No coração de uma cidade antiga, onde as ruas de pedra eram testemunhas silenciosas de incontáveis histórias, havia uma casa majestosa. Esta não era uma casa comum, mas uma mansão construída com pedras cuidadosamente talhadas, erguida sobre sete colunas sólidas que pareciam tocar o céu. Era a casa da Sabedoria, uma figura nobre e graciosa, cuja fama se espalhava por todas as terras. Seu nome era pronunciado com reverência, e aqueles que a buscavam eram transformados para sempre.
A Sabedoria não era apenas uma dona de casa, mas uma anfitriã generosa. Ela havia preparado um grande banquete, com mesas repletas de iguarias: pães frescos, vinho fino, carnes suculentas e frutas doces. O aroma do banquete se espalhava pelas ruas, convidando todos que passavam a entrar e desfrutar. Ela mesma havia trabalhado diligentemente, preparando tudo com cuidado e amor. Agora, ela estava pronta para receber seus convidados.
Com passos firmes e serenos, a Sabedoria saiu para as praças públicas, onde o povo se reunia. Sua voz era clara e melodiosa, como o som de um riacho tranquilo, mas também cheia de autoridade, como o trovão que ecoa nas montanhas. Ela chamava aqueles que estavam simples, que não tinham discernimento, e os convidava a entrar em sua casa.
— Venham, venham! — ela exclamava, estendendo as mãos em um gesto acolhedor. — Deixem a insensatez e a ignorância para trás. Venham comer do meu pão e beber do vinho que preparei. A vida que ofereço é plena e verdadeira. Quem é simples, que entre aqui; quem é tolo, que venha e aprenda!
Sua voz ecoava pelas ruas, alcançando os ouvidos de muitos. Alguns paravam, intrigados pelo convite. Outros hesitavam, temendo o desconhecido. Mas havia aqueles que, reconhecendo a voz da Sabedoria, seguiam-na com corações ansiosos. Eles sabiam que, ao entrar naquela casa, não apenas saciariam sua fome física, mas também encontrariam alimento para suas almas.
Enquanto isso, em outra parte da cidade, uma figura sombria também chamava a atenção. Era a Insensatez, uma mulher barulhenta e imprudente, que se sentava à porta de sua casa, uma construção frágil e instável, feita de materiais toscos e mal-acabados. Ela não tinha colunas sólidas, nem preparativos cuidadosos. Sua casa era um reflexo de sua própria natureza: superficial e enganosa.
A Insensatez também chamava os passantes, mas sua voz era estridente e cheia de astúcia.
— Venham, venham! — ela gritava, com um sorriso falso. — A água roubada é mais doce, e o pão comido em segredo é mais saboroso. Por que se preocupar com regras e limites? A vida é para ser vivida sem restrições!
Seu convite era sedutor, especialmente para os jovens e inexperientes, que ainda não haviam aprendido a discernir entre o certo e o errado. Alguns se deixavam levar por suas palavras, atraídos pela promessa de prazeres imediatos. Entravam em sua casa, sem perceber que estavam caminhando para a destruição.
Enquanto isso, na casa da Sabedoria, os convidados se reuniam ao redor da mesa. A atmosfera era de alegria e comunhão. A Sabedoria circulava entre eles, servindo com gentileza e ensinando com paciência.
— O temor do Senhor é o princípio da sabedoria — ela dizia, olhando nos olhos de cada um. — E o conhecimento do Santo é entendimento. Quem me encontra, encontra a vida e obtém o favor do Senhor. Mas quem peca contra mim, fere a si mesmo; todos os que me odeiam amam a morte.
Suas palavras eram como água fresca para os sedentos, como luz para os que caminhavam nas trevas. Aqueles que a ouviam sentiam seus corações se encherem de esperança e propósito. Eles compreendiam que a verdadeira sabedoria não era apenas conhecimento, mas um relacionamento íntimo com o Criador.
Do lado de fora, a noite caía sobre a cidade, e as luzes da casa da Sabedoria brilhavam como faróis no escuro. Enquanto isso, a casa da Insensatez permanecia envolta em sombras, um lugar de confusão e desespero. Aqueles que haviam entrado lá agora percebiam o engano em que haviam caído, mas era tarde demais.
A história da Sabedoria e da Insensatez ecoa através dos tempos, um lembrete eterno das escolhas que todos nós enfrentamos. A Sabedoria continua a chamar, oferecendo vida e plenitude. A Insensatez também persiste, tentando seduzir com promessas vazias. Cabe a cada um de nós decidir qual voz seguir.
E assim, naquela cidade antiga, as duas casas permaneciam, símbolos de dois caminhos: um que leva à vida e outro que leva à morte. A escolha, como sempre, é nossa.