No sexto ano do exílio do rei Joaquim, no quinto dia do sexto mês, eu, Ezequiel, filho de Buzi, estava em minha casa entre os exilados junto ao rio Quebar. Ali, a mão do Senhor veio sobre mim com grande poder, e eu vi visões de Deus. O Espírito me levantou e me levou a um lugar alto, onde pude contemplar a terra de Israel em toda a sua extensão. Era uma terra outrora próspera, mas agora marcada pela idolatria e pela rebeldia contra o Senhor.
O Senhor me disse: “Filho do homem, volta o teu rosto para os montes de Israel e profetiza contra eles. Dize-lhes: ‘Ouvi a palavra do Senhor Deus! Assim diz o Senhor aos montes, aos outeiros, aos vales e aos ribeiros: Eis que eu, o Senhor, trarei sobre vós a espada, e destruirei os vossos altares idólatras. Os vossos altares serão assolados, e os vossos ídolos quebrados. Farei cair os vossos mortos diante dos vossos ídolos, e espalharei os vossos ossos em redor dos vossos altares. Onde quer que habiteis, as cidades serão destruídas, e os lugares altos serão assolados, para que os vossos altares sejam devastados e destruídos, os vossos ídolos quebrados e cessados, as vossas imagens despedaçadas, e as vossas obras apagadas.'”
Enquanto eu ouvia essas palavras, uma sensação de tristeza e temor tomou conta de mim. O Senhor continuou: “Os mortos cairão no meio de vós, e sabereis que eu sou o Senhor. Contudo, deixarei um remanescente, para que alguns de vós escapem da espada entre as nações, quando fordes espalhados pelas terras. Então, os que escaparem se lembrarão de mim entre as nações para onde forem levados cativos, pois eu quebrei o seu coração infiel, que se desviou de mim, e os seus olhos que se prostituíram após os seus ídolos. E eles terão nojo de si mesmos pelas maldades que cometeram, por todas as suas abominações. E saberão que eu sou o Senhor, e que não falei em vão quando disse que lhes traria esta calamidade.”
A visão era terrível, mas eu sabia que era a justiça de Deus se manifestando. O Senhor me mostrou os montes de Israel cobertos de altares pagãos, onde o povo oferecia sacrifícios a deuses de madeira e pedra. Vi os vales manchados de sangue inocente, onde crianças eram sacrificadas a Moloque. Vi os outeiros adornados com imagens de Aserá, e os ribeiros poluídos pela idolatria. A terra que outrora fluía leite e mel agora estava encharcada de pecado.
O Senhor prosseguiu: “Assim diz o Senhor Deus: Batei as mãos, e batei os pés, e dizei: Ah! Por todas as abominações malignas da casa de Israel, pois cairão à espada, pela fome e pela peste. O que estiver longe morrerá de peste, o que estiver perto cairá pela espada, e o que ficar de resto e for sitiado morrerá de fome. Assim cumprirei o meu furor sobre eles. Então sabereis que eu sou o Senhor, quando os seus mortos estiverem no meio dos seus ídolos, em redor dos seus altares, sobre todo outeiro alto, em todos os cumes dos montes, e debaixo de toda árvore verde, e debaixo de todo carvalho frondoso, no lugar onde ofereciam cheiro suave a todos os seus ídolos. Estenderei a minha mão sobre eles, e farei a terra desolada e assolada, mais do que o deserto de Dibla, em todos os lugares onde habitam. E saberão que eu sou o Senhor.'”
Enquanto eu ouvia essas palavras, senti o peso da mensagem que deveria levar ao povo. Era uma mensagem de juízo, mas também de esperança, pois o Senhor prometeu que um remanescente seria preservado. Apesar da severidade do castigo, o amor de Deus ainda brilhava como um farol no meio da escuridão. Ele não abandonaria completamente o seu povo, mas os purificaria através do sofrimento, para que pudessem retornar a Ele com um coração quebrantado e contrito.
Assim, com o coração pesado, mas com a certeza de que estava cumprindo a vontade de Deus, eu desci do lugar alto e comecei a proclamar a mensagem aos exilados. Muitos se recusaram a ouvir, endurecendo seus corações como seus irmãos em Israel. Mas alguns choraram e se arrependeram, clamando ao Senhor por misericórdia. E eu sabia que, mesmo em meio ao juízo, a graça de Deus ainda estava presente, pronta para restaurar aqueles que se voltassem para Ele de todo o coração.
