**A Preparação para o Templo: A História de Davi e Salomão**
No coração de Jerusalém, o rei Davi, um homem segundo o coração de Deus, contemplava as muralhas da cidade que ele havia conquistado e estabelecido como capital do reino de Israel. O sol poente lançava tons dourados sobre as pedras da cidade, e o ar estava carregado de um silêncio reverente. Davi estava em pé no monte Moriá, o mesmo lugar onde, anos antes, ele havia comprado a eira de Ornã, o jebuseu, para construir um altar ao Senhor após o terrível censo que trouxe juízo sobre Israel. Agora, ele olhava para aquele terreno sagrado com um misto de gratidão e tristeza.
Davi sabia que seu tempo como rei estava chegando ao fim. Ele havia governado Israel por quarenta anos, conduzindo o povo com justiça e devoção a Deus. Mas havia um desejo ardente em seu coração que ainda não havia sido realizado: construir um templo para o Senhor, um lugar onde a Arca da Aliança pudesse repousar e onde o povo de Israel pudesse adorar o Deus de seus pais. No entanto, o Senhor havia falado claramente a Davi através do profeta Natã: “Você não construirá uma casa para o meu nome, porque você é um homem de guerra e derramou muito sangue” (1 Crônicas 22:8).
Apesar da proibição divina, Davi não se entregou ao desânimo. Em vez disso, ele decidiu preparar tudo o que fosse necessário para que seu filho Salomão, a quem Deus havia escolhido para sucedê-lo, pudesse cumprir essa missão sagrada. Davi sabia que Salomão era um homem de paz, e o Senhor havia prometido que seria ele quem construiria o templo.
Com um coração cheio de zelo e amor por Deus, Davi começou a reunir os materiais necessários para a construção do templo. Ele enviou mensageiros a todas as partes do reino, ordenando que trouxessem madeiras de cedro do Líbano, pedras preciosas, ouro, prata e bronze em abundância. Ele também convocou os melhores artesãos, ferreiros, carpinteiros e pedreiros de Israel e das nações vizinhas. Davi queria que o templo fosse uma obra magnífica, digna do Deus Todo-Poderoso.
Enquanto os materiais eram reunidos, Davi passava horas em oração, buscando a orientação do Senhor. Ele meditava nas promessas de Deus e nas histórias de seus antepassados, como Abraão, Isaque e Jacó, que haviam construído altares e adorado a Deus em lugares simples. Davi sabia que o templo não seria apenas um edifício de pedra e madeira, mas um lugar onde a presença de Deus habitaria entre o seu povo.
Certo dia, Davi chamou Salomão para uma conversa solene. O jovem príncipe, ainda em seus primeiros anos de vida adulta, ouviu atentamente as palavras de seu pai. Davi colocou as mãos sobre os ombros de Salomão e disse com voz firme e cheia de emoção: “Meu filho, eu tinha no coração o propósito de construir uma casa para o nome do Senhor, o meu Deus. Mas a palavra do Senhor veio a mim, dizendo: ‘Você derramou muito sangue e lutou muitas guerras. Por isso, você não construirá uma casa para o meu nome. Mas você terá um filho que será um homem de paz e descanso, e eu darei descanso a ele de todos os seus inimigos ao redor. Seu nome será Salomão, e eu concederei paz e tranquilidade a Israel durante o seu reinado. Ele construirá uma casa para o meu nome'” (1 Crônicas 22:7-10).
Salomão olhou para seu pai com olhos cheios de admiração e humildade. Ele sabia que a tarefa que lhe era confiada era imensa, mas também sentia a presença de Deus ao seu lado. Davi continuou: “Agora, meu filho, que o Senhor esteja com você, e que você tenha sucesso na construção do templo do Senhor, o seu Deus, conforme ele prometeu a seu respeito. Que o Senhor lhe dê sabedoria e entendimento quando ele o puser como rei sobre Israel, para que você obedeça à lei do Senhor, o seu Deus” (1 Crônicas 22:11-12).
Davi então entregou a Salomão os planos detalhados que ele havia recebido por inspiração divina para o templo. Havia desenhos precisos do edifício, dos pátios, das câmaras e dos utensílios sagrados. Davi também havia separado uma grande quantidade de ouro, prata, bronze, ferro e madeira, além de pedras preciosas para a decoração. Ele disse a Salomão: “Agora, com toda a minha dedicação, preparei para o templo do Senhor cem mil talentos de ouro, um milhão de talentos de prata, e tanto bronze e ferro que não se pode pesar. Também preparei madeira e pedras, e você poderá acrescentar mais” (1 Crônicas 22:14).
Salomão ficou maravilhado com a generosidade e a visão de seu pai. Ele prometeu a Davi que faria tudo conforme as instruções e que buscaria a sabedoria de Deus para cumprir a missão. Davi, então, reuniu todos os líderes de Israel e declarou publicamente que Salomão seria o próximo rei e o construtor do templo. Ele exortou o povo a apoiar Salomão e a se dedicar à obra do Senhor.
Nos dias seguintes, Davi continuou a orar e a se preparar para a transição do poder. Ele sabia que sua morte estava próxima, mas estava em paz, pois havia feito tudo o que estava ao seu alcance para garantir que o templo fosse construído. Ele confiava que Deus estaria com Salomão e que o povo de Israel continuaria a seguir os caminhos do Senhor.
Quando chegou o dia de sua partida, Davi reuniu-se com Salomão pela última vez. Ele abençoou o filho e disse: “Seja forte e corajoso, e mãos à obra! Não tenha medo nem desanime, pois o Senhor Deus, o meu Deus, está com você. Ele não o deixará nem o abandonará até que toda a obra para o serviço do templo do Senhor esteja terminada” (1 Crônicas 28:20).
Com essas palavras, Davi entregou sua alma ao Senhor, deixando para trás um legado de fé, devoção e preparação. Salomão, agora rei de Israel, assumiu a missão de construir o templo, sabendo que o Deus de seu pai estaria com ele em cada passo do caminho.
E assim, a história do templo de Deus começou a se desenrolar, não apenas como um edifício físico, mas como um símbolo da presença divina entre o seu povo, um testemunho da fidelidade de Deus e da obediência daqueles que o amam.
