Bíblia em Contos

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O Bezerro de Ouro e a Fé Abalada no Sinai

No sopé do Monte Sinai, o ar estava pesado com a presença divina. Moisés havia subido ao cume para receber as tábuas da Lei, escritas pelo próprio dedo de Deus. O povo de Israel, que havia testemunhado maravilhas inimagináveis — a abertura do Mar Vermelho, a coluna de fogo e nuvem, e a voz de Deus trovejando no Sinai — agora esperava ao pé da montanha. Mas os dias se passaram, e Moisés não retornava. A espera começou a corroer a fé do povo, e a incerteza se transformou em inquietação.

“Onde está Moisés? Onde está o Deus que nos tirou do Egito?”, murmuravam uns aos outros. A ansiedade crescia como uma tempestade que se aproxima, e logo o medo tomou conta de seus corações. Eles se reuniram em torno de Arão, irmão de Moisés, e disseram: “Levanta-te, faze-nos deuses que vão adiante de nós, porque não sabemos o que aconteceu a este Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito.”

Arão, pressionado pelo clamor do povo, vacilou. Em vez de se manter firme na fé no Deus vivo, ele cedeu ao medo e à pressão. “Tirai os brincos de ouro das orelhas de vossas mulheres, de vossos filhos e de vossas filhas, e trazei-mos”, ordenou. O povo, ávido por algo tangível para adorar, rapidamente trouxe seus ornamentos de ouro. Arão fundiu o metal no fogo e, com suas próprias mãos, moldou um bezerro de ouro. Quando a estátua brilhante foi erguida, o povo exclamou: “Estes são os teus deuses, ó Israel, que te tiraram da terra do Egito!”

Ao verem o bezerro, o coração do povo se encheu de alegria falsa. Eles construíram um altar diante da imagem e, no dia seguinte, ofereceram holocaustos e sacrifícios de paz. Sentaram-se para comer e beber e, em seguida, levantaram-se para se divertir. A celebração rapidamente degenerou em orgia e idolatria, com danças desenfreadas e gritos de louvor ao bezerro de ouro. O som de tambores e flautas ecoava pelo acampamento, e o cheiro de incenso e carne queimada subia ao céu.

Enquanto isso, no topo do Monte Sinai, Deus falou a Moisés: “Desce, porque o teu povo, que tiraste da terra do Egito, se corrompeu. Eles se desviaram rapidamente do caminho que lhes ordenei. Fizeram para si um bezerro de fundição, e o adoraram, e lhe ofereceram sacrifícios, e disseram: ‘Estes são os teus deuses, ó Israel, que te tiraram da terra do Egito.'”

A ira de Deus se acendeu contra o povo, e Ele disse a Moisés: “Deixa-me, para que o meu furor se acenda contra eles, e eu os consuma; e de ti farei uma grande nação.” Moisés, porém, intercedeu pelo povo com um coração cheio de compaixão e amor. Ele se prostrou diante de Deus e suplicou: “Ó Senhor, por que se acende o teu furor contra o teu povo, que tiraste da terra do Egito com grande poder e com forte mão? Por que diriam os egípcios: ‘Foi com mau intento que ele os tirou, para matá-los nos montes e para consumi-los da face da terra’? Lembra-te de Abraão, de Isaque e de Israel, teus servos, aos quais juraste por ti mesmo, e lhes disseste: ‘Multiplicarei a vossa descendência como as estrelas do céu, e toda esta terra de que tenho falado darei à vossa descendência, e eles a possuirão para sempre.'”

Deus ouviu a súplica de Moisés e reteve Sua mão de destruição. Moisés desceu do monte com as duas tábuas da Lei nas mãos, escritas em ambos os lados. Quando ele se aproximou do acampamento, ouviu o barulho das celebrações e viu o bezerro de ouro e as danças. Sua ira se acendeu, e ele arremessou as tábuas ao chão, quebrando-as ao pé do monte. Ele tomou o bezerro que haviam feito, queimou-o no fogo, moeu-o até reduzir a pó, espalhou-o sobre a água e fez o povo de Israel beber.

Então, Moisés confrontou Arão: “Que te fez este povo, que trouxeste sobre ele tamanho pecado?” Arão, envergonhado, respondeu: “Não se acenda a ira do meu senhor; tu sabes que este povo é propenso ao mal. Eles me disseram: ‘Faze-nos deuses que vão adiante de nós.’ Então eu lhes disse: ‘Quem tem ouro, tire-o.’ E eles mo deram, e eu o lancei no fogo, e saiu este bezerro.”

Moisés viu que o povo estava desenfreado, pois Arão os havia deixado soltos, para vergonha entre os seus inimigos. Ele se colocou à entrada do acampamento e clamou: “Quem é do Senhor, venha a mim!” Todos os filhos de Levi se reuniram ao seu redor. Moisés ordenou-lhes: “Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘Cada um ponha a sua espada sobre a coxa; passai e tornai a passar pelo acampamento, de porta em porta, e mate cada um a seu irmão, e cada um a seu amigo, e cada um a seu próximo.'” Os levitas obedeceram, e naquele dia caíram cerca de três mil homens.

No dia seguinte, Moisés disse ao povo: “Vós cometestes grande pecado; agora, porém, subirei ao Senhor; talvez possa fazer propiciação por vosso pecado.” Ele subiu novamente ao monte e suplicou a Deus: “Ah, este povo cometeu grande pecado, fazendo para si deuses de ouro. Agora, pois, perdoa o seu pecado; se não, risca-me, peço-te, do teu livro que escreveste.”

Deus respondeu a Moisés: “Aquele que pecou contra mim, a este riscarei do meu livro. Agora vai, conduze o povo para onde te disse; eis que o meu anjo irá adiante de ti; porém, no dia da minha visitação, visitarei neles o seu pecado.” E o Senhor feriu o povo com uma praga, por causa do bezerro que Arão fizera.

Assim, o povo de Israel aprendeu uma lição dolorosa sobre a santidade de Deus e as consequências da idolatria. Moisés continuou a interceder por eles, e Deus, em Sua misericórdia, não os abandonou, mas os guiou em sua jornada para a Terra Prometida. O bezerro de ouro tornou-se um símbolo eterno da fraqueza humana e da necessidade constante de arrependimento e fé no Deus verdadeiro.

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