No palácio real de Susã, o ar estava carregado de uma mistura de alívio e tensão. A rainha Ester, uma jovem judia que havia sido elevada à posição de rainha da Pérsia, havia acabado de revelar sua verdadeira identidade ao rei Assuero. Ela havia exposto o plano maligno de Hamã, o principal conselheiro do rei, que tramara a destruição de todo o povo judeu. Hamã havia sido enforcado na forca que ele mesmo preparara para Mardoqueu, o tio de Ester e homem justo que havia salvado a vida do rei. Agora, o destino do povo judeu dependia de uma nova decisão do rei.
Ester, vestida com suas vestes reais, aproximou-se do rei com um coração cheio de súplica. Ela se prostrou aos pés de Assuero, e suas lágrimas caíram sobre o chão de mármore do palácio. O rei, movido por compaixão, estendeu o cetro de ouro para ela, um sinal de que ela poderia falar livremente.
“Se parecer bem ao rei, e se eu achei graça diante dele, e se o rei considera justo e se eu lhe sou agradável, escreva-se que se revoguem as cartas concebidas por Hamã, filho de Hamedata, o agagita, que ele escreveu para destruir os judeus que estão em todas as províncias do rei”, suplicou Ester, sua voz tremendo, mas cheia de determinação. “Pois como poderei ver o mal que sobrevirá ao meu povo? Como poderei ver a destruição da minha parentela?”
O rei Assuero, que já havia demonstrado favor a Ester, olhou para ela com ternura. Ele então chamou Mardoqueu, que havia sido nomeado como seu novo conselheiro, e ordenou que ele redigisse um novo decreto em nome do rei. O anel real, que carregava o selo de autoridade, foi entregue a Mardoqueu, simbolizando que o novo decreto teria o mesmo poder irrevogável do primeiro.
Mardoqueu, vestido com roupas reais de azul e branco, uma coroa de ouro na cabeça e um manto de linho fino, sentou-se para escrever o decreto. Ele convocou os escribas do rei e ditou as palavras que trariam esperança ao povo judeu. O decreto foi escrito em todas as línguas das províncias do império, desde a Índia até a Etiópia, e enviado por correios montados em cavalos velozes, criados especialmente para o serviço do rei.
O novo decreto concedia aos judeus o direito de se reunir e se defender contra qualquer ataque. Ele permitia que eles destruíssem, matassem e aniquilassem qualquer força armada que os ameaçasse, incluindo mulheres e crianças, e que saqueassem os bens de seus inimigos. O decreto foi emitido no dia 23 do terceiro mês, o mês de Sivã, e foi levado rapidamente a todas as províncias.
Quando o decreto chegou às cidades e vilarejos, os judeus se encheram de alegria e alívio. Em Susã, a capital, a notícia foi recebida com festa. As ruas, antes sombrias com o temor da destruição, agora ecoavam com cânticos de louvor e gratidão. Os judeus se reuniram em suas sinagogas, lendo o decreto em voz alta e agradecendo a Deus por Sua intervenção milagrosa.
Muitos dos habitantes das províncias, ao verem que os judeus agora tinham o favor do rei, se converteram ao judaísmo, temendo a ira do Deus de Israel. A influência de Mardoqueu cresceu ainda mais, e ele se tornou uma figura respeitada em todo o império, conhecido por sua sabedoria e integridade.
Ester, observando tudo isso de seu lugar no palácio, sentiu um profundo senso de gratidão. Ela sabia que Deus havia usado sua posição para salvar seu povo, e sua fé foi fortalecida. Ela e Mardoqueu continuaram a trabalhar juntos, garantindo que os judeus estivessem preparados para o dia marcado para sua defesa.
Quando o dia 13 do décimo segundo mês, o mês de Adar, finalmente chegou, os judeus se levantaram contra seus inimigos. Em todas as províncias, eles se defenderam com coragem, e nenhum foi capaz de resistir a eles. Em Susã, os judeus mataram quinhentos homens, incluindo os dez filhos de Hamã, cujos corpos foram pendurados na forca como um lembrete da justiça divina.
O povo judeu celebrou sua vitória com grande alegria, e o dia seguinte foi marcado por festas e ações de graças. Eles chamaram esse dia de Purim, em referência às sortes (pur) que Hamã havia lançado para determinar a data de sua destruição. A partir daquele dia, os judeus estabeleceram a celebração de Purim como um memorial perpétuo, para lembrar como Deus havia transformado o luto em alegria e o pranto em festa.
E assim, a história de Ester e Mardoqueu se tornou um testemunho poderoso da fidelidade de Deus para com Seu povo, mesmo em meio às circunstâncias mais sombrias. Eles aprenderam que, embora os decretos dos homens possam parecer irrevogáveis, o decreto de Deus é supremo, e Ele sempre cumpre Suas promessas para aqueles que confiam nEle.