No coração da antiga cidade de Corinto, onde o mar Egeu beijava as margens da Grécia, o apóstolo Paulo se encontrava em uma pequena casa de pedra, cercado por um grupo de crentes fervorosos. O ar estava carregado de expectativa, pois Paulo havia recebido uma revelação profunda do Senhor, e seu coração ardia para compartilhá-la com aqueles que buscavam a verdade. Ele começou a falar, sua voz ecoando com uma mistura de autoridade e ternura.
“Amados irmãos,” começou Paulo, “sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus.” Ele fez uma pausa, permitindo que as palavras penetrassem nos corações. “Vejam, enquanto estamos neste corpo, gememos, oprimidos, porque não queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida.”
Paulo olhou ao redor, vendo os rostos atentos de seus ouvintes. Ele sabia que muitos deles enfrentavam tribulações e perseguições por causa de sua fé. “É por isso que andamos por fé, e não por vista,” continuou ele. “Porque sabemos que, enquanto habitamos neste corpo, estamos ausentes do Senhor. Mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor.”
Ele ergueu as mãos, como se tentasse alcançar o céu. “Por isso também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para lhe sermos agradáveis. Porque todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal.”
Paulo fez uma pausa, sentindo o peso das palavras que estava prestes a dizer. “Conhecendo, pois, o temor do Senhor, persuadimos os homens; mas, a Deus somos manifestos, e espero que também sejamos manifestos nas vossas consciências. Não nos recomendamos outra vez a vós, mas damo-vos ocasião de vos gloriardes por nossa causa, para que tenhais que responder aos que se gloriam na aparência, e não no coração.”
Ele olhou profundamente para os olhos de cada um, como se pudesse ver suas almas. “Porque, se enlouquecemos, é para Deus; e, se conservamos o juízo, é para vós. Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.”
Paulo sentiu uma lágrima escorrer pelo seu rosto. “De sorte que nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne, e, se antes conhecemos a Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo. Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.”
Ele abriu os braços, como se quisesse abraçar a todos. “E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação; isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.”
Paulo baixou a voz, quase num sussurro. “De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus. Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.”
Ele terminou sua fala, e um silêncio reverente encheu a sala. Os corações dos presentes estavam cheios de uma mistura de temor e alegria, pois haviam sido lembrados da grandiosa obra de reconciliação que Deus havia realizado através de Jesus Cristo. Eles sabiam que, embora seus corpos fossem frágeis e temporários, suas almas estavam seguras em Cristo, aguardando o dia em que seriam revestidos de imortalidade.
Paulo, vendo a fé e a esperança reacendidas nos olhos de seus irmãos, sorriu. Ele sabia que, enquanto estivessem firmes na fé, nada poderia separá-los do amor de Deus que está em Cristo Jesus, seu Senhor. E assim, naquela noite, sob o céu estrelado de Corinto, a comunidade de crentes foi fortalecida, pronta para continuar sua jornada de fé, sabendo que um dia estariam para sempre com o Senhor.