre as tendas, lembrando a todos que o Senhor estava com eles. No entanto, a memória do bezerro de ouro ainda pesava como uma sombra sobre o acampamento. O pecado havia criado uma barreira entre Deus e Seu povo, e Moisés, o homem escolhido para liderar Israel, sentia o peso dessa separação.

Moisés havia erguido uma tenda fora do acampamento, a qual chamava de “Tenda do Encontro”. Era ali que ele se encontrava com o Senhor, face a face, como um homem fala com seu amigo. A cada vez que Moisés se dirigia à tenda, todo o povo se levantava e ficava de pé à entrada de suas próprias tendas, observando com reverência até que ele desaparecesse dentro da Tenda do Encontro. Quando Moisés entrava, a coluna de nuvem descia e ficava à entrada da tenda, sinalizando a presença do Senhor. E ali, dentro daquela tenda simples, Deus falava com Moisés.

Certa tarde, enquanto o sol começava a se pôr, tingindo o deserto com tons de ouro e púrpura, Moisés dirigiu-se ao Senhor com um coração cheio de angústia. Ele sabia que, embora Deus tivesse prometido conduzir o povo à Terra Prometida, Ele também havia dito que não iria pessoalmente com eles, para não consumi-los no caminho por causa de sua obstinação. Moisés não podia suportar a ideia de seguir adiante sem a presença do Senhor.

“Senhor”, começou Moisés, sua voz suave, mas cheia de determinação, “Tu me disseste para conduzir este povo, mas não me revelaste a quem enviarás comigo. Disseste: ‘Eu te conheço pelo nome e tu achaste graça aos meus olhos’. Se é assim, eu Te peço, permite que eu conheça os Teus caminhos, para que eu Te conheça e continue a achar graça aos Teus olhos. Lembra-Te de que esta nação é o Teu povo.”

O Senhor respondeu com uma voz que ecoava como o trovão distante, mas também carregada de ternura: “A Minha presença irá contigo, e Eu te darei descanso.”

Moisés, porém, não se contentou apenas com essa promessa. Ele sabia que a presença de Deus era a essência de tudo. Sem Ele, a Terra Prometida seria apenas mais um lugar. Com o coração transbordando de paixão, ele suplicou: “Se a Tua presença não for conosco, não nos faças sair daqui. Como saberão que eu e o Teu povo achamos graça aos Teus olhos, se não fores conosco? A Tua presença é o que nos distingue de todos os outros povos da terra.”

O Senhor, movido pela sinceridade e devoção de Moisés, respondeu: “Farei o que pedes, porque tu achaste graça aos Meus olhos, e Eu te conheço pelo nome.”

Encorajado, mas ainda buscando mais, Moisés ousou fazer um pedido ainda maior: “Então, eu Te peço, mostra-me a Tua glória.”

O Senhor respondeu: “Eu farei passar toda a Minha bondade diante de ti e proclamarei o Meu nome, o Senhor, na tua presença. Terei misericórdia de quem Eu tiver misericórdia e terei compaixão de quem Eu tiver compaixão. Mas”, continuou Ele, “tu não poderás ver a Minha face, porque ninguém pode ver a Minha face e viver.”

E o Senhor instruiu Moisés: “Há aqui um lugar junto a Mim, onde tu poderás ficar sobre uma rocha. Quando a Minha glória passar, Eu te porei numa fenda da rocha e te cobrirei com a Minha mão, até que Eu tenha passado. Depois, retirarei a Minha mão, e tu verás as Minhas costas; mas a Minha face não se verá.”

Moisés obedeceu. Na manhã seguinte, ele subiu ao monte Sinai, como o Senhor havia ordenado. O ar estava carregado de uma solenidade indescritível, e o silêncio era tão profundo que parecia que até o vento segurava a respiração. Moisés posicionou-se sobre a rocha, e ali, naquele lugar sagrado, ele esperou.

De repente, a glória do Senhor começou a se manifestar. Uma luz tão intensa que ofuscava o sol inundou o monte, e uma voz poderosa, cheia de majestade e amor, proclamou: “O Senhor, o Senhor, Deus compassivo e misericordioso, paciente, cheio de amor e de fidelidade, que mantém o Seu amor a milhares e perdoa a iniquidade, a rebelião e o pecado. Contudo, não deixa de punir o culpado; castiga os filhos e os netos pelo pecado de seus pais até a terceira e quarta gerações.”

Enquanto a glória do Senhor passava, Moisés foi colocado na fenda da rocha, protegido pela mão de Deus. Ele não podia ver o rosto do Senhor, mas sentiu a Sua presença de uma maneira tão íntima e poderosa que seu coração ardia com uma mistura de temor e alegria. Quando a mão foi retirada, Moisés viu as costas do Senhor, uma visão que o encheu de uma reverência ainda mais profunda.

Ao descer do monte, o rosto de Moisés brilhava com a glória de Deus, tão intensamente que ele precisou cobrir-se com um véu para que o povo pudesse olhar para ele. E assim, Moisés retornou ao acampamento, carregando consigo a promessa da presença do Senhor e a certeza de que, apesar de suas falhas, o povo de Israel era amado e guiado por um Deus que é misericordioso e fiel.

E assim, o povo seguiu em frente, não apenas em direção à Terra Prometida, mas em direção a um relacionamento mais profundo com o Deus que os havia escolhido para ser Sua possessão preciosa.

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