No décimo ano do reinado de Davi, quando ele já havia estabelecido seu trono em Jerusalém e o Senhor lhe concedera descanso de todos os seus inimigos ao redor, o rei começou a refletir sobre sua vida e as bênçãos que Deus havia derramado sobre ele. Ele olhou para o magnífico palácio de cedro que havia construído para si mesmo, com suas paredes altas e adornadas, seus salões amplos e cheios de luz, e sentiu um profundo desejo de fazer algo grandioso para o Senhor. Afinal, ele habitava em uma casa de cedro, enquanto a arca da aliança, o símbolo da presença de Deus, permanecia em uma tenda simples, o tabernáculo que Moisés havia construído no deserto.
Davi chamou o profeta Natã, um homem sábio e cheio do Espírito de Deus, e compartilhou seu coração: “Veja, Natã, eu habito em um palácio de cedro, mas a arca de Deus está dentro de uma tenda de peles. Isso não está certo. Eu quero construir uma casa para o Senhor, um templo magnífico que reflita Sua glória e majestade.”
Natã, tocado pela sinceridade de Davi, respondeu: “Vai e faz tudo o que está no teu coração, pois o Senhor está contigo.” Naquela noite, porém, o Senhor falou com Natã em um sonho e lhe deu uma mensagem para Davi. A palavra do Senhor era clara e cheia de promessas, mas também de correção amorosa.
Na manhã seguinte, Natã foi até Davi e disse: “Assim diz o Senhor: ‘Tu me construirás uma casa para eu habitar? Desde o dia em que tirei Israel do Egito até hoje, nunca habitei em uma casa; tenho andado em uma tenda e em um tabernáculo. Em todos os lugares por onde andei com todo o Israel, falei alguma vez a algum dos líderes das tribos de Israel, a quem ordenei que apascentassem o meu povo, dizendo: Por que não me edificais uma casa de cedro?'”
Davi ouviu em silêncio, seu coração batendo forte enquanto Natã continuava: “Agora, pois, dirás ao meu servo Davi: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eu te tirei das pastagens, de seguir as ovelhas, para que fosses líder sobre o meu povo Israel. Estive contigo em todos os lugares por onde andaste, e exterminei todos os teus inimigos diante de ti. Farei o teu nome grande, como o nome dos grandes que há na terra. E prepararei um lugar para o meu povo Israel, e o plantarei, para que habite no seu lugar, e nunca mais seja perturbado, e os filhos da iniquidade não o aflijam mais, como dantes.”
Davi sentiu um calafrio percorrer sua espinha enquanto Natã falava. Ele sabia que essas palavras vinham diretamente de Deus. O profeta continuou: “E te farei descansar de todos os teus inimigos. Também o Senhor te faz saber que ele te fará uma casa. Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então levantarei a tua descendência depois de ti, que sairá das tuas entranhas, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma casa ao meu nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino.”
Davi caiu de joelhos, suas lágrimas escorrendo pelo rosto. Ele não construiria o templo, mas seu filho, que ainda nem havia nascido, seria o escolhido para essa grande obra. E mais do que isso, Deus havia prometido estabelecer o trono de sua descendência para sempre. Era uma aliança eterna, uma promessa que transcendia gerações.
Natã prosseguiu, sua voz suave mas cheia de autoridade: “Eu serei seu pai, e ele será meu filho. Se ele cometer iniquidade, eu o castigarei com vara de homens e com açoites de filhos de homens; mas a minha misericórdia não se apartará dele, como a retirei de Saul, a quem tirei de diante de ti. Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; o teu trono será estabelecido para sempre.”
Davi permaneceu em silêncio por um longo momento, absorvendo cada palavra. Ele sabia que Deus estava falando diretamente com ele, não apenas sobre o futuro imediato, mas sobre um plano que se estenderia por séculos. Finalmente, ele se levantou e foi até o tabernáculo, onde a arca da aliança repousava. Ali, ele se prostrou diante do Senhor em humilde adoração.
“Quem sou eu, Senhor Deus, e o que é a minha casa, para que me tenhas trazido até aqui?” Davi clamou, sua voz cheia de emoção. “E ainda foi pouco aos teus olhos, Senhor Deus, pois também falaste da casa do teu servo para tempos distantes. Que mais te posso dizer, Senhor Deus, pois tu conheces o teu servo. Por amor do teu servo e segundo o teu coração, fizeste todas estas grandezas, para fazeres saber tudo isto.”
Davi continuou sua oração, expressando gratidão e admiração pela fidelidade de Deus. Ele reconheceu que não havia nação como Israel, um povo escolhido por Deus para ser Seu próprio povo. Ele glorificou a Deus por Suas maravilhas e por Sua promessa de estabelecer uma casa eterna para sua descendência.
“Portanto, agora, Senhor Deus, a palavra que falaste acerca do teu servo e acerca da sua casa, confirma-a para sempre, e faze como tens dito. E seja engrandecido o teu nome para sempre, para que se diga: O Senhor dos Exércitos é Deus sobre Israel; e a casa de Davi, teu servo, seja estabelecida perante ti.”
Davi terminou sua oração com um coração cheio de paz e gratidão. Ele sabia que, embora não fosse ele quem construiria o templo, Deus havia escolhido sua linhagem para cumprir um propósito eterno. Ele se comprometeu a viver de maneira digna dessa promessa, guiando o povo de Israel com justiça e integridade.
Naquela noite, enquanto Davi descansava em seu palácio de cedro, ele sonhou com o futuro. Ele viu um templo magnífico, cheio da glória de Deus, e um rei, seu descendente, sentado no trono para sempre. Ele sabia que Deus era fiel e que Suas promessas jamais falhariam. E assim, com um coração cheio de esperança, Davi adormeceu, confiando no plano perfeito do Senhor.