Bíblia em Contos

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Jesus: O Sacerdote Eterno Segundo a Ordem de Melquisedeque

No coração da antiga cidade de Jerusalém, onde o sol brilhava intensamente sobre as muralhas de pedra e o som das orações ecoava pelos becos estreitos, havia um homem chamado Melquisedeque. Ele era um personagem misterioso, um rei e sacerdote que apareceu nas páginas da história sem genealogia, sem começo nem fim. Sua figura era como uma sombra que se estendia através dos séculos, apontando para algo maior, algo eterno. Ele abençoou Abraão, o pai da fé, e recebeu dízimos dele, mostrando que sua autoridade era superior até mesmo à do grande patriarca.

Mas a história que vamos contar hoje não é sobre Melquisedeque, embora ele seja uma figura central no entendimento do sacerdócio. Esta é a história de Jesus, o Filho de Deus, que foi designado por Deus como Sumo Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. O autor da Carta aos Hebreus, escrevendo para cristãos judeus que estavam enfrentando perseguição e dúvidas, queria lembrá-los da superioridade de Cristo sobre todos os sacerdotes e sacrifícios do Antigo Testamento.

Era uma manhã fresca, e o vento suave soprava sobre o Monte das Oliveiras, onde Jesus costumava orar. Ele estava ajoelhado, suas mãos firmes no chão, sua fronte suada enquanto clamava ao Pai. “Pai, se possível, afasta de mim este cálice”, Ele orou, sua voz tremendo com a gravidade do momento. “Mas não seja como eu quero, e sim como tu queres.” As palavras ecoavam no silêncio da noite, carregadas de uma angústia profunda, mas também de uma submissão completa à vontade do Pai.

Jesus sabia o que estava por vir. Ele havia sido escolhido por Deus para ser o Sumo Sacerdote, não como os sacerdotes da linhagem de Arão, que ofereciam sacrifícios de animais ano após ano, mas como um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque. Ele não precisava oferecer sacrifícios por seus próprios pecados, pois era sem pecado. Mas Ele carregaria sobre Si os pecados de toda a humanidade, tornando-Se o Cordeiro perfeito e o Sacerdote perfeito.

O autor de Hebreus explica que todo sumo sacerdote é escolhido entre os homens e designado para representá-los em questões relacionadas a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Ele é capaz de se compadecer dos ignorantes e extraviados, porque ele mesmo está sujeito à fraqueza. Por isso, ele precisa oferecer sacrifícios por seus próprios pecados, bem como pelos pecados do povo.

Mas Jesus era diferente. Ele não precisava oferecer sacrifícios por Si mesmo. Ele era santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e exaltado acima dos céus. No entanto, Ele escolheu se identificar completamente com a humanidade. Ele chorou, sentiu fome, experimentou a solidão e a dor. Ele foi tentado em todas as coisas, como nós, mas sem pecado. Por isso, Ele podia se compadecer verdadeiramente de nossas fraquezas.

Naquela noite fatídica no Jardim do Getsêmani, Jesus enfrentou a tentação mais profunda de todas: a tentação de evitar a cruz. Ele suou gotas de sangue, tamanha era a agonia de Sua alma. Ele clamou ao Pai, pedindo que, se possível, o cálice da ira divina fosse afastado dEle. Mas Ele se submeteu à vontade do Pai, mostrando que, embora fosse o Filho de Deus, Ele aprendeu a obediência por meio do sofrimento.

E foi por essa obediência que Ele se tornou a fonte de salvação eterna para todos os que Lhe obedecem. O autor de Hebreus nos lembra que, embora Jesus fosse o Filho de Deus, Ele não se glorificou a Si mesmo para se tornar Sumo Sacerdote. Foi Deus quem O designou, dizendo: “Tu és meu Filho, hoje te gerei”, e também: “Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.”

Quando Jesus foi crucificado, Ele não apenas morreu como um mártir. Ele ofereceu a Si mesmo como o sacrifício perfeito, uma vez por todas. Enquanto os sacerdotes do Antigo Testamento entravam no Santo dos Santos ano após ano com o sangue de animais, Jesus entrou no próprio céu, apresentando Seu próprio sangue como o preço final pelos nossos pecados. Ele não precisava repetir Seu sacrifício, como os sacerdotes terrenos faziam. Seu sacrifício foi completo, eficaz e eterno.

E agora, Ele está à direita do Pai, intercedendo por nós. Ele entende nossas lutas, nossas fraquezas, nossas tentações. Ele não é um sacerdote distante, impassível, mas alguém que caminhou entre nós, que sentiu nossa dor e carregou nossos fardos. Ele é o Sumo Sacerdote que precisamos, não segundo a ordem de Arão, mas segundo a ordem de Melquisedeque — um sacerdócio eterno, que não passa de geração em geração, mas que permanece para sempre.

E assim, o autor de Hebreus conclama seus leitores a se aproximarem do trono da graça com confiança, para que possam receber misericórdia e encontrar graça para ajudar em tempo de necessidade. Porque temos um Sumo Sacerdote que nos entende, que nos ama e que deu Sua vida por nós. Ele é Jesus, o Filho de Deus, o Sacerdote Eterno, a esperança da humanidade.

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