**A Profecia de Amós contra Israel**

Era uma época de grande prosperidade no reino de Israel, mas também de profunda injustiça e corrupção. O povo vivia em luxo, enquanto os pobres eram oprimidos. Os líderes, em vez de guiar o povo com justiça, usavam seu poder para enriquecer e explorar os mais vulneráveis. Foi nesse contexto que o profeta Amós, um humilde pastor de Tecoa, foi chamado por Deus para levar uma mensagem de juízo e arrependimento ao povo de Israel.

Amós começou sua profecia lembrando os pecados das nações vizinhas. Ele falou de Damasco, que havia esmagado os habitantes de Gileade com crueldade. Falou de Gaza, que havia vendido povos inteiros como escravos. Falou de Tiro, Edom, Amom e Moabe, cada um com seus próprios pecados gravíssimos. O povo de Israel ouvia essas palavras com certa satisfação, pois se consideravam superiores a essas nações pagãs. Mas então, Amós voltou sua atenção para Judá e, finalmente, para o próprio Israel.

— Assim diz o Senhor — começou Amós, com voz firme e solene —: Por três transgressões de Israel, e por quatro, não revogarei o castigo, porque vendem o justo por prata e o necessitado por um par de sandálias. Pisam a cabeça dos pobres como se fossem pó da terra e desviam o caminho dos humildes. Um homem e seu pai entram na mesma jovem, profanando o Meu santo nome. Deitam-se junto a qualquer altar sobre roupas que tomaram como penhor, e na casa do seu Deus bebem o vinho dos que foram multados.

A multidão ficou em silêncio, mas alguns começaram a murmurar, indignados. Como ousava esse pastor de ovelhas acusá-los de tais coisas? Mas Amós continuou, sua voz ecoando como um trovão:

— Eu os tirei da terra do Egito e os guiei por quarenta anos no deserto, para que possuíssem a terra dos amorreus. Eu levantei profetas entre vocês e nazireus, mas vocês deram vinho aos nazireus e ordenaram aos profetas que não profetizassem. Eis que Eu os esmagarei no lugar onde estão, como uma carroça cheia de feixes esmaga o chão. O mais ágil não conseguirá fugir, o mais forte não terá forças, e o mais valente não salvará a sua vida. O arqueiro não resistirá, o homem de pés ligeiros não escapará, e o cavaleiro não salvará a sua vida. Até o mais corajoso entre os valentes fugirá nu naquele dia — diz o Senhor.

As palavras de Amós eram como flechas afiadas, perfurando os corações endurecidos daqueles que ouviam. Ele descreveu um cenário de desespero e destruição, onde nem os mais fortes ou rápidos escapariam do juízo de Deus. A terra, outrora fértil e próspera, seria devastada. Os altares erguidos para ídolos seriam derrubados, e as casas luxuosas dos ricos seriam reduzidas a escombros.

Amós olhou para a multidão, seus olhos cheios de compaixão, mas também de firmeza. Ele sabia que sua mensagem era dura, mas era necessária. O povo havia se afastado de Deus, trocando Sua lei por suas próprias ambições e desejos. Eles haviam se tornado como as nações pagãs que desprezavam, e agora enfrentariam as consequências de seus pecados.

— Arrependam-se! — clamou Amós, com lágrimas nos olhos. — Voltem-se para o Senhor, enquanto ainda há tempo. Busquem o bem e não o mal, para que vivam. Assim o Senhor, o Deus dos Exércitos, estará com vocês, como vocês dizem que Ele está. Abominem o mal e amem o bem, e estabeleçam a justiça nos tribunais. Talvez o Senhor, o Deus dos Exércitos, tenha misericórdia do remanescente de José.

Mas muitos na multidão riram e viraram as costas para Amós. Eles não queriam ouvir sobre juízo e arrependimento. Preferiam continuar em seus caminhos de luxo e opressão. Amós ficou sozinho, mas não desanimou. Ele sabia que havia cumprido sua missão, e que as palavras que ele havia falado eram as palavras do próprio Deus.

E assim, o profeta Amós continuou a proclamar a mensagem de Deus, mesmo diante da rejeição e do desprezo. Suas palavras ecoaram por toda a terra de Israel, um aviso solene de que o juízo de Deus era iminente. E, embora muitos não tenham ouvido, aqueles que tinham ouvidos para ouvir começaram a se perguntar: “Será que ainda há esperança para nós?”

A resposta estava nas próprias palavras de Amós: “Busquem o Senhor e vivam.” Ainda havia tempo para o arrependimento, ainda havia tempo para voltar-se para Deus. Mas o tempo estava se esgotando, e o dia do juízo se aproximava rapidamente.