Bíblia em Contos

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A Gratidão de Eliabe e os Primeiros Frutos em Canaã

Era uma manhã fresca e serena, e o sol começava a despontar sobre as colinas verdejantes de Canaã. O povo de Israel, após longos anos de peregrinação pelo deserto, finalmente se estabelecera na terra que o Senhor prometera a seus antepassados. As plantações de trigo e cevada balançavam suavemente ao vento, e as videiras carregadas de uvas maduras refletiam a abundância daquela terra que manava leite e mel.

No centro de uma pequena aldeia, um homem chamado Eliabe preparava-se para um momento solene. Ele havia acordado cedo, lavado o rosto com água fresca e vestido suas melhores roupas. Em suas mãos, segurava uma cesta de vime, cuidadosamente tecida por sua esposa, e dentro dela colocara os primeiros frutos de sua colheita: espigas douradas de trigo, cachos pesados de uvas e figos suculentos. Era o tempo da colheita, e Eliabe sabia que aqueles frutos não eram apenas o resultado de seu trabalho, mas uma dádiva do Senhor.

Com passos firmes, Eliabe dirigiu-se ao santuário, onde o sacerdote oficiava. Ao seu redor, outros israelitas também caminhavam, cada um carregando sua cesta de primícias. O ar estava impregnado de um sentimento de gratidão e reverência. Eliabe lembrava-se das palavras que Moisés havia transmitido ao povo, registradas no livro de Deuteronômio, capítulo 26. Ele sabia que aquele ato não era apenas uma oferta, mas uma confissão de fé e uma declaração de pertencimento ao povo escolhido por Deus.

Ao chegar ao santuário, Eliabe aproximou-se do sacerdote e, com as mãos tremendo de emoção, entregou-lhe a cesta. O sacerdote, vestido com suas vestes sagradas, recebeu a oferta e colocou-a diante do altar. Então, com voz firme e cheia de autoridade, ele disse a Eliabe: “Hoje, você declarará diante do Senhor, seu Deus, a sua gratidão e a história da redenção do seu povo.”

Eliabe respirou fundo e começou a recitar as palavras que havia ensaiado em seu coração: “Eu declaro hoje ao Senhor, meu Deus, que entrei na terra que o Senhor jurou aos nossos antepassados que nos daria.” Sua voz ecoou pelo santuário, e todos os presentes prestaram atenção. Ele continuou: “Meu pai era um arameu errante, que desceu ao Egito com pouca gente e ali viveu e se tornou uma grande nação, poderosa e numerosa. Mas os egípcios nos maltrataram e nos oprimiram, impondo-nos trabalhos pesados. Clamamos ao Senhor, o Deus dos nossos antepassados, e o Senhor ouviu o nosso clamor e viu a nossa miséria, o nosso sofrimento e a nossa opressão. O Senhor nos tirou do Egito com mão poderosa e braço forte, com feitos temíveis, com sinais e maravilhas. Ele nos trouxe a este lugar e nos deu esta terra, uma terra onde manam leite e mel.”

Enquanto Eliabe falava, lágrimas rolavam pelo seu rosto. Ele lembrava-se das histórias que seu avô contava sobre os dias de escravidão no Egito, das noites frias no deserto e do maná que caía do céu. Lembrava-se também do dia em que atravessaram o Jordão, com as águas paradas diante da arca da aliança. Tudo aquilo era real, e ele fazia parte dessa história.

Após a declaração, o sacerdote ergueu a cesta diante do altar e ofereceu-a ao Senhor. Eliabe inclinou-se em reverência, e o sacerdote proclamou: “Agora, traga estes primeiros frutos da terra que o Senhor, o seu Deus, lhe deu. Coloque-os diante do Senhor, o seu Deus, e adore-o. E alegre-se por todas as coisas boas que o Senhor, o seu Deus, deu a você e à sua família.”

Eliabe sentiu uma profunda alegria inundar seu coração. Ele sabia que aquela oferta não era apenas um ritual, mas um ato de adoração e gratidão. Era uma maneira de reconhecer que tudo o que ele possuía vinha das mãos generosas de Deus. Ele olhou ao redor e viu seus vizinhos, seus amigos e sua família, todos unidos em um só propósito: honrar ao Senhor.

Ao final da cerimônia, Eliabe retornou à sua casa, mas seu coração estava leve e cheio de paz. Ele sabia que, ao oferecer os primeiros frutos, ele não apenas cumpria um mandamento, mas também renovava sua aliança com Deus. Ele prometeu a si mesmo que ensinaria seus filhos sobre a fidelidade do Senhor e os levaria ao santuário para que também pudessem experimentar a alegria de servir ao Deus vivo.

E assim, naquela terra prometida, o povo de Israel continuou a viver em obediência e gratidão, lembrando-se sempre de que o Senhor era o seu libertador, o seu provedor e o seu Deus. E as palavras de Deuteronômio 26 ecoavam em seus corações: “E agora, traga os primeiros frutos da terra que o Senhor, o seu Deus, lhe deu, e adore-o com alegria.”

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