**A Jornada de Fé e Humildade: Uma Narrativa Baseada em Marcos 10**
Era uma manhã ensolarada na região da Judeia, e Jesus, acompanhado por seus discípulos, seguia em direção a Jerusalém. A poeira do caminho levantava-se sob os pés dos viajantes, enquanto o Mestre ensinava com autoridade sobre o Reino de Deus. Multidões se aglomeravam ao seu redor, ansiosas por ouvir suas palavras e testemunhar seus milagres. Entre eles, havia fariseus, pessoas simples, mães com crianças e até homens ricos, todos atraídos pela fama de Jesus.
De repente, um grupo de fariseus se aproximou, com expressões calculistas. Eles queriam testar Jesus, tentando fazê-lo cair em contradição. Um deles, com um sorriso dissimulado, perguntou: “Mestre, é lícito ao homem divorciar-se de sua esposa?” Jesus, percebendo a intenção por trás da pergunta, respondeu com calma, mas firmeza: “O que Moisés vos ordenou?”
O fariseu, confiante, respondeu: “Moisés permitiu que o homem escrevesse uma certidão de divórcio e se separasse dela.” Jesus então olhou para ele com compaixão e disse: “Foi por causa da dureza dos vossos corações que Moisés vos permitiu isso. Mas, desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua esposa, e os dois se tornarão uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, não o separe o homem.”
Os fariseus ficaram em silêncio, surpresos com a profundidade da resposta. Enquanto isso, as crianças, que haviam sido trazidas por suas mães, começaram a se aproximar de Jesus. Os discípulos, pensando que as crianças atrapalhariam o Mestre, tentaram afastá-las. Mas Jesus, vendo isso, ficou indignado e disse: “Deixai vir a mim os pequeninos, não os impeçais, porque deles é o Reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, de modo algum entrará nele.”
E, com ternura, Jesus abraçou as crianças, impôs as mãos sobre elas e as abençoou. As mães, emocionadas, agradeciam a Deus por aquele momento tão especial.
Logo após, um homem jovem e rico, vestido com roupas finas, correu em direção a Jesus e ajoelhou-se diante dele. Ele tinha um olhar ansioso, como se buscasse algo que o dinheiro não podia comprar. “Bom Mestre”, ele começou, “o que devo fazer para herdar a vida eterna?” Jesus, olhando para ele com amor, respondeu: “Por que me chamas de bom? Ninguém é bom, senão um, que é Deus. Tu conheces os mandamentos: Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, não defraudarás ninguém, honra teu pai e tua mãe.”
O jovem, com orgulho, respondeu: “Mestre, tudo isso tenho guardado desde a minha juventude.” Jesus, então, fixou nele um olhar penetrante e disse: “Uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me.”
O rosto do jovem mudou instantaneamente. Ele ficou abatido, pois era dono de muitas propriedades. Com o coração pesado, ele se levantou e foi embora, triste, pois não estava disposto a abrir mão de suas riquezas.
Jesus, observando-o partir, virou-se para os discípulos e disse: “Quão dificilmente entrarão no Reino de Deus os que têm riquezas!” Os discípulos ficaram perplexos com essas palavras, mas Jesus continuou: “Filhinhos, quão difícil é entrar no Reino de Deus! É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus.”
Os discípulos, ainda mais assustados, perguntaram: “Então, quem pode ser salvo?” Jesus, olhando para eles com serenidade, respondeu: “Aos homens é impossível, mas não a Deus; porque para Deus todas as coisas são possíveis.”
Pedro, então, lembrando-se de tudo o que ele e os outros discípulos haviam deixado para seguir Jesus, disse: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos.” Jesus, com um sorriso reconfortante, respondeu: “Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do evangelho, que não receba, já no tempo presente, cem vezes mais, casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no século futuro, a vida eterna. Porém, muitos que são primeiros serão últimos, e os últimos serão primeiros.”
Enquanto Jesus e os discípulos continuavam sua jornada, subindo para Jerusalém, ele começou a falar sobre o que estava por vir. “Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos gentios; e o escarnecerão, cuspirão nele, açoitarão e o matarão. Mas, ao terceiro dia, ressuscitará.”
Tiago e João, os filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus com um pedido ousado. “Mestre”, disseram eles, “queremos que nos concedas o que te pedirmos.” Jesus, com paciência, perguntou: “O que quereis que eu vos faça?” Eles responderam: “Concede-nos que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda.”
Jesus, então, olhou para eles com seriedade e disse: “Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que eu bebo e ser batizados com o batismo com que eu sou batizado?” Eles, confiantes, responderam: “Podemos.” Jesus então lhes disse: “O cálice que eu bebo, bebereis, e com o batismo com que eu sou batizado, sereis batizados. Mas, quanto ao assentar-se à minha direita ou à minha esquerda, não me pertence concedê-lo; mas isso é para aqueles a quem está preparado.”
Os outros dez discípulos, ao ouvirem isso, ficaram indignados com Tiago e João. Jesus, percebendo a discórdia entre eles, chamou-os e disse: “Sabeis que os que são considerados governantes das nações dominam sobre elas, e os seus grandes exercem autoridade sobre elas. Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser ser grande, será vosso servo; e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.”
E assim, Jesus continuou a ensinar sobre humildade, serviço e o verdadeiro significado do discipulado. A jornada para Jerusalém era mais do que uma viagem física; era uma lição profunda sobre o custo de seguir a Cristo e a recompensa eterna que aguarda aqueles que O servem de todo o coração.