Bíblia em Contos

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Jó: Memórias de Bênçãos e Fé em Meio à Provação

Era uma vez, na terra de Uz, um homem chamado Jó, conhecido por sua integridade, temor a Deus e por se desviar do mal. Ele era um homem próspero, abençoado com uma grande família, rebanhos numerosos e servos fiéis. No entanto, Jó não era apenas rico em bens materiais; ele era rico em sabedoria, compaixão e justiça. Um dia, enquanto refletia sobre sua vida passada, Jó começou a relembrar os dias de outrora, quando a mão de Deus estava evidentemente sobre ele, e sua vida transbordava de bênçãos e significado.

Jó sentou-se à sombra de uma grande árvore, olhando para o horizonte, onde o sol dourado começava a se pôr, tingindo o céu de tons de laranja e roxo. Ele fechou os olhos e deixou que a memória o levasse de volta aos dias em que Deus o guardava com cuidado especial. “Ah, como eu gostaria que aqueles dias voltassem!”, pensou Jó. Ele começou a narrar, como se estivesse contando a história para alguém invisível, mas com um coração cheio de saudade e gratidão.

“Lembro-me dos dias em que Deus velava por mim, quando a sua lâmpada brilhava sobre a minha cabeça, e eu caminhava pela escuridão guiado pela sua luz. Naqueles dias, a minha prosperidade era abundante, e a mão do Senhor estava sobre tudo o que eu fazia. Eu tinha vigor na juventude, e o orvalho da noite repousava sobre os meus campos. Os meus passos eram banhados em leite, e as rochas derramavam rios de azeite para mim.”

Jó fez uma pausa, como se estivesse revivendo cada detalhe. Ele continuou: “Quando eu ia à porta da cidade e tomava o meu lugar na praça pública, os jovens me viam e se escondiam, e os idosos se levantavam e ficavam em pé. Os príncipes paravam de falar e punham a mão sobre a boca; a voz dos nobres se calava, e a língua deles se colava ao paladar. Quem me ouvia falar, dizia bem de mim; quem me via, dava testemunho a meu favor. Eu era como um pai para os necessitados, e investigava a causa de quem eu não conhecia. Quebrava os dentes do ímpio e dos seus queixos fazia cair a presa.”

Ele respirou fundo, sentindo o peso das memórias. “Eu dizia a mim mesmo: ‘Morrerei no meu ninho, e os meus dias serão tão numerosos como a areia do mar. As minhas raízes alcançam as águas, e o orvalho repousa sobre os meus ramos durante a noite. A minha glória sempre se renovava em mim, e o meu arco se fortalecia na minha mão.'”

Jó abriu os olhos e olhou para o céu, como se buscasse uma resposta ou um sinal de Deus. Ele continuou: “Os homens me ouviam e esperavam em silêncio o meu conselho. Depois que eu falava, eles não replicavam; as minhas palavras caíam sobre eles como orvalho suave. Esperavam por mim como se espera pela chuva e abriam a boca como pela chuva tardia. Se eu lhes sorria, eles mal podiam acreditar; a luz do meu rosto era preciosa para eles. Eu lhes mostrava o caminho certo e era como um líder entre eles, como um rei no meio do seu exército, como alguém que consola os que choram.”

Ele suspirou, sentindo uma mistura de alegria e tristeza. “Ah, como eu desejo que aqueles dias voltem! Mas agora, tudo mudou. A mão de Deus parece pesada sobre mim, e as minhas bênçãos se transformaram em provações. No entanto, eu sei que o Senhor é justo, e mesmo em meio a esta dor, eu confio nele. Ele sabe o que faz, e eu continuarei a buscá-lo, não importa o que aconteça.”

Jó levantou-se lentamente, apoiando-se em seu cajado. Ele olhou mais uma vez para o horizonte, onde as últimas luzes do dia desapareciam, dando lugar às primeiras estrelas da noite. Ele sabia que, embora sua vida tivesse mudado drasticamente, o caráter de Deus permanecia o mesmo. E, com um coração cheio de fé, Jó decidiu continuar a confiar no Senhor, mesmo sem entender completamente os seus caminhos.

E assim, Jó seguiu em frente, carregando consigo as memórias dos dias gloriosos, mas também a certeza de que Deus ainda estava no controle. Ele sabia que, no fim de tudo, a justiça e a misericórdia do Senhor prevaleceriam. E essa esperança era suficiente para mantê-lo firme, mesmo nas horas mais escuras.

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