Bíblia em Contos

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A Jornada de Esdras: Fé e Restauração em Jerusalém

**A Jornada de Esdras e o Retorno a Jerusalém**

Era um tempo de restauração para o povo de Israel. Após décadas de exílio na Babilônia, o Senhor havia movido o coração do rei Artaxerxes, da Pérsia, a permitir que os judeus retornassem à sua terra natal. Entre aqueles que ansiavam por reconstruir a nação e restaurar a adoração ao Deus verdadeiro estava Esdras, um escriba dedicado e homem de profunda fé. Ele não era apenas um estudioso da Lei de Moisés, mas também um líder escolhido por Deus para guiar seu povo em um momento crucial.

Esdras havia recebido uma missão sagrada: levar consigo um grupo de judeus de volta a Jerusalém, juntamente com ofertas generosas do rei e de seus conselheiros para o templo do Senhor. Esses tesouros incluíam prata, ouro e utensílios sagrados que seriam usados no culto a Deus. No entanto, essa jornada não seria fácil. A estrada de cerca de 900 quilômetros entre a Babilônia e Jerusalém era perigosa, repleta de ladrões e obstáculos naturais. Esdras sabia que, sem a proteção divina, eles estariam à mercê de muitos perigos.

Antes de partir, Esdras reuniu os líderes das famílias que o acompanhariam. Ele os convocou a um lugar tranquilo, às margens do rio Aava, onde todos se reuniram em oração. O sol brilhava intensamente, refletindo nas águas calmas, enquanto Esdras erguia as mãos aos céus e clamava: “Ó Senhor, Deus de nossos pais, tu és o Deus que está nos céus e governa sobre todos os reinos da terra. Tu és poderoso e fiel, e manténs a tua aliança com aqueles que te amam e guardam os teus mandamentos. Concede-nos, pois, a tua proteção nesta jornada, pois confiamos em ti e não em cavalos ou carruagens.”

Esdras havia decidido não pedir uma escolta armada ao rei, pois havia declarado publicamente que confiava no poder de Deus para protegê-los. Ele sabia que, se pedisse soldados, estaria dando a entender que o Senhor não era suficiente. Essa decisão exigia fé, e ele estava determinado a honrar a Deus em cada passo.

Após três dias de preparação, o grupo partiu. Eram cerca de 1.500 homens, além de mulheres e crianças. As caravanas estavam carregadas com os tesouros do templo, e o coração de cada um estava cheio de expectativa e temor. Esdras caminhava à frente, carregando consigo um rolo da Lei, que ele lia e ensinava ao povo durante as paradas. As noites eram frias, e o céu estrelado servia como um lembrete da promessa de Deus a Abraão: “Olhe para as estrelas e conte-as, se puder. Assim será a tua descendência.”

Durante a viagem, Esdras percebeu que algo estava faltando. Ele notou que nenhum dos levitas, os responsáveis pelo serviço no templo, havia se juntado ao grupo. Isso o preocupou, pois os levitas eram essenciais para o culto e a administração das ofertas sagradas. Ele então enviou mensageiros a um grupo de levitas e servos do templo, convidando-os a se unirem à jornada. Felizmente, alguns atenderam ao chamado, incluindo Serebias, um homem sábio e dedicado, e seus filhos.

À medida que avançavam, o terreno se tornava mais acidentado. Montanhas íngremes e vales profundos testavam a resistência do grupo. Em um determinado momento, eles chegaram a uma região desértica, onde a água era escassa. O sol escaldante parecia derreter a areia sob seus pés, e muitos começaram a sentir sede. Esdras, vendo o desespero no rosto das pessoas, reuniu todos para orar. Ele clamou: “Senhor, tu és a fonte de toda água viva. Assim como fizeste brotar água da rocha para os nossos antepassados no deserto, suplicamos que nos sustentes nesta hora de necessidade.” Milagrosamente, logo após a oração, encontraram um pequeno oásis onde puderam descansar e se reabastecer.

Finalmente, após meses de viagem, o grupo avistou as muralhas de Jerusalém ao longe. A cidade, ainda em reconstrução, era um símbolo de esperança e renovação. Ao entrarem pelos portões, foram recebidos com alegria pelos que já haviam retornado antes. Esdras imediatamente se dirigiu ao templo, onde entregou as ofertas ao sacerdote Eleazar. A prata, o ouro e os utensílios foram cuidadosamente contados e pesados, garantindo que nada fosse perdido ou desviado. Esdras sabia que cada item era sagrado e pertencia ao Senhor.

Com o coração cheio de gratidão, Esdras reuniu o povo para um culto de ação de graças. Ele leu a Lei de Moisés em voz alta, explicando cada passagem para que todos entendessem. As pessoas choravam ao ouvir as palavras de Deus, arrependendo-se de seus pecados e renovando seu compromisso com o Senhor. Esdras os encorajou, dizendo: “Não se entristeçam, pois a alegria do Senhor é a nossa força. Hoje é um dia santo, dedicado ao nosso Deus. Vamos celebrar com festa e compartilhar o que temos com aqueles que não têm.”

Assim, a jornada de Esdras chegou ao seu clímax. Ele havia liderado o povo com sabedoria e fé, confiando em Deus em cada momento. A restauração de Jerusalém não era apenas física, mas também espiritual. O povo estava aprendendo a confiar no Senhor novamente, a guardar seus mandamentos e a viver em comunhão uns com os outros. E Esdras, o escriba fiel, continuaria a ensinar e guiar o povo, sempre apontando para a fidelidade de Deus e a esperança de um futuro glorioso.

E assim, a mão de Deus estava sobre Esdras e seu povo, cumprindo as promessas feitas a Israel desde os dias de Abraão. A jornada havia sido longa e difícil, mas cada passo valera a pena, pois o Senhor os havia conduzido em segurança para cumprir o seu propósito.

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