Bíblia em Contos

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Ester Revela a Verdade e Salva o Povo Judeu

No palácio real de Susã, o ar estava carregado de tensão. O rei Assuero, também conhecido como Xerxes, estava sentado em seu trono, cercado por cortinas de púrpura e ouro, enquanto a rainha Ester, sua esposa, preparava-se para revelar um segredo que poderia mudar o destino de todo o povo judeu. Era o terceiro dia de um banquete que Ester havia organizado especialmente para o rei e seu principal conselheiro, Hamã. A mesa estava repleta de iguarias: carnes assadas, frutas frescas, pães quentes e taças de vinho que brilhavam à luz das tochas. Mas, apesar da opulência, o coração de Ester estava pesado.

Ester havia convocado coragem para se aproximar do rei, algo perigoso, pois ninguém podia comparecer diante do monarca sem ser chamado, sob pena de morte. No entanto, movida pela fé em Deus e pelo amor ao seu povo, ela arriscou tudo. Agora, no auge do banquete, ela decidiu revelar a verdade.

— Ó rei — começou Ester, sua voz suave, mas firme, ecoando pelo salão —, se eu achei graça aos teus olhos e se parecer bem ao rei, concede-me a minha vida, eis o meu pedido; e a vida do meu povo, eis o meu desejo.

O rei, surpreso com a seriedade de suas palavras, inclinou-se para frente, seus olhos fixos nela.

— Quem é ele, e onde está, aquele que ousou conceber tal coisa no seu coração? — perguntou o rei, sua voz carregada de indignação.

Ester respirou fundo, sentindo o peso do momento. Ela sabia que suas próximas palavras poderiam selar o destino de Hamã, o homem que havia tramado a destruição de seu povo. Com uma voz clara e cheia de determinação, ela respondeu:

— O adversário e inimigo é este perverso Hamã!

O rosto do rei contorceu-se de raiva. Ele se levantou abruptamente, derrubando a taça de vinho que estava sobre a mesa. O líquido escarlate se espalhou pelo chão de mármore, como um presságio do que estava por vir. Hamã, que até então estava sentado à mesa, desfrutando do banquete, sentiu o sangue gelar em suas veias. Ele olhou para Ester, depois para o rei, e finalmente para os guardas que já se moviam em sua direção.

— Como ousa tramar contra a rainha e contra o seu povo? — bradou o rei, sua voz ecoando pelas paredes do palácio.

Hamã tentou se defender, mas as palavras falharam. Ele caiu de joelhos diante de Ester, suplicando por misericórdia. No entanto, o rei, vendo aquela cena, interpretou como um ato de desrespeito ainda maior.

— Ele tenta violentar a rainha na minha própria presença! — exclamou o rei, sua voz tremendo de fúria.

Imediatamente, os guardas avançaram e prenderam Hamã. O mesmo homem que havia construído uma forca para enforcar Mardoqueu, o tio de Ester, agora via seu próprio destino selado. O rei ordenou que Hamã fosse enforcado na própria forca que ele havia preparado para Mardoqueu. A justiça divina estava sendo cumprida de maneira irônica e poderosa.

Enquanto Hamã era levado, Ester sentiu um alívio profundo, mas sabia que a batalha ainda não estava completamente vencida. O decreto de extermínio contra os judeus, assinado pelo próprio rei, ainda estava em vigor. Ela se ajoelhou diante do rei, suas lágrimas caindo sobre as mãos dele.

— Meu rei, peço-te que revogues o decreto que condena o meu povo à morte — suplicou ela, sua voz cheia de emoção.

O rei, tocado pela sinceridade e coragem de Ester, estendeu o cetro de ouro para ela, um gesto que significava que seu pedido seria atendido.

— Escrevei, pois, aos judeus, como vos parecer bem, em nome do rei, e selai-o com o anel do rei; porque o documento que se escreve em nome do rei e que se sela com o anel do rei não se pode revogar — ordenou ele.

Ester e Mardoqueu trabalharam rapidamente para redigir um novo decreto, concedendo aos judeus o direito de se defenderem contra qualquer um que tentasse prejudicá-los. O decreto foi enviado a todas as províncias do império, e os judeus, ao receberem a notícia, encheram-se de alegria e gratidão a Deus.

Naquela noite, enquanto as estrelas brilhavam sobre Susã, Ester olhou para o céu e orou em silêncio, agradecendo a Deus por Sua proteção e guia. Ela sabia que, embora o perigo ainda pairasse no horizonte, o Senhor estava no controle. E, com fé, ela confiou que o futuro de seu povo estava nas mãos do Deus Todo-Poderoso, que nunca abandona os que Nele confiam.

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