No coração do deserto, sob o vasto céu azul que se estendia como um manto sobre o acampamento de Israel, o povo de Deus aguardava com expectativa as instruções divinas. Moisés, o homem escolhido pelo Senhor para guiar Seu povo, subiu ao monte Sinai mais uma vez. Ali, ele recebeu de Deus as leis e os estatutos que moldariam a vida espiritual e comunitária dos israelitas. Entre essas instruções, havia um capítulo especial, o capítulo 23 de Levítico, que detalhava as festas sagradas que o Senhor havia estabelecido para Seu povo.
Era uma manhã fresca, e o ar carregava o perfume da terra úmida após uma leve chuva noturna. Moisés convocou os líderes das tribos e os sacerdotes para se reunirem diante da Tenda do Encontro. O sol começava a subir no horizonte, banhando o acampamento com uma luz dourada. Todos se reuniram em silêncio, sabendo que as palavras que seriam proferidas eram sagradas.
Moisés começou a falar, sua voz ecoando com autoridade e reverência: “Assim diz o Senhor: Estas são as festas fixas do Senhor, as santas convocações, que proclamareis ao seu tempo determinado.” Ele ergueu as mãos ao céu, como se convocasse a atenção de toda a criação. “A primeira festa é a Páscoa. No décimo quarto dia do primeiro mês, ao crepúsculo da tarde, celebrareis a Páscoa do Senhor. Nesse dia, cada família sacrificará um cordeiro sem defeito, assará sua carne e a comerá com pães ázimos e ervas amargas. Será um memorial da noite em que o Senhor passou sobre as casas de Israel no Egito, poupando os primogênitos de Seu povo.”
Os ouvintes se entreolharam, lembrando-se das histórias contadas por seus pais sobre a libertação do Egito. O cheiro do cordeiro assado parecia pairar no ar, mesmo que a festa ainda estivesse por vir. Moisés continuou: “Durante sete dias comereis pães ázimos. No primeiro dia, tereis uma santa convocação; nenhum trabalho servil fareis. Apresentareis ofertas queimadas ao Senhor durante sete dias. E no sétimo dia, haverá outra santa convocação.”
Ele fez uma pausa, permitindo que as palavras ecoassem nos corações. Então, prosseguiu: “Quando entrardes na terra que o Senhor vos dará e ceifardes a sua colheita, trareis um molho das primícias da vossa sega ao sacerdote. Ele o moverá perante o Senhor, para que sejais aceitos. No dia seguinte ao sábado, o sacerdote moverá o molho. E no mesmo dia em que moverdes o molho, oferecereis um cordeiro sem defeito, de um ano, em holocausto ao Senhor, juntamente com uma oferta de cereal e uma libação.”
Os olhos do povo brilhavam com entendimento. Eles sabiam que cada festa era uma oportunidade de se aproximar de Deus, de lembrar Sua fidelidade e de celebrar Sua provisão. Moisés então falou sobre a Festa das Semanas, também conhecida como Pentecostes: “Contareis cinquenta dias até o dia seguinte ao sétimo sábado; então, oferecereis nova oferta de cereal ao Senhor. Trareis de vossas habitações dois pães para serem movidos, feitos com dois décimos de um efa de farinha fina e fermentados. Eles serão as primícias ao Senhor. Além disso, oferecereis sete cordeiros sem defeito, um novilho e dois carneiros, juntamente com suas ofertas de cereal e libações, como aroma agradável ao Senhor.”
A descrição das ofertas e sacrifícios era detalhada, e cada palavra parecia carregar um peso sagrado. Moisés então falou sobre a Festa das Trombetas: “No primeiro dia do sétimo mês, tereis um descanso solene, um memorial com sonido de trombetas, uma santa convocação. Nenhum trabalho servil fareis, mas apresentareis uma oferta queimada ao Senhor.”
Ele prosseguiu com a descrição do Dia da Expiação, o dia mais solene do ano: “No décimo dia do sétimo mês, afligireis as vossas almas e não fareis trabalho algum. Será um dia de expiação por vossos pecados perante o Senhor. Qualquer pessoa que não se afligir nesse dia será eliminada do meio do seu povo. E qualquer trabalho que fizerdes, eu o destruirei do meio de vós.”
Finalmente, Moisés descreveu a Festa dos Tabernáculos: “No décimo quinto dia do sétimo mês, quando tiverdes colhido os frutos da terra, celebrareis a festa do Senhor por sete dias. No primeiro dia, haverá descanso solene, e no oitavo dia, outro descanso solene. No primeiro dia, tomareis frutos de árvores formosas, ramos de palmeiras, ramos de árvores frondosas e salgueiros de ribeiras, e vos alegrareis perante o Senhor, vosso Deus, por sete dias. Habitareis em tendas por sete dias, para que as vossas gerações saibam que eu fiz habitar os filhos de Israel em tendas, quando os tirei da terra do Egito.”
As palavras de Moisés ecoaram no coração do povo, enchendo-os de reverência e gratidão. Eles sabiam que essas festas não eram meras tradições, mas momentos sagrados para se encontrarem com Deus, para lembrar Sua bondade e para renovar seu compromisso com Ele. Cada festa era um convite para experimentar a presença do Senhor de uma maneira profunda e transformadora.
E assim, sob o céu aberto do deserto, o povo de Israel começou a se preparar para celebrar as festas do Senhor, sabendo que, em cada uma delas, estariam se encontrando com o Deus que os havia resgatado, sustentado e guiado com amor e fidelidade.