Era uma manhã fresca e serena na pequena cidade de Jerusalém. O sol começava a despontar no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e rosa. Os pássaros cantavam suavemente, e o aroma de pão fresco assado nas padarias locais flutuava pelo ar. No meio dessa tranquilidade, um grupo de crentes se reunia em uma casa simples, mas acolhedora, para ouvir as palavras de Tiago, irmão do Senhor Jesus.
Tiago, um homem de semblante calmo e olhos cheios de sabedoria, estava sentado em uma cadeira de madeira, cercado por homens e mulheres que ansiavam por aprender mais sobre a fé que os unia. Ele segurava um pergaminho nas mãos, mas suas palavras fluíam com uma autoridade que vinha do Espírito Santo. Naquele dia, ele decidiu abordar um tema que tocava o coração de todos: o poder da língua.
“Meus irmãos e irmãs,” começou Tiago, sua voz suave, mas firme, “não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo. Pois todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça no falar, é perfeito varão, capaz de refrear também todo o corpo.”
Ele fez uma pausa, olhando nos olhos de cada um dos presentes. “Vejam,” continuou, “quando colocamos freios na boca dos cavalos, para que nos obedeçam, conseguimos controlar todo o corpo deles. Observem também os navios: embora sejam tão grandes e impelidos por fortes ventos, são guiados por um pequeno leme, para onde quer que o piloto deseje. Assim também a língua é um pequeno membro, mas se gaba de grandes coisas. Vejam como uma grande floresta é incendiada por uma pequena fagulha!”
As palavras de Tiago ecoavam na sala, e os ouvintes se inclinavam para frente, fascinados. Ele prosseguiu, descrevendo como a língua, embora pequena, tem o poder de abençoar ou amaldiçoar, de construir ou destruir. “Com ela bendizemos ao Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isso seja assim.”
Ele então contou uma história para ilustrar seu ponto. “Havia uma vez um homem chamado Eliabe, conhecido por sua eloquência e habilidade de falar. Ele era respeitado na comunidade, mas, em segredo, usava sua língua para espalhar fofocas e semear discórdia. Um dia, suas palavras causaram uma briga entre dois amigos íntimos, que nunca mais se reconciliaram. Eliabe, ao ver o estrago que havia causado, caiu de joelhos, arrependido, e clamou a Deus por perdão. Ele aprendeu, da maneira mais difícil, que a língua é um fogo, um mundo de iniquidade.”
Tiago então levantou as mãos, como se abençoando a todos. “Meus amados, a sabedoria que vem do alto é primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade e sem hipocrisia. E o fruto da justiça semeia-se em paz para aqueles que promovem a paz.”
Ele concluiu sua mensagem com um apelo sincero: “Vigiem suas palavras, meus irmãos. Que elas sejam como água fresca para os sedentos, como bálsamo para os feridos. Lembrem-se de que, no dia do juízo, daremos conta de toda palavra ociosa que proferirmos.”
Ao final, a sala ficou em silêncio, cada coração refletindo sobre o peso das palavras que haviam ouvido. Alguns choravam baixinho, outros se abraçavam, prometendo uns aos outros serem mais cuidadosos com o que diziam. Tiago, com um sorriso gentil, levantou-se e abençoou a todos, desejando-lhes paz e sabedoria.
E assim, naquela manhã tranquila em Jerusalém, um grupo de crentes foi lembrado do poder transformador — e destrutivo — da língua, e da importância de usá-la para glorificar a Deus e edificar uns aos outros.